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Estado de Minas RECORDE

Total de refugiados no mundo � recorde e supera 110 milh�es de pessoas

Dados da Acnur foram divulgados nessa quarta-feira (14/6). N�mero mais que dobrou na compara��o com o cen�rio de 2013


15/06/2023 17:09 - atualizado 15/06/2023 17:09
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Refugiados
Crian�as representam 40% dos refugiados (foto: Rovena Rosa/Ag�ncia Brasil)
O total de pessoas em todo o mundo que tiveram que fazer deslocamentos for�ados – seja por guerras, persegui��es ou para fugir de viola��es de direitos humanos – era de 108,4 milh�es ao final de 2022. Hoje, o n�mero recorde supera os 110 milh�es. Proporcionalmente, 1 em cada 74 pessoas foi obrigada a deixar seu lar, pelas raz�es como as citadas.

Os dados s�o do relat�rio Tend�ncias Globais, divulgado hoje (14) pelo Alto Comissariado das Na��es Unidas para Refugiados (Acnur) e indicam que o n�mero mais que dobrou na compara��o com o cen�rio de 2013, quando 51 milh�es de pessoas se encontravam nessa condi��o.

Da parcela registrada ao final do ano passado, a maioria era de deslocados internos (dentro do pr�prio pa�s), 62,5 milh�es. O relat�rio indica ainda que 5,7 milh�es de pessoas nessa situa��o conseguiram retornar a suas casas, em 2022. O deslocamento interno � um fen�meno que ocorre em pa�ses como o Congo, por exemplo. 

Outros agrupamentos que compuseram a conta do Acnur eram os 35,3 milh�es de refugiados, os 5,4 milh�es de solicitantes de asilo e, ainda, os 5,2 milh�es de pessoas com necessidade de prote��o internacional. Um conjunto de apenas tr�s pa�ses concentra 67% dos refugiados: a S�ria (6,5 milh�es), o Afeganist�o e a Venezuela (5,2 milh�es cada).

Outro dado diz respeito � vulnerabilidade de crian�as no contexto do deslocamento for�ado. Elas representam 40% dos deslocados, embora sejam somente 30% da popula��o mundial.
 
O relat�rio colabora para derrubar parte importante do imagin�rio sobre as v�timas de deslocamento for�ado que, supostamente, iriam para pa�ses mais ricos. Conforme o levantamento, o que se constata � que 70% deixam suas caras e v�o viver em pa�ses vizinhos ao de origem, sendo a Turquia, o Ir�, a Col�mbia e a Alemanha os principais pa�ses de destino. A maioria fixa resid�ncia em pa�ses de baixa e m�dia renda.

"� um pouco um mito que a maioria dos refugiados vai para ocidente ou para o norte. A maioria fica na regi�o de origem ou em pa�ses vizinhos", observa o representante do Acnur no Brasil, Davide Torzilli.

Refugiados

O Acnur destaca nesta edi��o do relat�rio que o ano passado teve alta de 35% na quantidade de refugiados, na compara��o com 2021. Cerca de 5 milh�es de pessoas conseguiram status de refugiadas, em 2022, e, atualmente, 5,4 milh�es ainda aguardam a decis�o sobre o pedido de reconhecimento dessa condi��o. No ano passado, o n�mero de pedidos do tipo aumentou 35% em rela��o ao ano anterior (2021), passando de 1,7 milh�es para 2,6 milh�es.

 

O representante da ag�ncia no Brasil atribui o crescimento a conflitos e guerras, al�m do impacto da abertura das fronteiras, depois da pandemia de covid-19, diz Torzilli, para quem � necess�rio que se pense em pol�ticas p�blicas para os pa�ses que fazem as acolhidas.

 

O Acnur calcula ainda que 339,3 mil pessoas voltaram a seus pa�ses de origem em 2022 e, para cada pessoa que voltou, outras 22 se tornaram refugiadas. Atualmente, 1,5 milh�o de pessoas refugiadas precisam ser reassentadas, o que indica que esse tipo de demanda sofreu um incremento de 99%, em rela��o a 2021.

 

 

A presidenta do Comit� Nacional para os Refugiados (Conare), Sheila de Carvalho, defende que pol�ticas p�blicas devem ser formuladas combinando fatores como acesso humanit�rio, seguran�a dos deslocados e a��es de integra��o socioecon�mica.

 

Segundo ela, o Brasil tem, atualmente, a maior fila da hist�ria de pedidos de reconhecimento da condi��o de refugiado. "Quase 100 mil j� foram analisados, mas, a cada m�s, ingressam outros 5 mil."

 

Um dos aspectos que devem ser levados em conta, para Sheila, � a multiplicidade de perfis das pessoas em deslocamento for�ado: 

"A gente est� falando de diferentes trajet�rias, que podem, sim, contribuir para a forma��o e o desenvolvimento desse pa�s. E a gente, ao n�o possibilitar esse acesso, est� limitando nosso crescimento enquanto na��o."

 

Para a presidenta do Conare, os n�meros em todo o mundo devem subir: "os n�meros n�o v�o se reduzir. A tend�ncia � de que esses deslocamentos aumentem, de que os conflitos aumentem. Eu costumo brincar que a gente n�o sabe de onde vai vir esse fluxo, mas sabe que vai vir.".

 

Problemas sem solu��o

Dados do Perfil Socioecon�mico dos Refugiados no Brasil, divulgado em 2019, pelo Acnur, em conjunto com a Universidade de Bras�lia e a C�tedra S�rgio Vieira de Mello mostram que a maioria dos refugiados tem n�vel superior ou at� chegou a cursar uma p�s-gradua��o. Contudo, a dificuldade para revalidar seus diplomas universit�rios no pa�s continua sendo um obst�culo para arranjar um emprego alinhado � sua �rea de forma��o e, consequentemente, ter um sal�rio mais alto.

 

A mo�ambicana e ativista de direitos humanos Lara Lopes foi v�tima desse gargalo que ainda exige aten��o e provid�ncias do poder p�blico. Ela chegou h� 20 anos ao Brasil, em 2003, destino que escolhido depois de assistir a uma novela. Lara conta que enfrentou dificuldades para validar seu diploma de Tecnologia da Informa��o e teve que desistir disso, precisando completar um novo ciclo de forma��o. Ap�s ter sua trajet�ria da universidade descartada, chegou a trabalhar como camareira, fun��o abaixo de seu n�vel de ensino: "percebi que precisava estudar de novo. E estudei."

 

"Infelizmente, n�s refugiados encontramos certas dificuldades, por conta do estigma dessa palavra. As pessoas t�m uma percep��o bastante complexa em rela��o a isso, aos motivos que fazem com que as pessoas se tornem refugiadas. Nunca sofri preconceito pela minha orienta��o sexual, mas sim pelo motivo que me trouxe ao Brasil, por essa palavra. Por mais que voc� tente explicar, a pessoa se recusa a aceitar."

 

Apesar de tudo, Lara comemora o fato de poder exercer livremente sua orienta��o sexual no Brasil, juntamente com outros conterr�neos do continente africano presentes na Parada do Orgulho LGBT, em S�o Paulo, no final de semana passado. "Mo�ambique n�o tem uma lei que criminalize, mas tamb�m n�o tem pol�ticas que protejam."

 

 

Com a venezuelana Francis Salazar aconteceu praticamente o mesmo. Formada em direito e administra��o de empresas, ela trabalhou, inicialmente, como dom�stica e em restaurantes no Brasil, onde chegou h� cinco anos. Ela conta que assumiu o cargo de vigia e, ap�s seis meses, foi promovida para secret�ria. Teve o desempenho reconhecido novamente, tornou-se a profissional respons�vel pela gest�o de um pr�dio e hoje trabalha com accountability. 

 

M�e solo, Francis deixou dois filhos para tr�s, que agora est�o aqui. Ela faz um apelo aos cidad�os de pa�ses que costumam receber refugiados para melhorarem sua percep��o sobre eles, porque quem est� nessa condi��o geralmente trabalha com uma disposi��o e dedica��o fora do comum: "somos o suporte da casa, completo."

 

J� Omid Ahmad Khalid � exce��o, quando se pensa em aproveitamento de habilidades. Ele � refugiado do Afeganist�o e buscou acolhimento no Brasil com sua esposa e seu filho h� cerca de nove meses. O casal atua, hoje, como mediador cultural do Acnur. Omid � formado em administra��o de empresas e poliglota, dominando sete idiomas. 

 

Essa n�o foi a primeira vez que Khalid teve que deixar seu pa�s, por causa da guerra. Ele se recorda de que, quando era crian�a, teve que se mudar, com familiares, para o Ir�. "A gente teve bastante problemas l�. Mas, aqui no Brasil, agora, n�o tem nenhum", diz.  


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