(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas DESAFIOS

Menores transg�nero e o desafio de crescer no Brasil

Seguno o levantamento feito pela Rede Nacional de Pessoas Trans, o Brasil � o pa�s com masi mortes violentas deste grupo


28/06/2023 16:08
1156

Thamirys Nunes
Thamirys Nunes, integrante da ONG 'Minha Crian�a Trans' (foto: Nelson Almeida/AFP)
"M�e, eu posso morrer hoje para nascer menina amanh�?". Agatha tinha quase quatro anos quando disse a Thamirys Nunes que n�o queria ser menino.

 

Sua m�e, de 33 anos, soube ent�o que teria pela frente um longo caminho de obst�culos no pa�s com maior n�mero de homic�dios de pessoas trans no mundo e com poucos centros de assist�ncia p�blica para menores inconformados com seu g�nero de nascimento.

 

"Desde pequenininha, ela demonstrava um desconforto com o g�nero masculino, atribu�do no nascimento", queria brincar com bonecas e usar argolas, conta � AFP Thamirys, moradora de S�o Paulo.

 

"Os esfor�os para refor�ar o masculino s� ofendiam, magoavam. Por isso permitimos" que se identificasse socialmente como menina e mudasse de nome, acrescenta.

 

 

No Brasil, as cirurgias de mudan�a de sexo s� s�o permitidas a partir dos 18 anos. � que a "incongru�ncia ou disforia de g�nero" entre menores � um tema delicado, que causa pol�mica em muitos pa�ses por causa da tenra idade.

 

Hoje com oito anos, cabelos longos presos com prendedor rosa e vestido da mesma cor, Agatha aparece sorridente no fundo de tela do celular da m�e.

 

"N�o era um sonho ter uma crian�a trans... Duvidei muito", admite Thamirys, que precisou enfrentar os pr�prios preconceitos, mas sobretudo, o medo do meio.

 

O Brasil � o pa�s com mais mortes violentas de pessoas trans, com 118 em 2022 ou 29% do total mundial, segundo a Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil.

 

 "Contar com a sorte"

A esta circunst�ncia se soma uma progress�o do conservadorismo no pa�s durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), defensor da fam�lia tradicional, reafirmada pela ampla maioria de direita eleita no ano passado para o Congresso.

 

 "Toda vez que a minha filha passa pela porta, fico insegura, tenho medo que digam que ela � uma aberra��o, que a agridam ou excluam. E fico muito grata toda vez que ela volta porque sei que isso � um privil�gio", diz a m�e, com a voz embargada.

 

Transformada em ativista dos direitos de crian�as e adolescentes trans, ela fundou em 2022 a ONG Minha Crian�a Trans, que tem quase 600 membros.

 

"� um absurdo o Estado n�o ter nenhum mecanismo de prote��o para nossos filhos e tantas crian�as e adolescentes trans que est�o na nossa sociedade, sendo violados, vitimizados. Nosso maior interesse � ter pol�ticas p�blicas porque hoje uma crian�a ou adolescente trans no Brasil tem que contar com a sorte", diz.

 

Para Aline Melo, membro da organiza��o, o Brasil "viveu um per�odo de muito retrocesso nos �ltimos anos".

 

 "Meu filho, Luiz Guilherme, um adolescente trans de 14 anos, tem orgulho de ser quem �, mas sabe que da porta pra fora nem sempre pode" se expor livremente, lamenta.

 

Uma nova identidade

Celeste Armbrust lembra ter chegado ao sal�o com a cabe�a coberta e o olhar baixo. Depois do trabalho do cabeleireiro, recorda que seus olhos se iluminaram ao ver no espelho os cabelos castanhos com mechas vermelhas.

 

"Finalmente me senti como eu mesma, livre de fato", conta � AFP a jovem transg�nero de 17 anos em seu quarto, onde carrinhos e acess�rios femininos convivem lado a lado.

 

Celeste iniciou a terapia hormonal aos 16 anos, idade autorizada por uma norma do Conselho Federal de Medicina em 2020 e revelou sua nova identidade na escola, motivando outros a fazerem o mesmo.

 

Mas, admite que lhe falta essa "coragem" para sair desacompanhada.

 

"Ela evita estar sozinha por medo de ser apontada e sofrer alguma coisa", diz a m�e dela, Claudia Armbrust.

 

Expulsos de casa 

No Brasil, com 214 milh�es de habitantes, h� apenas cinco centros p�blicos de atendimento a crian�as e adolescentes para quest�es de identidade e g�nero.

 

O do Hospital das Cl�nicas da Universidade de S�o Paulo acompanha quase 400, cerca de uma centena entre os 4 e os 12 anos, e tem uma longa fila de espera.

 

Em casos de "incongru�ncia de g�nero", as crian�as s�o acompanhadas em sua "transi��o social"; aqueles na puberdade podem "bloquear" o processo, ou seja, frear as mudan�as como a menstrua��o nas meninas e a penugem facial nos meninos; e alguns maiores de 16 anos recebem tratamentos hormonais.

 

Agatha e Luiz Guilherme frequentam o centro na capital paulista, como Celeste fez no passado.

 

 

Ali, "sentem-se compreendidos e acompanhados nessa descoberta", explica Larissa Todorov, psic�loga no ambulat�rio paulistano.

 

Mas poucos t�m acesso a esta assist�ncia, que conta com poucos recursos.

 

Carolina Iara, de 30 anos, deputada estadual intersexo em S�o Paulo (PSOL-SP), destaca, apesar de tudo, alguns avan�os em rela��o � sua gera��o.

 

No entanto, "a gente ainda tem essa dificuldade do b�sico. Esses adolescentes trans, principalmente essas adolescentes trans e travestis, s�o expulsas de casa com 13 ou 14 anos e v�o parar na prostitui��o", adverte.

 

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)