
Carinhosamente apelidado por Igor de ‘sci-fi da ro�a’, o filme � o primeiro longa-metragem de anima��o produzido no interior de Minas Gerais e o segundo quando se trata do estado de Minas. Ao todo, foram mais de 250 profissionais envolvidos ao longo de quatro anos e meio, nas cidades de Divin�polis e Nova Serrana.
O filme se passa em Minas Gerais, mais especificamente, em Divin�polis. Nadi � uma androide com cidadania que ganha o direito de adotar duas crian�as, David e Lina. No entanto, Asafe, um pol�tico e digital influencer sensacionalista, cria diversas pol�micas sobre o caso com o intuito de gerar popularidade para sua candidatura a presidente do Senado. Em meio a tudo, um mal-entendido leva David a fugir e viver aventuras – consequentemente, Nadi deve decidir entre manter a sua cidadania ou avisar a fuga
�s autoridades.
Nadi foi inspirada em Sophia, a primeira rob� a receber cidadania, em 2017, na Ar�bia Saudita: “Comecei a me questionar sobre o que era ser um cidad�o. Cheguei � conclus�o, at� um pouco simpl�ria da minha parte, que cidadania seria cuidar do outro”.
Inicialmente, apenas uma crian�a seria adotada, entretanto, ao pesquisar mais sobre o assunto, Bastos percebeu um padr�o: irm�os, mais velhos e negros s�o aqueles com menos chances de serem adotados.
Segundo o Observat�rio do 3º Setor, que fez uma pesquisa apurando dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justi�a (CNJ), 26,1% dos candidatos a adotantes desejam crian�as brancas, 58% querem crian�as at� 4 anos, 61,5% n�o aceitam adotar irm�os e 57,7% preferem crian�as sem nenhuma doen�a. Quando se trata de crian�as um pouco mais velhas, apenas 4,52% das pessoas aceitam adotar maiores de 8 anos.
Nadi, a carism�tica androide, �, na verdade, uma met�fora: “Ela � qualquer fam�lia que � reprimida. Acho legal que cada pessoa enxergue na Nadi uma fam�lia diferente. Por exemplo, j� tive relatos de mulheres negras que falaram ‘P�, � claro que � uma m�e solo negra’, e a� um casal LGBT, fala ‘� l�gico que � um casal LGBT’. O exerc�cio do filme � um pouco isso mesmo, de refletir sobre como as nossas percep��es de fam�lia t�m mudado”, relatou o cineasta.
‘Qualquer maneira de amor vale amar’
Frango com quiabo, p�o de queijo e truco: o filme � recheado de ‘mineiridades’, inclusive, em sua trilha sonora. Uma m�sica recorrente no filme � ‘Paula e Bebeto’, de Milton Nascimento: “Essa � a mensagem principal do filme, que qualquer maneira de amor vale a pena. David e Lina s� querem viver a vida deles, como qualquer crian�a. O mais importante � a rela��o ‘olho no olho’, � ter carinho, o resto � detalhe. Acho que essa m�sica � especial por representar bem isso”, disse Igor.
De Minas Gerais para o mundo
A anima��o est� selecionada para a 24ª Semana Internacional do Cine Fant�stico de Costa del Sol, na Espanha e para o 4º Festival Infantil Tejiendo Cine, no Equador.
Al�m disso, concorre na 14ª edi��o do Festival Internacional de Cine con Valores (FIC Valores), do M�xico, a Melhor Filme; no Lisboa Indie Film Festival (LISBIFF), de Portugal, a Melhor Diretor e Melhor Filme; e no New York International Film Awards (NYIFA), dos Estados Unidos, a Melhor Filme e Melhor Roteiro.
Segundo Igor, levar o filme para festivais internacionais foi ‘muito prazeroso’, mas tamb�m ‘inesperado’: “Quando come�amos Placa-M�e, n�o esper�vamos que a anima��o fosse ganhar o mundo nessa velocidade ou que ir�amos concorrer com live-actions e document�rios. Foi uma surpresa muito boa. Estamos felizes em dar visibilidade ao nosso trabalho”, completa o cineasta.
Preocupa��o com a igualdade que vai al�m das telas
Segundo Igor Bastos, houve uma enorme preocupa��o em pagar os homens e mulheres envolvidos no filme de forma igualit�ria. As dubladoras tiveram seus cach�s aumentados para receberem o mesmo que os dubladores homens, que propuseram cach�s n�o negoci�veis de maior valor.
A presen�a de mulheres em cargos-chave da produ��o do longa tamb�m foi uma grande preocupa��o do cineasta. Os cargos de Controller e Dire��o de Arte foram atribu�dos a mulheres, assim como o Storyboard, que duas das tr�s pessoas envolvidas eram mulheres.
A anima��o tamb�m foi majoritariamente feminina: dos 15 envolvidos, 10 eram mulheres.