
Segundo Haddad, o enredo vem sendo maturado ao longo desse tempo, desde que conheceram o livro Meu Destino � Ser On�a, do escritor Alberto Mussa. A escolha s� ocorreu ap�s uma conversa com o autor para que em 2024 fosse a hist�ria a ser contada pela agremia��o no Samb�dromo.
Para Haddad, � natural que carnavalescos tenham ideias de enredos que s� ser�o desenvolvidos pelas escolas um tempo depois.
“Isso acontece com todos os carnavalescos, todo mundo tem a sua caixinha, ou sua gaveta, com enredos que a gente vai guardando e entendendo o melhor momento. N�s j� passamos pela Cubango [escola de Niter�i], chegamos na Grande Rio e a� fomos entendendo o momento de cada enredo na escola. A Grande Rio � uma escola que j� cantou diversas vezes temas ligados aos povos ind�genas, e a gente achou importante agora trazer esse desenvolvimento para a escola”, afirmou em entrevista � Ag�ncia Brasil.
“Isso acontece com todos os carnavalescos, todo mundo tem a sua caixinha, ou sua gaveta, com enredos que a gente vai guardando e entendendo o melhor momento. N�s j� passamos pela Cubango [escola de Niter�i], chegamos na Grande Rio e a� fomos entendendo o momento de cada enredo na escola. A Grande Rio � uma escola que j� cantou diversas vezes temas ligados aos povos ind�genas, e a gente achou importante agora trazer esse desenvolvimento para a escola”, afirmou em entrevista � Ag�ncia Brasil.
“A on�a guia todo o enredo. A gente come�a com o mito tupinamb� de cria��o do mundo, que est� presente no livro e, a partir da�, amplia para mostrar um pouco mais de Brasil. Na verdade, para os tupinamb�, a on�a tem um significado muito importante, porque � a criadora do mundo. � o pr�prio velho que cria o mundo. Para os tupinamb�, a pessoa se transformar e se sentir on�a � ser o paj�, o xam� mais poderoso daquela regi�o”, disse Haddad. Segundo ele, a partir deste princ�pio, ser�o mostrados tamb�m os deuses dos astecas, maias e incas e, no Brasil, o paj�-on�a do povo baniwa [na fronteira com a Col�mbia e a Venezuela] que � o considerado de maior espiritualidade.
A Grande Rio vai levar ainda para a avenida rituais de cura para alguns povos ind�genas, de ca�a, de xamanismo, que traduzem maior desenvolvimento espiritual, de encantarias do Nordeste e do Norte do Brasil, pajelan�a, hist�rias de povos ribeirinhos. “Vai contar o in�cio do mundo por interm�dio da on�a, e agora a on�a, na contemporaneidade, expressa um poder de luta, de for�a muito grande. A on�a hoje � s�mbolo de algumas associa��es de travestis, s�mbolo de pinturas para ressignificar a ideia de selvagem. A for�a que a on�a traz, enquanto animal, � tamb�m um s�mbolo de luta hoje em dia para os povos ind�genas”, acrescentou Haddad.
O carnavalesco disse que a on�a aparece no Brasil atual nas lutas como a de demarca��o das terras ind�genas e pela valoriza��o do povo LGBTQIA+. “S�o essas frentes que precisam estar unidas que vamos trazer no final do nosso desfile”.
Haddad disse que o escritor Alberto Mussa, autor do livro que deu origem ao enredo da Grande Rio, ficou feliz ao receber essa not�cia e est� acompanhando de perto tudo que est� sendo desenvolvido. "A gente tem se encontrado, e ele entende o que a gente vai trazer al�m do livro. Est� sendo uma experi�ncia muito bacana”, afirmou Haddad, que tem esperan�a de que Mussa desfile com a escola.
Ordem � empolgar o p�blico
A verde, vermelho e branco de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quer envolver o p�blico na Marqu�s de Sapuca�, como fez em 2022, quando com o enredo Fala, Majet�! Sete Chaves de Exu, foi campe� pela primeira vez no Grupo Especial das escolas de samba do Rio.
“� um enredo desafiador, porque ele n�o come�a h� 500 anos, mas h� 11 mil, 22 mil anos, o que, no tempo m�tico, nos leva a essa simbologia da on�a. Essa for�a da on�a encantada, entidade, divindade, que vai devorando culturas, que vai devorando todos n�s. � mais um enredo que vai propor, de maneira po�tica, esse debate na avenida sobre quem � o brasileiro, quem somos n�s aqui nessa terra ind�gena, que � t�o m�ltipla. Acredito que o p�blico vai se identificar bastante, porque o signo on�a est� presente no nosso dia a dia. O p�blico, com certeza, vai se surpreender mais uma vez com a escola de Caxias”, disse Leonardo Bora � Ag�ncia Brasil.
A Grande Rio vai brigar pelo t�tulo, afirmou o carnavalesco, ao lembrar que os componentes ganham f�lego extra por a escola ter sido campe� recentemente e, por isso, querer ficar em primeiro lugar mais uma vez. "Ganha um desejo a mais de continuar esse grande sonho coletivo, que foi a conquista do campeonato com o enredo sobre Exu.”
Samba
Os sambas inscritos ser�o recebidos pela escola no dia 24 deste m�s, e as quatro eliminat�rias da disputa na quadra est�o marcada para os dias 12, 19 e 30 de setembro e a final, em 7 de outubro. Pelo que tem notado at� agora, Leonardo Bora diz que os compositores est�o seguindo bem na linha do que ele e o Gabriel queriam para a escola.
“Sim. � um enredo muito vasto, que tem esse teor lend�rio e essa narrativa que passa por diferentes vis�es de Brasil e de mundo. As parcerias est�o viajando nisso, e mais uma vez tenho certeza de que vamos ter uma safra marcada pela diversidade, o que, para a gente, � muito importante”, completou, destacando que � a diversidade que vai tornar a disputa t�o rica.
Barrac�o
As alegorias de 2023 foram desmontadas e as ferragens de tr�s j� come�aram. Os carnavalescos est�o na fase de desenho dos prot�tipos das fantasias. De acordo com Haddad este tem sido um ano em que a dupla est� conseguindo adiantar o trabalho. “O carnaval � no in�cio de fevereiro, a gente n�o pode dar mole”, completou.
Salgueiro
Outra escola tradicional, Salgueiro, quer fazer em 2024 um alerta em defesa da Amaz�nia e em particular dos Yanomami, que sofrem efeitos da a��o de garimpeiros na sua regi�o. A escola vai levar para a avenida o enredo Hutukara, que significa a floresta constru�da dos yanomami. Apesar das atrocidades sofridas pela etnia terem sido divulgadas com maior destaque mais recentemente, o carnavalesco Edson Pereira, autor do projeto do carnaval do ano que vem, disse que a escolha do enredo n�o se deu por causa da situa��o atual da etnia.
Foi um acaso mesmo, porque eu comecei a trabalhar esse enredo em setembro do ano passado e a�, j� em dezembro, come�ou essa quest�o que veio aflorar na m�dia. Era um enredo pertinente bem antes disso”, ressaltou o carnavalesco, em entrevista � Ag�ncia Brasil.
Edson revelou que o enredo � baseado no livro A Queda do C�u, de Davi Kopenawa, xam� e l�der pol�tico do povo yanomami, para mostrar “o quanto � necess�rio entender que, antes do Brasil ser imp�rio, antes de existir a coroa, j� existia o cocar”, que � o ponto de partida do que a escola vai apresentar na avenida.
“Temos uma d�vida com os povos origin�rios, n�o � s� com os yanomami. Claro, a gente tem uma d�vida com os yanomami, mas a gente fala tamb�m de todos os povos origin�rios do Brasil. Esses povos lutam por uma causa n�o s� de subsist�ncia. Eles falam que n�o comem o que a gente acha ser o mais precioso, que � o ouro, o diamante, as pedras preciosas, os min�rios. Eles n�o sobrevivem disso e, sim, da natureza e lutam pela preserva��o dessa natureza”, contou, acrescentando, que, por isso, o Brasil passou a ser o foco do mundo.
Mas o Salgueiro n�o vai ficar apenas na parte das dificuldades do povo yanomami, vai mostrar tamb�m o lado positivo da etnia. “� at� um pedido do Davi Kopenawa e do Instituto Moreira Salles: que a gente mostre mais essa parte feliz, do que essa parte agressiva deles, que tentam passar, e n�o � verdade. Tamb�m a parte do lamento n�o cabe no carnaval, mas � necess�ria como um alerta. A gente vai ter, sim, esse alerta, mas sem a quest�o da dor e do lamento. Vamos mostrar uma realidade muito pertinente”, adiantou.
“Os povos origin�rios querem ser representados, mas com felicidade tamb�m”, acrescentou.
De acordo com Edson, a comunidade salgueirense recebeu muito bem o enredo, at� porque faz tempo que a escola n�o fala sobre ind�genas. “O Salgueiro � conhecido como uma escola ligada aos temas de origem africana, mas a gente quer dar uma cambalhota em tudo isso, quer virar esse jogo."
"O Salgueiro, enquanto escola de samba, tem obriga��o de falar em todas as culturas a que a gente tem acesso. A comunidade est� muito feliz”, observou.
Samba
Com base a sinopse escrita pelo 'enredista' Igor Ricardo, um texto explicativo do enredo divulgado pelas escolas, os compositores est�o na fase de cria��o de sambas, que v�o come�ar a ser selecionados em disputa na quadra em agosto.
“Provavelmente teremos mais de 30 sambas [concorrendo]. Teremos um grande problema, porque j� vimos obras lindas. � um problema bom de se passar. A gente est� muito feliz porque eles entenderam muito bem a proposta que queremos passar com este enredo. Acreditamos que � o caminho certo”, afirmou Edson, destacando que a participa��o do samba para o resultado de uma escola � de mais de 50%.
“Estamos aguardando uma disputa bem dif�cil. Essa � a expectativa”, acrescentou.
Barrac�o
Segundo o carnavalesco do Salgueiro, o cronograma de prepara��o dos desfiles est� adiantado, tanto que os prot�tipos, que s�o os desenhos das fantasias, est�o prontos h� quase um m�s. “A gente j� est� em um processo de compra de material e de execu��o de algumas fantasias. As alegorias tamb�m j� est�o desenhadas e em um processo de compra de material. � um processo bem diferente dos �ltimos anos”, concluiu.