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Estado de Minas DIVERSIDADE NA MARINHA

Jovem mineira est� na primeira turma do Col�gio Naval a admitir mulheres

Valentina � a �nica de Minas Gerais entre as 12 jovens mulheres que entraram na institui��o em 2023


21/07/2023 17:01 - atualizado 21/07/2023 17:01
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Quatro jovens fardados com uniformes da Marinha Brasileira posam em frente a um quadro de navio
Jovens mineiros alunos do Col�gio Naval visitaram a Capitania Fluvial de Belo Horizonte. Da esquerda para a direita, Bernardo Seixas, Thiago Henrique Oliveira Mendes, Valentina Baptista e Reis e Nathan Soares Marinho Paschoal (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)
“� uma honra muito grande fazer parte da primeira turma do Col�gio Naval a admitir mulheres, porque era um sonho meu, mas tamb�m era o de muitas outras mulheres que tiveram que entrar [para a Marinha] atrav�s de outras portas”, diz Valentina Baptista e Reis, a primeira – e �nica, por enquanto – jovem mineira a entrar na carreira militar t�o cedo.

Natural de Juiz de Fora (MG), a estudante de 15 anos tamb�m � a primeira da fam�lia a entrar para a carreira militar e faz parte de um movimento hist�rico da Marinha Brasileira: o come�o da admiss�o de mulheres desde o princ�pio da atividade naval.

Em conversa exclusiva com o DiversEM, ela e outros quatro alunos mineiros do Col�gio Naval que est�o em visita � Capitania Fluvial de Belo Horizonte contam sobre suas experi�ncias na institui��o, que fica em Angra dos Reis (RJ).

Movimento in�dito

Apesar de as mulheres estarem presentes em diversas �reas e patentes da Marinha Brasileira, o Col�gio Naval – institui��o militar de n�vel m�dio que prepara jovens civis visando o ingresso no Corpo de Aspirantes da Escola Naval, onde s�o formados oficiais – n�o admitia a entrada delas at� a turma de 2022. Ainda assim, das 129 vagas que foram abertas para 2023, apenas 12 foram destinadas �s mulheres.

“A concorr�ncia foi muito grande, ent�o poder representar todas as meninas que sonharam em entrar l� � muito bom”, afirma Valentina. Na �poca em que prestou o concurso em 2022, 4.445 meninas se inscreveram – uma m�dia de 370 candidatas por vaga –, em compara��o a 8.825 meninos para 117 vagas – cerca de 75 candidatos por vaga.

Quando passou, foi um choque para a fam�lia, j� que ir para o Col�gio Naval tamb�m significaria sair muito jovem de casa. “Meu pai se assustou um pouquinho quando saiu o resultado. Eu, com 15 anos, sair de casa e ir para outro estado, ficar a quatro horas e meia de casa, foi um impacto bem grande para n�s”, comenta ela, que ainda disse ter revelado para poucas pessoas sua vontade de servir � Marinha.

“Eu n�o contei para quase ningu�m que eu ia prestar o concurso para o Col�gio Naval, porque quando prestei para o Col�gio Militar, caiu uma expectativa muito grande sobre mim e isso foi muito ruim para o meu psicol�gico. As �nicas pessoas que sabiam eram meu pai, minha m�e e minha irm�. Nem meu irm�o, que era um pouco mais distante, sabia”, conta a jovem.

“Para as minhas amigas, eu avisei no dia anterior � minha viagem para Angra. Foi uma decis�o minha avisar em cima da hora, porque sabia que seria um processo doloroso e, se eu falasse antes, elas ficariam mal. S�o sete anos de amizade e eu sabia que algumas n�o iriam apoiar a minha decis�o, mas elas acabaram aceitando porque n�o tinha mais o que fazer, e elas sabiam que era o meu sonho”, completa.

Sele��o

De acordo com os alunos, o concurso para o Col�gio Naval � complicado e exige muito dos candidatos. “A gente sabe quantas pessoas estudam, d�o tudo de si e ainda assim n�o conseguem entrar. �s vezes, � preciso abdicar de tempo com os amigos, com a fam�lia, se dedicar 100% porque aquilo � seu sonho”, conta Valentina.

“O princ�pio de tudo � querer com todo o cora��o. Quando voc� tem aquilo como objetivo, e pensa ‘eu n�o consigo viver sem isso’, � o in�cio. Porque voc� ainda tem que estudar, n�o � garantia de que voc� vai entrar. Mas uma hora vai dar certo, cada um tem sua hora”, acrescenta ela.

O aluno Caio Damaso, de 16 anos, compara o processo com um trip�: “Para mim, � como se fosse um pilar com tr�s pontas que se sustentam. O primeiro � o estudo; o segundo � o f�sico; e o terceiro � o psicol�gico”, explica.

“N�o fiz o concurso apenas uma vez; minha primeira vez foi em 2021 e, infelizmente, reprovei em matem�tica, que era minha melhor mat�ria. Fiquei bem frustrado, mas n�o desisti, comecei a fazer cursinho online, estudar para caramba, virando a noite estudando, tendo disciplina. Foi muito dif�cil, mas hoje s�o muitas possibilidades”, afirma Nathan Soares, de 17 anos, da turma de 2023.

“A impress�o que eu tenho aqui da Marinha � que ela � um mar de oportunidades. S�o muitas portas abertas, voc� tem a oportunidade de viver qualquer uma das �reas que voc� tenha interesse”, complementa o aluno do terceiro ano, Bernardo Seixas, de 19 anos.

Adapta��o

Thiago Henrique Oliveira Mendes, Bernardo Seixas, Valentina Baptista e Reis e Nathan Soares Marinho Paschoal posam em frente a um mapa fluvial de Minas Gerais
Alunos mineiros do Col�gio Naval falam sobre suas experi�ncias na institui��o (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)
 
No Col�gio Naval, sediado em Angra dos Reis (RJ), al�m de receberem os conhecimentos do ensino m�dio, os alunos tamb�m fazem um treinamento militar-naval especializado. Com dura��o de tr�s anos em car�ter de internato, s�o admitidos jovens de todo o pa�s, que seguem uma rotina militar di�ria para se prepararem para a Escola Naval.

Para os alunos, a rotina � puxada, mas tem suas vantagens. “As dificuldades t�m forjado a gente. � atividade o dia inteiro: voc� termina o dia cansado e ainda precisa estudar, porque as mat�rias tamb�m s�o complicadas, mais do que no pr�prio ensino m�dio. A pessoa tem que estar preparada e ir com vontade de estar ali. Como temos aprendido com nossos veteranos, ‘mar calmo n�o forma bons marinheiros’”, conta Nathan.

Apesar do regime de internato, os alunos t�m os finais de semana livres quando n�o est�o de servi�o. Para os jovens que n�o s�o do Rio de Janeiro, visitar a fam�lia � complicado, ent�o formam, entre eles, uma rela��o de companheirismo que se assemelha � familiar.

“Uma coisa que esteve muito presente nesses seis meses em que estive no Col�gio Naval foi a uni�o, principalmente para n�s, que somos de outros estados. Criamos uma fam�lia l� dentro e crescemos juntos”, conta Valentina.

“� uma experi�ncia muito interessante, porque eles te colocam em um ambiente que voc� tem que ficar por, pelo menos, cinco dias na semana, com gente que voc� nunca viu na vida, e de todas as partes do Brasil. A gente come�a a tratar essas pessoas como parte da fam�lia, porque querendo ou n�o a rotina � conjunta. Qualquer problema ou vit�ria, estamos batalhando, comemorando juntos”, acrescenta Thiago Mendes, jovem de 16 anos do primeiro ano.

Para Valentina, ter a companhia de outras pessoas de Minas Gerais � sentir um conforto a mais estando no Rio de Janeiro. “Das 12 meninas que entraram este ano, eu sou a �nica mineira, tem mais uma que � de Bras�lia, e o resto � tudo do Rio, ent�o ficamos o tempo todo escutando aquele sotaque carioca. A companhia dos meninos � boa para poder escutar um pouquinho do sotaque mineiro, � muito bom. Vamos formando uma fam�lia mineira mesmo”, conta.

Diversidade

O Col�gio Naval foi fundado em 1949, e a admiss�o tardia de mulheres �s suas turmas � sentida l� dentro. Bernardo Seixas conta que a entrada da turma de Valentina foi um “ponto de inflex�o” na institui��o.

“Isso deveria ter acontecido h� muito tempo, demorou bastante, mas pelo menos mostra que a Marinha est� empenhada em mostrar que seus quadros s�o para todo mundo. Por mais que tenham entrado somente 12 mulheres inicialmente, ainda � um come�o e, posteriormente, pensaremos em vagas iguais [para homens e mulheres]”, afirma ele.

“Acho que a entrada das mulheres tornou algumas coisas diferentes para a Marinha, porque eles [profissionais, oficiais] ainda n�o est�o acostumados a lidar com isso, pelo menos no Col�gio Naval. Outras escolas de forma��o militar j� t�m a entrada de mulheres normalmente, ent�o acho importante a necessidade de se adaptar � realidade e poder aprender com isso”, acrescenta o jovem.

Valentina acredita que a porta que se abriu com a admiss�o de mulheres render� bons frutos no futuro da Marinha, j� que a forma��o poder� ser feita desde cedo, como sempre foi para os homens. “S�o muitos caminhos poss�veis, a concorr�ncia ainda � muito grande, mas faz parte de um sonho. � uma honra muito grande poder trilhar este caminho desde o in�cio, que � o Col�gio”, afirma ela.

Para Bernardo, a mudan�a mostra que a Marinha est� cada vez mais comprometida com a diversidade em seu Corpo de Aspirantes.

“Fica um pouco mais n�tido que, na Marinha, voc� encontra todo tipo de pessoa: mulheres, negros, homossexuais etc, e todos s�o tratados da mesma maneira. O que � avaliado � o seu comportamento durante as dificuldades; perante os desafios. O que importa � o seu trabalho”, completa.
 

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