
O alerta sobre a dificuldade de interpretar a a��o foi dada em uma publica��o na p�gina do coletivo Ninfeias pela estudante de artes c�nicas da UFOP Thay Lobo, que acredita que muitas pessoas, sem saber do objetivo das colagens, poderiam interpretar os dizeres de forma literal.
“Acho muito perigoso colar assim na rua. As pessoas veem isso e podem entender o lado literal e se sentirem mal. As pessoas, enquanto negras, podem sentir desconforto enquanto as pessoas brancas nem dariam import�ncia � mensagem”, comentou a estudante.
Em resposta, a artista por tr�s das imagens, Marcinha Baob�, diz que o trabalho j� esteve exposto em uma galeria da cidade hist�rica e que era necess�rio que as mensagens ocupassem novos espa�os. “� a vez da rua, espero que gere questionamentos”, pontuou a artista.
Posicionamento
Nesta quinta-feira (3/8), o Ninfeias publicou uma carta aberta ao p�blico nas redes sociais. Na publica��o, a artista Marcinha Baob� se apresenta e fala da import�ncia em esclarecer a a��o promovida.
“Fico feliz como artista por esse reconhecimento, entretanto, me sinto desrespeitada quando o meu trabalho se torna um espa�o para dissemina��o de discursos sensacionalistas”, declarou a artista.
A doutora em artes c�nicas conta que a a��o Madresmortas come�ou como s�rie de fotos performances apresentada em galerias, mas saiu da caixa branca e ganhou a rua, com a inten��o de discutir um passado violento que ainda assombra.
“De forma alguma estou vendendo pessoas escravizadas. Muito pelo contr�rio, estou rememorando um passado que me cabe como mulher negra. Passado que o Brasil revive silenciosamente em cada cozinha de pessoas brancas da elite de cada estado do nosso pa�s, em cada empresa de produ��o de soja, tabaco, cana, laranja, carv�o, em cada supermercado e obra, em cada festival de m�sica com m�o de obra precarizada. J� se perguntaram o que � trabalho an�logo � escravid�o? Para mim, cada acontecimento atual, em que corpos pretos s�o explorados de maneira desumana, � lugar de grandes inc�modos e at� inventamos termos novos para pr�ticas sociais antigas, que tem ra�zes coloniais”, acrescentou.
Semana Afrofeminista
A interven��o art�stica feita pelo N�cleo de Investiga��es FEminIstAS (Ninfeias) da UFOP faz parte da Mostra Visualidades na VII semana AFROfeminista, que teve em uma de suas estrat�gias chamar a aten��o dos transeuntes ao retratar cenas que eram comuns antes da aboli��o escravid�o e levantar questionamentos para o atual Brasil.
A semana aconteceu durante os dias 24 e 27 de julho, que homenageou Efig�nia Carabina, figura importante na cidade hist�rica na luta contra o racismo.
De acordo com o coletivo, as fotocolagens Madremortas pelos muros de Ouro Preto dizem respeito a uma hist�ria abafada, sufocada e indigesta da condi��o das mulheres negras no Brasil do passado e do presente.
Sobre a artista
A autora e artista dos cartazes, Marcinha Baob�, � mestra em Artes C�nicas pela UFOP e doutoranda em Artes C�nicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela desenvolveu sua pesquisa sobre performance e decolonialidade, e o seu campo de atua��o abarca os estudos da performance na Am�rica Latina com perspectiva est�tico-pol�tica. Baob� dedica a estudar e pesquisar sobre feminismo descolonial e feminismo comunit�rio.