
“Para n�s � um reconhecimento pol�tico”, disse Cleusa Aparecida da Silva, coordenadora da Casa Laudelina de Campos Melo - Organiza��o da Mulher Negra. Publicada na �ltima quarta-feira (26) no Di�rio Oficial da Uni�o, a lei tem origem no Projeto de Lei (PL) 1795/2021, aprovado na Comiss�o de Educa��o (CE) em 20 de junho.
“N�s conhecemos s� uma vers�o da nossa hist�ria, � a hist�ria dos vencedores, mas n�s quando n�o conhecemos a hist�ria dos vencidos e sua classe trabalhadora, e n�s n�o conhecemos a hist�ria das mulheres origin�rias e das mulheres negras, que edificaram a na��o brasileira, foram respons�veis pela edifica��o da sociedade brasileira”, disse.
Silva ressalta que essas mulheres n�o est�o nos livros did�ticos e que considera que esse reconhecimento � fundamental e priorit�rio. “Esse reconhecimento hist�rico tem um impacto psicossocial nas nossas vidas, um impacto do ponto de vista de reconhecimento, no ponto de vista subjetivo, no ponto de vista do psicol�gico, no ponto de vista da autoestima, e para que a gente conhe�a a nossa verdadeira hist�ria”, avaliou.
A m�dia n�o d� visibilidade nem espa�o � classe trabalhadora, observa Silva. “Ent�o esse reconhecimento, a inclus�o de Laudelina de Campos Melo no Livro e Her�is e Hero�nas da P�tria � o maior construto pol�tico para n�s nesse in�cio de terceiro mil�nio”, acrescentou.
A Federa��o Nacional das Trabalhadoras Dom�sticas (Fenatrad), em sua Galeria de Lutadoras, aponta que a trajet�ria de Laudelina foi fundamental para a organiza��o da categoria na busca de direitos, al�m de levantar, por sua atua��o sindical, bandeiras contra o preconceito racial e contra a discrimina��o das mulheres. Laudelina come�ou a trabalhar aos 7 anos.
Neta de pessoas escravizadas, Laudelina nasceu em Po�os de Caldas (MG) em 12 de outubro de 1904. Segundo informa��es da Casa Laudelina, ela abandonou a escola aos 12 anos, ap�s morte do pai em um acidente de trabalho, e tornou-se cuidadora dos seus cinco irm�os mais novos. Com 16 anos, foi eleita presidente do Clube 13 de Maio, que promovia atividades recreativas e pol�ticas para a popula��o negra da cidade.
Na d�cada de 1930, participa de movimentos populares, da funda��o do partido Frente Negra Brasileira, al�m de se filiar ao Partido Comunista Brasileiro. Ela fundou ainda, em Santos (SP), a Associa��o de Trabalhadores Dom�sticos do Brasil. “N�s quer�amos coloc�-la, de fato, como uma figura de grande visibilidade nacional e internacional pela sua trajet�ria pol�tica”, disse Silva.
“Foi uma mulher que prestou servi�o, na perspectiva dos Direitos Humanos, em v�rias �reas. Ela trabalhava com a quest�o da mulher, de g�nero, racial, tinha a quest�o do trabalho dom�stico como prioridade, trabalhava com a pauta da educa��o, com arte e cultura”, acrescentou.
Laudelina foi perseguida pelo governo de Get�lio Vargas devido � sua atua��o. As atividades da Associa��o de Trabalhadores Dom�sticos do Brasil foram suspensas durante o per�odo de ditadura de Vargas, segundo informa��es da Fenatrad.
Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, Laudelina se alistou nas for�as armadas. Conforme divulgou a Casa Laudelina, ela foi a primeira combatente negra do Ex�rcito, viajou por diversos pa�ses, serviu de espi�, foi baleada e operada, e se aposentou como ex-combatente. Laudelina morreu em 1991, aos 86 anos.
Her�i ou hero�na da p�tria � um t�tulo dado a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na constru��o do pa�s, segundo informa��es da Ag�ncia Senado. A inscri��o de um novo nome depende de lei aprovada no Congresso. Entre os her�is e hero�nas brasileiros, est�o Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier, Santos Dumont e Zuzu Angel.