� o que indica um estudo da economista Jana�na Feij�, pesquisadora do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas).
No primeiro trimestre de 2023, o rendimento m�dio de todos os trabalhos das mulheres negras foi estimado em R$ 1.948, o que representa uma alta de 2,6% em rela��o aos tr�s meses imediatamente anteriores.
A quantia, contudo, � a menor entre os quatro grupos analisados pelo levantamento. As mulheres negras recebiam apenas 48% (menos da metade) do que os homens brancos e amarelos ganhavam em m�dia com o trabalho no primeiro trimestre deste ano (R$ 4.078).
Segundo Feij�, o rendimento inferior � um dos indicadores que ilustram a desigualdade que segue afetando as mulheres negras, mesmo com os sinais de melhora na forma��o educacional dessa camada ao longo da �ltima d�cada.
Considerando as mulheres negras em idade de trabalhar (14 anos ou mais), a fatia com ensino superior completo ou mais dobrou na passagem do primeiro trimestre de 2012 para igual per�odo de 2023: de 6% para 12%.
Apesar da amplia��o, o patamar segue distante das mulheres brancas ou amarelas em idade de trabalhar. Nessa camada da popula��o, a fatia com ensino superior completo subiu de 17% no primeiro trimestre de 2012 para 26% no mesmo intervalo deste ano. � o maior patamar entre os quatro grupos pesquisados.
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RENDA M�DIA
No 1º tri.2023, em R$*
Homens brancos e amarelos - 4.078
Mulheres brancas e amarelas - 3.157
Homens negros - 2.428
Mulheres negras - 1.948
* Rendimento m�dio habitual de todos os trabalhos, em valores deflacionados
Fonte: FGV Ibre a partir de microdados da Pnad Cont�nua/IBGE
"Entra ano, sai ano, as desigualdades permanecem elevadas. Apesar da melhora na educa��o, as mulheres negras ainda est�o entre os trabalhadores mais desfavorecidos", afirma Feij�. "� claro que, sem o ganho educacional, seria poss�vel que elas estivessem em uma situa��o ainda pior", pondera.
O estudo foi constru�do a partir de microdados da Pnad Cont�nua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica). O per�odo mais recente com essas informa��es dispon�veis � o primeiro trimestre de 2023.
De acordo com Feij�, a inser��o das mulheres negras no mercado de trabalho por meio de vagas muitas vezes associadas � informalidade ajuda a explicar a renda inferior na m�dia.
Conforme o estudo, mais da metade (56%) das mulheres negras empregadas no primeiro trimestre de 2023 fazia parte dos grupos dos trabalhadores dos servi�os, dos vendedores e das chamadas ocupa��es elementares.
As ocupa��es elementares envolvem uma grande variedade de trabalhos, como os de dom�sticos, ambulantes, condutores de ve�culos, empacotadores e ajudantes de cozinha.
"A caracter�stica dessas fun��es � a alta vulnerabilidade. S�o vagas que n�o costumam exigir uma habilidade muito espec�fica", aponta Feij�.
Segundo ela, a informalidade pode ser a �nica alternativa vi�vel em muitos casos para a camada das mulheres negras conciliar trabalho e outras atividades, como cuidado dos filhos. O problema, diz Feij�, � que a remunera��o tende a ser menor, e sem garantias sociais.
"Isso tudo retroalimenta as desigualdades", afirma. O estudo diz que apenas 2% das mulheres negras empregadas ocupavam cargos de diretoria ou ger�ncia no Brasil no primeiro trimestre de 2023.
A produ��o do levantamento est� associada ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data foi celebrada na ter�a-feira (25).
DESEMPREGO DE DOIS D�GITOS
De acordo com o estudo, as mulheres negras ainda convivem com uma taxa de desemprego mais elevada do que os demais grupos analisados.
No primeiro trimestre de 2023, a desocupa��o foi de 13,1% para elas. Enquanto isso, a taxa de desemprego ficou em 8% para as mulheres brancas e amarelas.
Entre os homens, o indicador foi de 8,4% para os negros e de 5,7% para os brancos e amarelos. Ou seja, somente as mulheres negras tinham uma taxa de desemprego de dois d�gitos no pa�s.
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TAXA DE DESEMPREGO
No 1º tri.2023, em %
Mulheres negras - 13,1
Homens negros - 8,4
Mulheres brancas e amarelas - 8
Homens brancos e amarelos - 5,7
Fonte: FGV Ibre a partir de microdados da Pnad Cont�nua/IBGE
No caso da taxa de participa��o, elas registram a menor. O indicador foi de 51,1% para as mulheres negras no primeiro trimestre de 2023.
Em igual per�odo, ficou em 53,6% para as mulheres brancas e amarelas, em 71,4% para os homens negros e em 71,8% para os homens brancos e amarelos.
A taxa de participa��o mede a propor��o de pessoas de 14 anos ou mais que est�o inseridas na for�a de trabalho como ocupadas (com algum tipo de trabalho) ou desempregadas (� procura de emprego).
Dependendo do contexto econ�mico, pode funcionar como uma esp�cie de term�metro de atratividade do mercado.
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TAXA DE PARTICIPA��O
No 1º tri.2023, em %**
Homens brancos e amarelos - 71,8
Homens negros - 71,4
Mulheres brancas e amarelas - 53,6
Mulheres negras - 51,1
** Percentual de pessoas empregadas ou � procura de vagas em rela��o ao total em idade de trabalhar (14 anos ou mais)
Fonte: FGV Ibre a partir de microdados da Pnad Cont�nua/IBGE