Um trabalhador negro recebe em m�dia um sal�rio 36,11% menor que um trabalhador n�o negro, de acordo com o estudo "Os Negros no Mercado de Trabalho", divulgado nesta quarta-feira pelo Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese). "Os negros recebem menos em qualquer compara��o que se fa�a, seja por setores de atividades, seja por escolaridade", disse a economista L�cia Garcia, coordenadora de pesquisa sobre emprego e desemprego do Dieese.
As informa��es analisadas foram apuradas pelo Sistema Pesquisa Emprego e Desemprego (Sistema PED), realizado por meio do conv�nio entre o Dieese, a Funda��o Seade, o Minist�rio do Trabalho e parceiros regionais no Distrito Federal e nas regi�es metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e S�o Paulo. O segmento de negros � composto por pretos e pardos e o de n�o negros engloba brancos e amarelos.
Segundo a pesquisa, no bi�nio 2011-2012, nas regi�es metropolitanas acompanhadas pelo Sistema PED, praticamente a metade dos ocupados eram negros (48,2%), por�m suas remunera��es por hora, em m�dia, ficavam limitadas a 63,89% do ganho-hora dos n�o negros. "E o leque da desigualdade se abre mais quanto maior � a escolaridade", afirmou Lucia.
O rendimento m�dio real por hora dos n�o negros ocupados na Ind�stria de Transforma��o no bi�nio 2011-2012, por exemplo, foi de R$ 29,03 para aqueles que t�m ensino superior, enquanto o de negros na mesma condi��o foi de R$ 17,39. A diferen�a era menor, embora desvantajosa sempre para os negros, no caso daqueles que tinham ensino m�dio (R$ 9,56 para n�o negros e R$ 7,13 para negros), fundamental completo (R$ 6,76 contra R$ 5,77) e fundamental incompleto (R$ 6,46 contra R$ 5,27).
Al�m disso, os negros t�m mais dificuldades de chegar a cargos de dire��o e planejamento. No caso de S�o Paulo, por exemplo, apenas 5,7% dos negros ocupavam esses cargos no bi�nio 2011-2012 ante 18,1% dos n�o negros. Os negros, por�m, eram 61,1% em cargos de execu��o e 24,7% nos de apoio, na compara��o com 52,1% e 23,3% dos n�o negros, respectivamente. "O negro n�o s� enfrenta seletividade no trabalho como enfrenta obst�culos que o direcionam para empregos de menor qualifica��o", disse Lucia.