A reforma de Confins virou teste de paci�ncia para passageiros e p�s mais uma vez na berlinda a Infraero – estatal que administra os aeroportos. Quando imaginava-se que a moderniza��o do terminal 1 tinha entrado no eixos, depois de v�rios atrasos, uma avalia��o preliminar do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) encontrou ind�cios de irregularidades no edital da reforma. Conforme revelou o Estado de Minas, o ministro do TCU Valmir Campelo decidiu suspender preventivamente a concorr�ncia internacional, lan�ada em janeiro e cujas propostas deveriam ser abertas hoje. A pr�pria Infraero anunciou que a escolha da empresa respons�vel pelas obras n�o tem mais data para ocorrer.
O TCU detectou v�rios problemas no edital. H� ind�cios de sobrepre�o de R$ 45,98 milh�es no valor da obra – or�ada em R$ 295 milh�es –, especifica��o t�cnica insuficiente do sistema de seguran�a e de inspe��o de bagagens, entre
“O nosso objetivo n�o � atrapalhar o cronograma de obras para a Copa do Mundo”, disse Campelo. “Estamos fazendo um trabalho preventivo, para evitar que a obra pare depois”, completou. O ministro � o relator-geral no TCU para obras da Copa. A estatal, por meio de nota, garantiu estar empenhada em minimizar o prazo dessas mudan�as. Mas o novo problema envolvendo a reforma de Confins aumentou as desconfian�as em torno da capacidade da empresa de preparar os aeroportos para o aumento do fluxo de passageiros dom�sticos e para a Copa do Mundo de 2014.
No caso de Confins, por exemplo, especialistas j� alertaram que a moderniza��o do terminal 1 � necess�ria, mas insuficiente para evitar que o aeroporto mineiro volte a operar saturado em pouco tempo. O governo de Minas negocia com a Infraero a possibilidade de que pelo menos a primeira fase do terminal 2 seja entregue antes da Copa, o que aumentaria a capacidade do aeroporto para 13 milh�es de passageiros/ano. Embora tenha capacidade para 5 milh�es de passageiros/ano, Confins recebeu 7,2 milh�es de passageiros em 2010.
Funcion�rios com medo
As d�vidas sobre a efici�ncia da Infraero decorrem tamb�m de relatos de servidores sobre a realidade da empresa. Em reportagem publicada pelo EM na semana passada, funcion�rios da estatal disseram que o medo de corrup��o � um dos fatores que atrasam projetos para os terminais a�reos do pa�s. Segundo eles, concursados t�m se recusado a assinar documentos referentes a licita��es e desembolsos de recursos por temer que seus nomes sejam citados em processos abertos pelo TCU ou pela Justi�a.
Essa postura explicaria em parte o desempenho da Infraero no ano passado. Do total de R$ 1 bilh�o que a estatal planejou investir, R$ 645 milh�es foram aplicados, segundo a organiza��o n�o governamental Contas Abertas. O levantamento indicou ainda que apenas 1% dos valores dispon�veis para contratos em aeroportos das 12 cidades sedes da Copa do Mundo de 2014 foi gasto.
Diminuir a desconfian�a em torno da Infraero � um dos desafios para o futuro presidente da empresa. A indica��o de Gustavo Matos do Vale, diretor do Banco Central, deve ser confirmada nos pr�ximos dias. Ele deve substituir Murilo Marques Barboza (nomeado para a Secretaria de Produtos de Defesa) na fun��o, considerada uma das mais espinhosas da administra��o p�blica federal. Entre as decis�es importantes das quais deve participar est�o a poss�vel abertura do capital da Infraero e a concess�o de aeroportos � iniciativa privada.