A estimativa de safra recorde de algod�o n�o � motivo de alegria para a ind�stria t�xtil nacional. A previs�o de colher 1,95 milh�o de toneladas (dados do Instituto Brasileiro de Algod�o - IBA) n�o tranquiliza o setor que at� a chegada da nova safra, em junho, vai ter que trabalhar com um suprimento “muito curto” e com o pre�o elevado, “jamais visto na hist�ria da ind�stria t�xtil”, disse o diretor superintendente da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil e de Confec��o (Abit), Fernando Pimentel.
De acordo com o IBA, a expans�o do pre�o foi de 300% no mercado interno. O algod�o estava em torno de US$ 0,70 por libra peso (unidade para medir a fibra, equivalente a 435 gramas), no come�o de 2010 e, agora, est� em US$ 2,40 por libra peso.
O diretor superintendente da Abit defende a cria��o de instrumentos que priorizem o abastecimento do setor t�xtil para que n�o volte a sofrer com a falta do algod�o. “O que n�s temos de ter muita clareza � que, dentro das leis de mercado, a ind�stria brasileira tenha o seu abastecimento garantido, n�o s� no in�cio desta safra como tamb�m no ano que vem, no per�odo de entressafra, que vai de janeiro/fevereiro at� maio/junho”, disse Pimentel.
Para o presidente do IBA, Haroldo Cunha, a crise atual � resultado dos problemas ocorridos na �ltima safra. A redu��o da �rea plantada foi agravada por problemas clim�ticos que quebraram a produtividade, disse. “A gente deixou de produzir 200 mil toneladas no ano passado. Isso gerou um desabastecimento maior na ind�stria”.
De acordo com o presidente do IBA, o panorama para a ind�stria vai se normalizar no in�cio do segundo semestre. “Porque n�s vamos ter uma safra muito grande”. O que vai ocorrer, afirmou, � que uma parte do algod�o que est� sem negociar at� agora vai estar nas m�os de comerciantes. “Mas vai ser disponibilizado para o mercado interno, sem d�vida nenhuma”. Ele estimou que a exporta��o dever� abranger 700 mil toneladas do algod�o relativo � safra 2010/2011. O restante, 1,2 milh�o de toneladas, � suficiente para cobrir a necessidade da ind�stria, que gira em torno de 1 milh�o de toneladas, disse.
O diretor superintendente da Abit, Fernando Pimentel, lembrou, por�m, que mais uma dificuldade para o setor � a exist�ncia da venda do algod�o atrelada a contratos flex, que t�m cl�usula que permite a mudan�a de destino. Os produtos negociados nesses contratos tanto podem ir para exporta��o como para atender o mercado nacional.
O gerente de Levantamento e Avalia��o de Safra, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Bestetti, admite que os contratos flex n�o � uma boa op��o para a ind�stria nacional em raz�o do pre�o, que est� muito elevado. “N�o serve para a ind�stria nacional porque, se mudar agora, vai mudar para um pre�o maior”.
Ele acha acertada a estrat�gia que vem sendo adotada por algumas ind�strias nacionais de mudar a localiza��o de suas instala��es para atender a quest�es de log�stica de transporte. As instala��es est�o sendo transferidas para estados do Nordeste, como o Maranh�o e Piau�, deslocando assim a atua��o em Mato Grosso, que � o maior estado produtor, j� “saturado”, disse Bestetti.