(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Laborat�rios dobram faturamento com as lucrativas p�lulas da 'felicidade'

Em cinco anos, laborat�rios mais que dobram faturamento com venda de antidepressivos no Brasil. Valor superou US$ 647 milh�es em 2010


postado em 27/03/2011 06:57 / atualizado em 27/03/2011 07:02

Darren Staples/reuters-26/2/08
Darren Staples/reuters-26/2/08
Quem diria. O pa�s do samba, futebol, belezas naturais, do sol e do bom humor, est� triste. Os brasileiros est�o recorrendo mais aos antidepressivos e estabilizadores de humor para conseguir lidar com as press�es do dia a dia, o que traz alegria para os fabricantes. Depois de investir muitos bilh�es de d�lares, a ind�stria farmac�utica, para muitos, desvendou a qu�mica da felicidade. No pa�s, o faturamento com a comercializa��o desses medicamentos cresceu 138,5% nos �ltimos cinco anos, bem acima da m�dia mundial de 15,4%. As vendas brasileiras saltaram de US$ 271,6 milh�es em 2006 para US$ 647,8 milh�es em 2010, segundo dados do IMS Health, instituto de pesquisa que faz a auditoria do mercado de medicamentos.

Levantamento do IMS Health com 55 pa�ses, feito a pedido do Estado de Minas, revela que nos �ltimos cinco anos, em pa�ses como Estados Unidos, Alemanha, Fran�a e Espanha, as receitas com vendas de antidepressivos e estabilizadores de humor ficaram praticamente estagnadas. No Reino Unido, chegaram a cair 30,8% no per�odo, passando de US$ 703 milh�es para US$ 486,6 milh�es. Enquanto isso, o faturamento no Brasil e na China mais que dobrou (veja quadro) e atingiu patamares pr�ximos aos dos grandes consumidores canadenses e europeus – reconhecidos por n�veis mais elevados de depress�o entre a popula��o.

Mundialmente, os mais ricos s�o tamb�m os que mais consomem rem�dios para depress�o. Os Estados Unidos movimentam, sozinhos, mais de 60% do mercado, mas v�m apresentando crescimento leve desde 2006. O avan�o de pa�ses emergentes como o Brasil e a China � bem mais agressivo. Percentualmente, o Brasil dobrou sua participa��o no faturamento mundial, assim como os chineses, que crescem a passos de gigante tamb�m nos inc�modos da alma, movimentando, no ano passado, US$ 710 milh�es com as chamadas p�lulas da felicidade.

Desde o lan�amento do Prozac (fluoxetina), antidepressivo que mudou o conceito do tratamento da doen�a no fim da d�cada de 1980, o mercado avan�ou com a quebra de patentes e a entrada de drogas mais modernas. Para se desenvolver um medicamento com grande impacto terap�utico, o investimento m�dio da ind�stria � de US$ 1,2 bilh�o. Mas o mercado � promissor. A Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) prev� que em 2030 a sa�de mental vai ocupar lugar de destaque no or�amento dom�stico. A depress�o vai ser a doen�a mais comum, � frente de outros problemas, como os cardiovasculares.

Estima-se que no Brasil entre 10% e 20% da popula��o sofra da doen�a, o que requer o consumo cont�nuo de subst�ncias por uma boa parte da vida. Como pondera a presidente da Associa��o Mineira de Pisquiatria, Sandra Carvalhais, pesquisas mostram que, em determinadas faixas et�rias, como a da popula��o brasileira acima dos 60 anos, o percentual atingido pode superar 40%. N�o � poss�vel prever o tempo de uso das p�lulas que tornam mais leve o ritmo da vida, mas sabe-se que grande parte da popula��o deve fazer uso cont�nuo do medicamento. Segundo Sandra Carvalhais, o aprimoramento do diagn�stico tamb�m tornou poss�vel identificar a doen�a mais cedo – na inf�ncia e na adolesc�ncia.

A quebra das patentes e o fornecimento das subst�ncias pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS) tamb�m serviram para popularizar o uso dos antidepressivos e evitar que, por quest�es econ�micas, o tratamento seja abandonado. A manicure Rose Pereira faz uso de antidepressivo diariamente. Ela tamb�m usa um ansiol�tico. Como a patente do primeiro rem�dio ainda n�o foi quebrada, a manicure desembolsa R$ 80 por m�s. “� bem caro, ainda n�o tem gen�rico”, comenta. J� o ansiol�tico � comprado por pouco mais de R$ 6.

Para a manicure, os medicamentos a ajudam a viver melhor. “Tomo antes de dormir e quando acordo. Sinto-me muito bem, fico alegre, n�o sinto vontade de chorar”, conta. Para Rose, o tratamento tem sido decisivo em sua qualidade de vida. J� a analista de sistemas A.M fez uso da fluoxetina (f�rmula gen�rica do Prozac). “Quando meu pai morreu fiquei muito deprimida e, �s vezes, a tristeza bate mesmo”, comenta. Hoje, ela tenta substituir os medicamentos que aliviam a press�o do dia a dia por produtos naturais.

Jogando a favor do lucro da ind�stria farmac�utica est� a longevidade da popula��o, aliada ao avan�o da neuroci�ncia. Como explica a diretora de Assuntos Corporativos da Eli Lilly do Brasil, Regiane Salateo, depois de lan�ados, os medicamentos podem ganhar novas aplica��es, o que amplia o espectro de uso. Em 2005, o laborat�rio Eli Lilly, que desenvolveu a fluoxetina, lan�ou uma nova gera��o de antidepressivos, o sinbalta. Protegido pela lei das patentes, que garante 10 anos de vendas exclusivas, no ano passado o rem�dio foi respons�vel por um faturamento de US$ 3,45 bilh�es de d�lares no mundo, nada menos do que 15% das vendas totais da empresa, que movimentaram US$ 23 bilh�es. Segundo ela, somente no ano passado, o investimento em pesquisa foi de US$ 4,8 bilh�es, US$ 500 milh�es acima do ano anterior.

Como a droga age no corpo

Os antidepressivos agem no organismo melhorando o humor. As drogas aumentam a disponibilidade de neurotransmissores no sistema nervoso central, como a serotonina, noradrenalina e dopamina. Os medicamentos modernos s�o apontadas como mais eficazes porque atuam somente nos receptores cerebrais que est�o associados � depress�o, reduzindo assim os efeitos colaterais e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. O uso indiscriminado, no entanto, oferece graves riscos � sa�de, por isso, o diagn�stico e o receitu�rio devem ser feitos preferencialmente por um m�dico psiquiatra.

  • Tags
  • #

receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)