Outro empecilho para alguns mercados est� n�o s� na forma��o de profissionais, como sua manuten��o na �rea de origem. Em 2009, apenas 38% dos engenheiros ocupavam fun��es relacionadas com a gradua��o. O desvio ocupacional atinge seis em cada 10 engenheiros. H� milhares deles atuando como analistas financeiros, gestores, analistas empresariais. Costumam ser demandados nessas fun��es pelo fato de o mercado entender que eles disp�em, em geral, de boa capacidade de abstra��o e s�lida forma��o matem�tica.
Em 2020, a previs�o � que esse n�mero aumente para 45%. � poss�vel que, em alguns setores, como constru��o civil, minera��o, petr�leo e g�s, haja um gargalo na oferta de profissionais caso a economia cres�a em n�veis muito altos.
Estudos feitos pelo Senai apontam que da m�o de obra necess�ria nos pr�ximos tr�s anos, 52% ser� de t�cnicos com forma��o mais b�sica, 26% de t�cnicos com mais de 200 horas de qualifica��o, 19% de profissionais com forma��o t�cnica de n�vel m�dio e 3% de pessoas com ensino superior. Para atender a demanda do mercado, o Brasil ter� que preparar 59,6 mil pessoas por ano at� 2014, nos mais diversos segmentos da ind�stria. Segundo pesquisa realizada pela Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), s� os cursos de tecnologia da informa��o apresentar�o, entre 2011 e 2014, uma demanda anual de 8 mil profissionais no mercado.
Na avalia��o do diretor do Grupo Selpe Recursos Humanos, Hegel Botinha, a curto prazo, o aumento de sal�rios, a reten��o dos profissionais em vias de se aposentar, o retorno dos j� aposentados para reduzir o problema da falta de experi�ncia, repatriamento de profissionais no exterior, a capacita��o e o treinamento s�o medidas a serem adotadas. J� para as medidas de longo prazo, o destaque foi para o investimento em educa��o, com pol�ticas de amplia��o da oferta no sistema educacional e a garantia de forma��o b�sica com qualidade, a fim de aumentar o numero de jovens aptos para o ensino superior e o mercado de trabalho.
PONTO A PONTO
No mercado da moda, por exemplo, existem diversas oportunidades devido � escassez de costureiras qualificadas. Atualmente, � comum que confec��es dependam de empresas terceirizadas e faccionistas para a realiza��o de parte do processo produtivo. Por�m, nem sempre as exig�ncias em rela��o � qualidade do servi�o e � garantia do prazo de entrega s�o correspondidas.
A Brasil em Gotas tamb�m oferece treinamento para costureiras novatas no mercado. “Fazemos an�ncios constantes em jornal e pedimos indica��es das alunas destaque nas escolas profissionalizantes. Propomos aplica��o de teste e, se aprovadas, elas s�o submetidas a um treinamento de duas semanas, durante as quais avaliamos habilidade e boa vontade das candidatas. A contrata��o � imediata e a remunera��o aumenta de acordo com a evolu��o e a capacita��o profissional”, ressalta Elaine Chaves, diretora da grife.
Inicialmente, elas recebem um sal�rio de R$ 615, mais plano de sa�de e outros benef�cios. Os recebimentos progridem de acordo com a evolu��o da pessoa. “Nossa expectativa � que ela esteja apta para a costura em seis meses. Da� o sal�rio pode chegar a R$ 1,2 mil. E a funcion�ria ganha percentuais sobre o sal�rio pela assiduidade (7% ), tri�nio (5%), pontualidade (at� 7%). Tudo isso vai elevando o ordenado. E � medida que vai ganhando experi�ncia, recebe promo��es”, explica Elaine. A empresa n�o tem restri��o � idade.
DISPONIBILIDADE
A falta de capacita��o tamb�m � grande no setor de alimenta��o. Segundo dados da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), gar�ons e cozinheiros respondem, juntos, por 70% da falta de m�o de obra no setor de alimenta��o fora do lar. A escassez tamb�m se espalha principalmente nos cargos de auxiliar de cozinha, copeiros, caixas e servi�os gerais.
A dificuldade em encontrar profissionais com experi�ncia fez com que a churrascaria Baby Beef optasse por capacitar internamente profissionais inexperientes na fun��o. “O novo funcion�rio aprende sobre postura e �tica, relacionamento com o cliente, manuseio de pratos, corte de carnes. E come�a em fun��es mais f�ceis. Para trabalhar aqui, experi�ncia n�o � fundamental. Basta ter disponibilidade e vontade de aprender”, comenta Eduardo Borba, diretor da casa em BH.
Desde o in�cio do ano, a Cervejaria Devassa realiza um programa mensal de excel�ncia em atendimento no qual os empregados aprendem desde a hist�ria e abrang�ncia da marca at� regras de seguran�a alimentar. “Acreditamos que quando o profissional conhece melhor a empresa, se sente mais pertencente a ela, diminuindo a rotatividade, muito comum nesse meio”, diz a gerente, Marcelle Santana.
Recorde de emprego
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2010, o emprego formal bateu recorde e atingiu 2,5 milh�es de vagas. A escassez de m�o de obra qualificada levou as empresas a reduzirem o grau de exig�ncia nas contrata��es e foram admitidos trabalhadores com menor n�vel de escolaridade. At� quem n�o sabe ler e escrever conseguiu emprego formal, segundo um estudo da MCM Consultores, feito com base nos dados do Caged.