A presidente Dilma Roussef desembarcar� em Pequim nesta segunda-feira com o desafio de criar bases para uma rela��o na �rea comercial e de investimentos baseada na "reciprocidade ". Foi esse o tom do primeiro recado da presidente aos chineses em entrevista � ag�ncia estatal Xinhua antes de sua primeira visita oficial como presidente � segunda maior economia do mundo.
Segundo a Xinhua, Dilma Rousseff afirmou que "poderia haver mais coopera��o entre os dois pa�ses em �reas estrat�gicas como inova��o, uma vez que o Brasil est� determinado a agregar valor a seus recursos naturais".
A presidente, ainda de acordo com a nota da ag �ncia, disse que a futura coopera��o ente os dois pa�ses deve ser baseada na "reciprocidade". "Esta � uma rela��o que, eu acredito, ser� muito bem desenvolvida entre os dois pa�ses porque h� algumas �reas em que a China pode ser crucial para o Brasil e outras em que o Brasil pode ser crucial para a China (…) baseada em um conceito que eu considero muito importante em uma rela��o entre iguais: a reciprocidade", disse.
O conceito de reciprocidade vem sendo usado frequentemente em uma an�lise cr�tica das rela��es bilaterais que defende mais acesso ao mercado chin�s para produtos brasileiros de maior valor agregado, melhor tratamento a empresas brasileiras na China, como a Embraer, e tamb�m investimentos no Brasil que agreguem valor � cadeia produtiva e n�o sirvam apenas para saciar a sede chinesa por mat�rias-primas.
Os n�meros que embasam a defesa do discurso da reciprocidade s�o bem claros. A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil em 2009. Mas as caracter�sticas dessa pauta comercial deixam o Brasil, na opini�o de muitos setores, em posi��o de desvantagem.
Cerca de 95% das exporta��es brasileiras para a China s�o de mat�rias-primas. A via contr�ria, da China para o Brasil, � dominada quase em sua totalidade por produtos industrializados.
Al�m de principal parceiro comercial, o pa�s se tornou tamb�m o principal investidor estrangeiro no Brasil em 2010. E tamb�m a �rea de investimentos diretos reflete a sede chinesa por commodities que sustentem seu crescimento.
Impacto negativo
Em entrevista j� em Pequim, neste domingo, o ministro da Ci�ncia e Tecnologia, Alo�zio Mercadante, insistiu na import�ncia da busca de uma rela��o com a China que n�o dependa do tradicional papel brasileiro de exportador de produtos b�sicos.
"O Brasil precisa definir suas prioridades e um olhar mais aproximado para a China talvez ajude a gente a n �o se acomodar em ser uma economia produtora de commodities. Se n�o, corremos o risco de ficar prisioneiros da doen�a holandesa", referindo-se ao impacto negativo sobre o setor industrial da forte exporta��o de recursos naturais.
Mercadante defendeu que o pa�s aproveite a valoriza��o das commodities e os recursos que isso gera ao pa�s para criar um projeto de desenvolvimento futuro baseado na produ��o de alta tecnologia.
A avalia��o de Mercadante encontra eco entre chineses. Em entrevista � BBC Brasil, o diretor do Centro de Pesquisa Econ�mica da Universidade de Pequim, Yang Yao, disse que o Brasil deveria buscar mais coopera��o da China em busca de competitividade.
"O que o Brasil realmente precisa � de investir o que ganha com recursos naturais em ampliar sua capacidade industrial", disse Yang Yao.
"E a China pode oferecer algum tipo de ajuda nesta �rea aumentando seus investimentos no pa�s. O Brasil deveria encorajar mais investimentos da China para incentivar sua manufatura e infraestrutura", recomendou.
Brics
Al�m da visita oficial � China, sua terceira viagem ao exterior desde que tomou posse, Dilma Rousseff participa, na cidade de Sanya, da c�pula dos pa�ses que integram o grupo dos Brics (Brasil, R�ssia, �ndia, China e que passa agora a incluir a �frica do Sul).
De l�, vai para a cidade de Boao para participar do F�rum de Boao para a �sia, um encontro de empres�rios da regi�o. O roteiro prev� ainda uma visita � cidade de Xi'an, na prov�ncia de Shanxi, onde a presidente visitar� o centro de pesquisa de uma empresa chinesa, ZTE, com interesses no Brasil. Dilma Rousseff embarca de volta � Bras�lia no s�bado.