
Ao contr�rio do que acontecia no s�culo passado, quando portugueses com destino ao Brasil n�o tinham forma��o acad�mica – muitos eram semianalfabetos ou analfabetos –, a maior parte dos lusitanos que formam a onda atual t�m curso superior.
"S�o pessoas cada vez mais especializadas. Constitui uma de fuga de c�rebros, mas desta vez o destino � o Brasil. N�o � uma migra��o dos pa�ses menos desenvolvidos para os pa�ses ricos, como se dizia nos anos 60", afirma o c�nsul do Brasil em Lisboa, Renan Paes Barreto.
Segundo o servi�o consular da representa��o, o n�mero de pessoas que t�m o Brasil como destino vem aumentando. "No ano passado foram cerca de 1,5 mil vistos de trabalho, praticamente o mesmo n�mero de 2009. Este ano, nos primeiros tr�s meses foram 500", conta o funcion�rio do consulado respons�vel pela se��o de vistos, Jos� Luiz Neves.
Segundo Neves, o n�mero do consulado n�o � o definitivo. Al�m da representa��o de Lisboa, h� tamb�m a do Porto. E h� outras formas de obter o visto de trabalho, atrav�s de casamento, por exemplo. "As pessoas normalmente n�o come�am o processo aqui. Aqui � conclu�do. Come�a no Minist�rio do Trabalho e do Emprego, com o pedido por parte da empresa."
Sobre o perfil do portugu�s que busca o visto para trabalhar no Brasil, Neves relata que "s�o predominantemente engenheiros e t�cnicos de plataformas de petr�leo. Mas h� outras profiss�es, como arquitetos".
Emigrantes
O oficial de n�utica Bruno Pereira, de 26 anos, � um dos que fizeram fila no consulado para receber o visto de trabalho. Ele trabalha em navios que fornecem a log�stica para plataformas de petr�leo.
"L� (no Brasil) o neg�cio do petr�leo est� muito forte. Em Portugal, n�o teria

"Eu recebo sal�rio europeu. Nas empresas brasileiras, os oficiais de n�utica recebem perto de R$ 10 mil por m�s, mais previd�ncia privada e seguro de sa�de. Nas empresas europeias recebemos um pouco menos do que isso e sem seguro de sa�de nem previd�ncia privada".
Para o arquiteto Pedro Ribeiro, de 40 anos, o Brasil vai ser o caminho para fugir da crise. Especializado em remodela��o de interiores, com mais de 15 anos de profiss�o, ele escolheu o Recife como destino por conta dos contatos profissionais que tem na cidade, muitos dos quais trabalharam em Portugal.
O PAC 2 prop�e investimentos que s� uma engenharia de qualidade pode suportar. A engenharia que o Brasil precisa � muito voltada par a constru��o civil, para a ind�stria do petr�leo e para a energia.
Carlos Matias Ramos, presidente da Ordem dos Engenheiros de Portugal Na fila do consulado, ele explicou sua decis�o por tr�s raz�es. "Primeiro, porque � um pa�s que tem forte crescimento econ�mico; segundo, pela familiaridade da l�ngua; (terceiro) por quest�es familiares, porque eu sou casado com uma brasileira."
Ribeiro comparou a situa��o portuguesa atual com a de 2007, de antes da crise internacional. "Estamos agora com metade da quantidade de trabalho e metade das margens de lucro".
Dificuldades
Apesar da alta demanda por engenheiros no Brasil, o presidente da Ordem dos Engenheiros de Portugal, Carlos Matias Ramos, diz que � dif�cil ter dados exatos sobre o n�mero de profissionais lusos que atravessaram o Atl�ntico.
A �nica forma de conhecer esse n�mero � atrav�s dos pedidos de inscri��o no sistema Confea/CREA, os conselhos de engenharia e arquitetura brasileiros. No final do ano passado havia pelo menos 1,2 mil engenheiros portugueses praticando engenharia no Brasil, diz Matias Ramos.
O chefe da Ordem acredita que o n�mero de engenheiros portugueses no Brasil

Por outro lado, ele diz que muitos engenheiros portugueses enfrentam problemas para ter seus t�tulos reconhecidos no Brasil e que, em alguns casos, se forem cumpridas todas as exig�ncias, "o reconhecimento do t�tulo de engenheiro pode levar 24 meses".
Em outros casos, como o da mestranda Gra�a Rodrigues, que est� se especializando em museologia, os planos de quem deixa Portugal "n�o t�m a ver com a falta de emprego", e isso com a oportunidade de ampliar os horizontes. Com uma bolsa de estudos para estudar tr�s meses na Bahia, ela diz quer ver como est� o mercado profissional brasileiro em sua �rea, a de produtora de exposi��es.
"Isso n�o tem a ver com falta de emprego. Eu trabalho numa galeria de arte em Lisboa", afirma. A escolha da Bahia se deve � sua forma��o em Hist�ria da Arte com especializa��o no barroco. "O Brasil tem um trabalho muito forte sobre o barroco. Gostaria de estabelecer uma rela��o entre as universidades de l� com equipes portuguesas de universidades portuguesas para trabalharem em conjunto."