Apesar de ganhar cada vez mais import�ncia no fluxo global de riquezas, o grupo das maiores economias emergentes do mundo - os Brics, grupo composto por Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul - ainda mant�m rela��es assim�tricas entre os seus membros, tanto em termos comerciais como de investimentos, com forte preponder�ncia dos chineses sobre os demais pa�ses. A conclus�o � de um estudo apresentado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), que alerta para o risco de o car�ter multilateral do grupo ser enfraquecido pela for�a chinesa nessas rela��es.
Maior economia entre os Brics, a China influencia o desenho da integra��o que o Brasil tem constru�do com o grupo, segundo o Ipea. O gigante asi�tico j� � o maior parceiro comercial brasileiro, mas a pauta de exporta��es do Pa�s se concentra em produtos prim�rios e commodities, assim como ocorre nos embarques para �ndia e R�ssia. Apenas nas vendas para a �frica do Sul a participa��o de manufaturados � maior que a de b�sicos.
Apesar de manter super�vit comercial com os Brics, ressalta o estudo, o Brasil em geral tem exportado bens prim�rios e intermedi�rios para o grupo e importado manufaturados mais sofisticados. "A quest�o � que isso pode, no m�dio e longo prazo dificultar, ou at� bloquear, os anseios brasileiros por integrar-se ao mundo industrializado desenvolvido", afirma o documento.
Por isso, o Ipea alerta que o Brasil precisa buscar alternativas para ampliar as exporta��es de bens industrializados para o grupo, ainda que a demanda chinesa continue concentrada mais em alimentos, infraestrutura e energia. Al�m disso, como os pre�os das commodities variam conforme o cen�rio econ�mico mundial, seria arriscado continuar dependendo preponderantemente das vendas desses produtos.
"O aprofundamento das rela��es do Brasil com os outros pa�ses do grupo pode ser uma forma de equalizar e melhorar o poder de barganha do Brasil com a China", afirmou o analista do Ipea, Andr� Calixtre.
Segundo o Ipea, os fluxos de investimentos entre os pa�ses tamb�m revelam a forte assimetria do grupo. Mas apesar de os investimentos brasileiros nos Brics ainda serem modestos, um ter�o das empresas brasileiras j� estariam pensando em buscar oportunidades nesses pa�ses, principalmente nos setores de infraestrutura na China e na �ndia.
"O tema a considerar, neste caso, s�o as barreiras comerciais existentes para tanto, inclusive barreiras institucionais, como o elevado custo de negocia��o industrial no caso da �ndia, que possui mais de uma entidade representativa para esse fim", destaca o estudo.
O documento tamb�m ressalta a possibilidade de maiores parcerias no �mbito da seguran�a alimentar e energ�tica, al�m de destacar os que os or�amentos militares dos pa�ses do grupo est�o entre os maiores do mundo, gerando oportunidades para empresas brasileiras desses setores.
Tamb�m foi lembrada a competitividade do Pa�s nos setores automobil�stico e farmac�utico. "Apesar de n�o ter a pretens�o de se tornar um bloco econ�mico, o Brasil deveria aproveitar o espa�o privilegiado do grupo para incrementar suas rela��es com esses pa�ses", acrescentou Calixtre.
Da mesma forma, o Ipea tamb�m alerta para o avan�o crescente dos investimentos chineses na Am�rica do Sul e na �frica, tomando um espa�o que poderia ser melhor aproveitado pelo Brasil.