A proposta de trabalho em uma multinacional trouxe Evandro Freitas e a fam�lia para Belo Horizonte h� cerca de um ano e meio. Sua mulher, Maria Lu�sa Rodrigues Silveira, j� tinha emprego garantido em uma loja de sapatos da capital, mas n�o chegou a trabalhar sequer um dia. Antes, decidiu que era hora de realizar o sonho de ser m�e. Para isso, estava disposta a abrir m�o da carreira profissional. O fato de a renda familiar ter aumentado, com o novo emprego do marido, ajudou na tomada da decis�o.
Assim como Maria Lu�sa, v�rias mulheres est�o optando por ficar em casa, o que ajuda a inverter um caminho que parecia sem volta. Ano ap�s ano, elas vinham ganhando espa�o no mercado de trabalho mas, desde 2007, perdem participa��o na Popula��o Economicamente Ativa (PEA), composta pela parcela de trabalhadores ocupada e desempregada.
Em 2007, do total de mulheres com mais de 10 anos na Grande BH, 54,1% estavam na PEA, enquanto em 2010 o percentual fechou em 50,8%, com queda de 6,1%. Com o resultado, o �ndice alcan�ou patamares semelhantes aos de 2002, quando foi de 50,9%, representando uma regress�o de oito anos na conquista de postos na for�a de trabalho local. A retra��o tamb�m foi observada entre os homens, mas em ritmo praticamente duas vezes inferior, com baixa de 3,4%.
Os dados fazem parte de um levantamento realizado com exclusividade para o jornal Estado de Minas pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) M�rio Rodarte baseado na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada pelo Dieese e Funda��o Jo�o Pinheiro. Desde o in�cio da s�rie hist�rica, em 1996, o �ndice de mulheres no mercado vinha apresentando altas sucessivas, com apenas duas retra��es at� 2007, sendo uma entre 1997 e 1998, quando passou de 47,9% para 47,7%, e outra entre 2004 e 2005, com queda mais expressiva, de 54,1% para 53%. (Veja quadro)
Cen�rio invertido
De 2007 at� 2010, por�m, o cen�rio se inverteu e as quedas passaram a ser recorrentes. Para Rodarte, � poss�vel levantar algumas hip�teses para o cen�rio atual. “O resultado est� muito atrelado � decis�o dos jovens em adiar a entrada no mercado de trabalho. A taxa de participa��o tamb�m cai nos segmentos de faixa et�ria onde incide o per�odo reprodutivo, o que pode significar que as mulheres est�o saindo da for�a de trabalho para se tornar m�es”, pondera.
Somente entre 2009 e 2010, 37 mil pessoas sa�ram do mercado de trabalho na Grande BH. Deste total, 35 mil eram mulheres. Isso n�o quer dizer que elas estejam entrando na lista de desempregados, mas sim que est�o parando de procurar oportunidades ou, simplesmente, abrindo m�o da carreira