Entre as diferentes formas de contabilizar a extrema pobreza no pa�s, o governo optou por definir como alvo do plano "Brasil sem Mis�ria", a ser detalhado nas pr�ximas semanas, os que t�m renda mensal de at� R$ 70 por pessoa da fam�lia. Nessa condi��o, contam-se atualmente 16,3 milh�es de brasileiros, ou 8,5% da popula��o, segundo c�lculos preliminares feitos com base no rec�m-lan�ado Censo de 2010.
Uma das principais promessas de campanha da presidente Dilma Rousseff foi erradicar a pobreza extrema ao longo dos quatro anos de mandato. Sobre a meta, a secret�ria extraordin�ria de erradica��o da pobreza, Ana Fonseca, disse: "Sim, n�s faremos sim, n�s vamos tirar as pessoas da extrema pobreza". Ao seu lado o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), Eduardo Nunes, chamou a aten��o para um detalhe t�cnico: "� uma impossibilidade estat�stica chegarmos a um valor zero de miser�veis no Pa�s".
A extrema pobreza n�o se limita � insufici�ncia de renda. Perfil apresentado pelo presidente do IBGE mostra que os miser�veis brasileiros t�m menos acesso � energia el�trica, ao abastecimento de �gua, ao esgoto sanit�rio e a banheiro em suas casas, que representam 7% dos domic�lios brasileiros.
Os miser�veis ocupam pouco mais de 4 milh�es de domic�lios no Pa�s. A extrema pobreza est� mais concentrada nas cidades (53 3%) do que no campo (46,7%). Entre as regi�es do Pa�s, a incid�ncia da pobreza extrema � maior no Nordeste. Moram ali 9,6 milh�es (59%) dos miser�veis brasileiros. A Regi�o Sudeste � a segunda em volume de pessoas em extrema pobreza (17%).
Os dados mais contundentes dizem respeito ao n�vel de analfabetismo. O �ndice de analfabetismo absoluto, daqueles com mais de 15 anos que n�o sabem ler nem escrever um bilhete simples, � de 9,6% no Pa�s. Entre os extremamente pobres, o �ndice chega a 22% nas cidades e a 30,3% nas zonas rurais.
O analfabetismo atinge tamb�m os jovens nessa faixa de renda. Nas cidades, 5,2% dos jovens entre 15 e 17 anos s�o analfabetos. Na zona rural, o problema atinge 7,2% dos jovens nessa faixa et�ria.
A ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social), respons�vel pela coordena��o do plano "Brasil sem Mis�ria", disse que, com as medidas a serem anunciadas pessoalmente por Dilma Rousseff ainda em maio, ser� poss�vel erradicar a pobreza extrema n�o apenas na dimens�o da renda. "� um plano ambicioso e com a��es complexas", afirmou. O plano inclui expans�o dos servi�os p�blicos e inclus�o produtiva, al�m da busca aos mais exclu�dos.
"N�o estamos falando de um contingente residual da popula��o, mas de quase um entre dez brasileiros", comentou Marcio Pochmann presidente do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea).
O primeiro passo para o detalhamento das medidas de combate � mis�ria era saber qual o tamanho da extrema pobreza no Pa�s. O valor definido como renda m�xima coincide com o j� usado para o acesso de fam�lias ao programa Bolsa Fam�lia, que paga entre R$ 32 e R$ 242 mensais.
O valor se aproxima do par�metro mundial para o c�lculo da extrema pobreza, definido pela Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), e seria suficiente para comprar uma cesta b�sica em quase todo o Pa�s, segundo dados da Pesquisa de Or�amentos Familiares (POF). "Se o valor n�o � suficiente para a regi�o metropolitana de S�o Paulo o do Rio, isso diz respeito �s desigualdades regionais", justificou Ana Fonseca.
O governo vai reajustar a cada ano o valor da linha da extrema pobreza, de forma a monitorar os resultados do "Brasil sem Mis�ria".