
O custo da arroba do boi, diferentemente do que se poderia esperar, j� veio alto da temporada da safra, apesar das chuvas fartas, bons pastos e, portanto, mais facilidade para engorda dos bois. Os supermercados avisam que v�o jogar duro com a ind�stria, porque n�o est�o dispostas a perder vendas, segundo o superintendente da Associa��o Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues. “Daqui para frente as negocia��es engrossam com os frigor�ficos. Os supermercados t�m de negociar bem agora para garantir vantagens e repass�-las ao consumidor mais � frente”, diz.
Jogo de empurra O presidente da Associa��o de Frigor�ficos de Minas Gerais, Esp�rito Santo e Bras�lia (Afrig), S�lvio Silveira, d� o troco e vai logo sustentando que nas atuais condi��es da oferta e da procura das carnes em geral, n�o h� porque imaginar um cen�rio de alta dos pre�os no varejo. “Ningu�m tem bola de cristal. A carne barateou neste ano e h� op��es boas das carnes su�na e de frango. Ela est� cara � no supermercado”, diz. Embora bem superior a abril do ano passado, o valor da arroba do boi �, de fato, menor do que em novembro, quando atingiu o pico de R$ 103 em Minas, de acordo a �rea t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do estado (Faemg).
Adilson Rodrigues, da Amis, pondera que os pre�os da carne nos supermercados baratearam 4% de janeiro a abril. Pesquisa feita pela Scot Consultoria, especializada em agroneg�cio, constatou redu��o m�dia de 13% dos pre�os da carne bovina no varejo em Minas desde janeiro. O analista de agroneg�cios da Faemg, Rodrigo Padovani, observa que no caso das cota��es do boi gordo elas ainda se mantiveram em patamares elevados. “Esse ainda � o reflexo da falta do bezerro, que n�o d� para criar da noite para o dia”, diz.
Segundo o superintendente de Marketing da Associa��o Brasileira dos Criadores de Zebus (ABCZ), o pecuarista e zootecnista Jo�o Gilberto Bento, o que manda na valoriza��o da arroba � o mercado: a lei da oferta e da procura. Ele lembra que em 2006 e 2007 o pre�o da arroba ficava perto de R$ 50. Os produtores de gado de corte come�aram a ter preju�zo, ficaram desestimulados e diminu�ram o plantel. Houve um grande abate de matrizes. E o reflexo � visto agora, com a redu��o do n�mero de bezerros para engorda e para o abate.
Consumido dita pre�os
A valoriza��o dos pre�os no atacado ainda ganhou for�a com o aumento do consumo, uma vez que as classes C, D e E, passaram a inserir a carne bovina de cortes mais nobres, como picanha e fil�, com mais frequ�ncia no card�pio e nos churrascos de fim de semana. O consumo � que vai ditar o ritmo de evolu��o dos pre�os no varejo, para o analista e zootecnista Alex Lopes da Silva, da Scot Consultoria. “O �nico term�metro do varejo � o consumo. O varejista sempre trabalha com margens mais altas (diferen�a entre o que paga ao frigor�fico e o pre�o de venda ao consumidor) e consegue absorver parte da alta para estimular o consumidor”, afirma. Carlos Ferreira Rocha, gerente comercial do Frigor�fico Uberaba, com 30 lojas na Grande BH, afirma que o trabalho da empresa ser�, mesmo, de conter repasses ao consumidor.
“O mercado n�o comporta pre�os ainda mais altos. No varejo, a carne de boi ainda est� 15% mais cara em compara��o ao ano passado”, diz Wanderley Ramalho, diretor adjunto da Funda��o Ipead, alerta para o componente especulativo das remarca��es de pre�os e o papel do consumidor para regular o mercado. “H� press�es, sim, mas nada fora de controle. O consumidor tem o papel crucial de rejeitar aumentos e substituir o produto por op��es mais baratas”, afirma. Pedro Ivo Viana, dono de uma das tr�s lojas do Frigor�fico Montalv�nia, diz que n�o interessa ao com�rcio a volta da acelera��o dos pre�os da carne observada no ano passado.