Estimulados pela economia chinesa, os pre�os das mat�rias-primas mantiveram a sua ascens�o em 2010, registrando novos recordes, embora esta progress�o possa se reverter este ano, segundo um relat�rio da Cyclope, a 'b�blia' dos mercados mundiais.
"Os pre�os nunca estiveram t�o altos. Assistimos a um verdadeiro impacto, o maior desde os anos 70", advertiu Philippe Chalmin, professor de Hist�ria Econ�mica da Universidade Paris-Dauphine e coordenador do informe divulgado nesta ter�a-feira.
Esta "maldi��o das mat�rias-primas" �, segundo Chalmin, a causa das revolu��es que sacodem o mundo �rabe desde o in�cio do ano. Embora os pre�os tenham subido 30% no total, segundo o �ndice Cyclope, as altas mais fortes foram registradas pela borracha (+89%), pelo algod�o (+65%), pelo min�rio de ferro (+62%), pelo estanho (+50%) e pelo n�quel (+49%).
O cobre, consumido pela China em grande escala, acaba de superar os 10.000 d�lares a tonelada (+46%), um recorde. Os pre�os dos cereais tamb�m dispararam em 2010, em particular o milho (+15%) e o trigo na Europa (+26%). S� o pre�o do arroz caiu, em 10%, gra�as ao aumento da produ��o.
"N�o h� risco de escassez, mas com certeza existe um aumento da demanda mundial e uma queda dos estoques. Tudo isto n�o � muito saud�vel", disse Fran�ois Luguenot, especialista em produtos agr�colas que participou da elabora��o do relat�rio.
O pre�o do caf� subiu 27%. Os principais produtores latino-americanos, como Brasil, Col�mbia e M�xico, atravessaram problemas meteorol�gicos, o que suscitou temores de uma queda da produ��o. Em rela��o ao algod�o, a libra superou o d�lar em setembro de 2010 e agora j� est� cotada a 1,60 d�lar/libra (+65% entre 2009 e 2010).
No setor energ�tico, o petr�leo se mostra est�vel rondando os 80 d�lares o barril, com leves tens�es nos �ltimos meses de 2010. Em troca, o mercado do carv�o teve um final de ano tenso devido, sobretudo, �s inunda��es que atingiram Queensland (Austr�lia), maior exportador mundial de carv�o coque.
Os pre�os de quase todas as mat�rias-primas podem ter atingido o teto, segundo os especialistas. "Em alguns mercados, como o do algod�o e dos metais, enfrentamos pre�os irracionais em rela��o � demanda", ressaltou Chalmin, que considera que em 2011 pode haver uma corre��o.
A China, maior importadora de soja e de min�rio de ferro, poder� tentar conter a infla��o galopante e a disparada dos pre�os do setor imobili�rio com a redu��o de seu crescimento, o que reduziria seu apetite por mat�rias-primas, aliviando a tens�o dos pre�os.
J� o d�lar recuperou seu vigor frente � moeda europeia afetada pelas altas d�vidas de alguns pa�ses da Zona do Euro. "Um d�lar mais forte derrubaria os pre�os, logicamente", disse Chalmin. Mas a grande inc�gnita continua sendo a especula��o.
Os fundos de "investidores institucionais preocupados em diversificar seu portf�lio atingiram mais de 300 bilh�es de d�lares em 2010", indica o relat�rio, ressaltando que a regula��o dos mercados deixa "bastante a desejar".
A regula��o dos pre�os das mat�rias-primas e sua volatilidade s�o, com a reforma do sistema monet�rio internacional, umas das principais preocupa��es da Fran�a durante sua Presid�ncia do G20.