O Fundo Monet�rio Internacional (FMI) n�o tem uma receita estruturada para controlar fluxos de capitais e evitar o excesso de liquidez mundial. Em semin�rio promovido pelo FMI sobre a administra��o de fluxos de capitais em pa�ses emergentes, no Rio de Janeiro, o diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, Olivier Blanchard, afirmou hoje que n�o h� uma solu��o definida para aplica��o de medidas nesse campo. “Ainda n�o sabemos qual � a solu��o ideal para essa situa��o”. Ele revelou que o assunto � objeto de debate no FMI h� um ano e meio.
Tradicionalmente, segundo Blanchard, o FMI sugere aos pa�ses duas ferramentas para a administra��o desses fluxos, a forma��o de reservas e o controle fiscal. As reservas s�o os recursos que um pa�s tem, dispon�veis para gastar emergencialmente, caso necessite. Elas garantem a estabilidade da moeda. J� o controle fiscal diz respeito � conten��o de gastos p�blicos.
Segundo o diretor de pesquisa do FMI, no semin�rio, foram apontadas outras medidas as quais os pa�ses podem lan�ar m�o para controlar o fluxo de capitais, que, em volume excessivo, � nocivo �s economias. Entre essas medidas, est�o a pol�tica monet�ria, as medidas macroprudenciais e o controle de capital.
Ou seja, o controle da infla��o, com a manuten��o do poder de compra da moeda, no caso da pol�tica monet�ria e a restri��o do cr�dito, como tem sido feito no Brasil, como medida macroprudencial, cujo efeito � garantir a robustez do sistema financeiro, impedindo uma press�o sobre a infla��o.
Blanchard destacou, entretanto, que cada caso � um caso e que as medidas de controle podem ser adotadas em conjunto, ou n�o. “N�o h� uma receita para essas medidas serem aplicadas”, refor�ou. Ele observou que o controle dos fluxos de capitais “� uma quest�o de estrutura t�cnica e [essa quest�o] n�o pode ser tratada de forma pol�tica ou ideol�gica” e que deve ser feito pelos pa�ses conforme a realidade de suas economias.
Remessas de dinheiro ou valores, feitas por investidores (empresas ou fundos), de um pa�s para outro, os fluxos de capitais podem ter efeito produtivo, quando o investimento � de longo prazo e gera riqueza e empregos no pa�s receptor dos recursos, ou especulativo, quando os investimentos s�o de curto prazo e visam ao lucro imediato.
Blanchard reconheceu que existe atualmente, no mundo, um fluxo excessivo de capitais. De acordo com relat�rio divulgado, em abril, pela Organiza��o das Na��es Unidas para o Com�rcio e o Desenvolvimento (Unctad), as economias em desenvolvimento receberam pela primeira vez, em 2010, mais da metade do fluxo mundial de investimento estrangeiro direto (IED). Essas movimenta��es subiram 23% no ano passado, em rela��o a 2009, atingindo US$ 316 bilh�es, enquanto o fluxo global de IED subiu 13%, totalizando US$ 1,346 trilh�o.