Canind� de S�o Francisco (SE) e Pia�abu�u (AL) – As coloridas sombrinhas vendidas aos s�bados por Jaerte dos Santos, de 24 anos, na tradicional feira de Canind� de S�o Francisco, garantem lucro de 31%. “Cada unidade custa R$ 8 e fico com R$ 2,50. Em m�dia, saem 60 pe�as por m�s”, conta. Os acess�rios para bicicletas negociados na loja da amiga Jilvaneide Alves Filho, de 32, t�m margem maior ainda, de 70%. O segredo de percentuais t�o elevados vem do outro lado do planeta. “S�o produtos chineses”, entrega Jilvaneide. “Eles v�o tomar conta do com�rcio da regi�o”, anuncia.
Jaerte dos Santos conta que consegue as mercadorias em Aracaju (SE), a 206 quil�metros de Canind�. Outros comerciantes, como Jos� Caetano da Silva, dono de uma pequena loja em Pia�abu�u (AL), preferem buscar os produtos asi�ticos em Caruaru (PE). A viagem, de 235 quil�metros, revela Silva, muitas vezes � tensa. “O lucro � bom. O problema � que temos de pagar pela escolta armada porque o risco de assalto em algumas estradas do Nordeste � grande”, conta o comerciante, que tamb�m vende sombrinhas asi�ticas. Segundo ele, al�m do pre�o, estampas extravagantes e cores fortes dos produtos chineses atraem o interesse dos consumidores.
Rota
A chegada de produtos da China a cidades distantes da Bacia do S�o Francisco, parte deles de forma ilegal, mostra como a rede de distribui��o das mercadorias no pa�s � eficiente. Para chegar � costa brasileira, os produtos asi�ticos s�o transportados, de navio, por cerca de 17 mil quil�metros. A maioria dos cont�ineres chega aos portos de Santos (SP) ou Paranagu� (PR), de onde seguem para importantes centros urbanos. Dali, s�o distribu�dos para cidades menores.
Nem toda mercadoria entra legalmente no pa�s, diz um agente da Receita Federal. “Os cont�ineres deixam a China com destino ao Paraguai”, conta o agente. Mas, como o pa�s vizinho n�o tem litoral, ele prossegue, o desembarque � feito no Brasil. “Da costa, seguem em carretas ao Paraguai. Parte da mercadoria � desviada no meio do caminho para grandes centros. Outra parte chega ao pa�s vizinho e volta ao Brasil por meio de atravessadores, mulas, sobretudo bolivianos”, informa o funcion�rio da Receita.
Preju�zo
A multiplica��o de mercadorias chinesas no S�o Francisco, sustentam empres�rios, � exemplo de como a concorr�ncia desigual prejudica f�bricas brasileiras. Estudo da Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp), batizado de Competi��o Brasil-China nos mercados externo e interno, indica que a ind�stria nacional deixou de vender US$ 14,4 bilh�es no mercado interno entre 2004 e 2009. J� as exporta��es para Uni�o Europeia, Estados Unidos e Argentina teriam sido afetadas em US$ 12,6 bilh�es.
Economistas avaliam que a alta carga tribut�ria do Brasil � um dos problemas. “A primeira coisa a ser discutida � o porqu� de os produtos brasileiros serem t�o caros”, alerta o economista Ant�nio Carlos Bertucci, da PUC Minas. “� devido, sobretudo, � alta carga tribut�ria no pa�s, de mais de 40%. Na China, � de 20%”, acrescenta. “H� v�rias outras justificativas, como o fato de o governo nacional gastar muito e mal o dinheiro p�blico. Para combater o excesso de despesas, aumenta a taxa de juros. J� o grosso do tributo chin�s vai para infraestrutura em estradas f�rreas, aeroportos…”, compara Bertucci. Ele lembra, tamb�m, que a alta do real e a subvaloriza��o da moeda chinesa tamb�m contribuem para o avan�o dos produtos asi�ticos pelo Brasil.
Navegando
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Sobradinho (BA)
A fiscaliza��o prec�ria em estradas do Nordeste proporciona cenas at�picas para quem mora nos grandes centros urbanos, onde o autom�vel ao lado teria dificuldades para percorrer longa dist�ncia sem ser parado pela autoridade de tr�nsito. As caixas, amarradas com corda fr�gil, podem causar grave acidente se ca�rem no asfalto. Muitos mapas rodovi�rios vendidos em bancas de revistas alertam para o risco da a��o de quadrilhas em algumas estradas do Nordeste.