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Estado de Minas

Infraestrutura deficiente barra crescimento na Bacia do S�o Francisco


postado em 03/06/2011 06:00 / atualizado em 03/06/2011 07:18

Roteiros ecológicos, de lazer e religiosos atraem visitantes e investimentos para região(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)
Roteiros ecol�gicos, de lazer e religiosos atraem visitantes e investimentos para regi�o (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)

Pirapora (MG), Campo Alegre de Lourdes (BA) e Delmiro Gouveia (AL) A riqueza produzida na Bacia do S�o Francisco enfrenta caminhos tortuosos para abastecer os mercados dentro e fora do vale. A subutiliza��o da hidrovia Pirapora (MG)-Petrolina (PE) e a situa��o prec�ria de boa parte da malha vi�ria que acompanha o leito, com longos trechos de terra esburacados, freiam o desenvolvimento de cidades, aumentam os custos da produ��o e encarecem os produtos que chegam � mesa dos moradores.

Embarca��es abandonadas em portos ao longo do rio ilustram a decad�ncia da hidrovia. Dos 1.371 quil�metros entre Pirapora e Petrolina, a navega��o de cargas ocorre apenas entre Ibotirama e Juazeiro, na Bahia, num total de 610 quil�metros. De Ibotirama a Pirapora (767 km), h� longos trechos assoreados. “Sonho em ver esse trecho naveg�vel”, diz o comandante Juscelino de Souza Silva J�nior, capit�o de corveta t�cnico da Marinha. O uso de hidrovia para transporte de carga, modal mais econ�mico, poderia reduzir o pre�o dos produtos na mesa do consumidor.

Especialistas avaliam que, na d�cada passada, os produtores pagavam R$ 0,056 para transportar, em carretas, uma tonelada de soja a cada quil�metro. Na ferrovia, o custo ca�a para R$ 0,016. Nas hidrovias, para R$ 0,009. “O modal hidrovi�rio � reconhecido mundialmente como o transporte de menor custo e de menor impacto ambiental, sobretudo para grandes dist�ncias e cargas de baixo valor agregado”, ressalta Sebasti�o Jos� Marques de Oliveira, superintendente de Administra��o da Hidrovia do S�o Francisco (Ahsfra). “Mas uma hidrovia somente cumprir� seu papel se houver a possibilidade de uso intermodal, o que ocorre no S�o Francisco. Temos ferrovia, rodovia, hidrovia e aeroporto tanto em Pirapora quanto em Petrolina”, acrescenta.

O governo federal promete revitalizar a hidrovia at� 2014. A meta � destinar R$ 420 milh�es para obras na calha do rio – desassoreamento e sinaliza��o – e na restaura��o de portos, como o de Pirapora, onde a produ��o que chegar nas embarca��es poder� ser estocada no Terminal Intermodal (TIP), inaugurado em 2009 pela Ferrovia Centro-Atl�ntica (FCA), controlada pela Vale. De l�, a mercadoria segue at� o Porto de Tubar�o (ES) para ser exportada. O TIP gerou 20 mil empregos diretos e beneficiou produtores de Minas e da Bahia ao reduzir custos com as carretas, que antes precisavam ir a BH para abastecer os vag�es que partem para o Porto de Tubar�o.

“A economia com o frete rodovi�rio permitiu aos compradores (externos) pagar R$ 2 a mais por cada saca de soja embarcada aqui”, afirma Alexandre Lobo, engenheiro-agr�nomo da Vale. O TIP embarcou 250 mil toneladas de gr�os em 2009 e 700 mil em 2010. “Para 2011, a previs�o � superar um milh�o de toneladas”, diz Eduardo Caleia, gerente-geral de Fomento da FCA.

Buracos

O descaso do poder p�blico com boa parte das estradas do vale tamb�m provoca preju�zo e torna as viagens perigosas. De Barra a Pil�o Arcado, na Bahia, o motorista percorre cerca de 250 quil�metros de uma estrada de terra cheia de buracos e curvas acentuadas. “Os produtos chegam caros para n�s e a margem do lucro fica pequena”, reclama Eleni Borges de Moura, de 47 anos. “O sonho de qualquer morador � o asfalto”, diz ela, dona de um mercado em Buritirama, na Bahia.


A fiscaliza��o prec�ria � outro problema. Diariamente, dezenas de paus de arara cruzam cidades da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. “A viagem de Campo Alegre de Lourdes ao distrito de Jetuitara dura 2 horas na estrada de ch�o e custa R$ 12. Levo at� 40 passageiros”, conta o motorista Darci de Souza, de 46. Empres�rios admitem, em sigilo, que falta vontade pol�tica para pavimentar os caminhos da regi�o. “Algumas cidades recebem moradores do Piau�, que v�m fazer compras. Se o asfalto vier, o com�rcio ser� prejudicado porque muita gente vai preferir ir a Casa Nova, Juazeiro ou Petrolina”, conta um comerciante.

Um rio de volta ao debate

A s�rie de reportagens publicada pelo Estado de Minas desde domingo sobre a economia do S�o Francisco reacende debate sobre a import�ncia da bacia para o desenvolvimento do pa�s, a necessidade de investimentos e sobre problemas nacionais que se refletem na regi�o. Para o economista Frederico Mafra, professor de estrat�gia competitiva do Ibmec e consultor s�nior da Global ON Consultores Associados, a falta de investimentos em infraestrutura � um dos pontos centrais de discuss�o. “A falta de infraestrutura, mais do que decis�o econ�mica, � pol�tica, pois, dadas as potencialidades da regi�o, n�o h� falta de recursos”, avalia. O presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado J�nior, chama a aten��o para a invas�o de produtos chineses no com�rcio de cidades ao longo do rio. “� um problema e tanto para a ind�stria”, admitiu. Para autoridades estaduais, as reportagens do EM reafirmam a import�ncia do rio para o desenvolvimento do pa�s. “O rio foi o respons�vel pela ocupa��o territorial e econ�mica do sert�o pernambucano”, lembrou Geraldo J�lio, secret�rio de Desenvolvimento Econ�mico de Pernambuco. Paulo S�rgio Machado Ribeiro, subsecret�rio de Pol�tica Mineral e Energ�tica da Secretaria de Desenvolvimento Econ�mico de Minas Gerais, destacou a perspectiva positiva aberta pela descoberta de g�s na Regi�o Central e no Noroeste do estado.

 

Navegando

Di�rio de bordo

Sa�mos de BH �s 3h de uma segunda-feira para percorrer 5 mil quil�metros pela Bacia do S�o Francisco. Acompanhar o Velho Chico da nascente � foz n�o � tarefa f�cil. H� longos trechos de estrada de ch�o. Dois deles atrasaram muito a viagem. Em Carinhanha (BA), soubemos que os 132 quil�metros at� Bom Jesus da Lapa (BA) estavam intransit�veis. A alternativa foi passar pela BR-030, numa volta de 289 km. Ainda no agreste, levamos quase 12 horas para atravessar os 250 km entre Barra a Pil�o Arcado. A grande quantidade de cabritos e jumentos �s margens das prec�rias estradas do Nordeste tamb�m exige cuidado. Dalton Maia, nosso motorista, teve trabalho para desviar dos animais. No munic�pio de S�o Francisco, alugamos uma canoa por R$ 50 para ir � Ilha Uni�o, onde entrevistamos uma fam�lia cujo sobrenome homenageia o rio. O problema foi a canoa: buracos na embarca��o permitiam a entrada de muita �gua, retirada com vasilhame de pl�stico. A viagem durou quase 45 minutos. A simpatia dos ribeirinhos � um cap�tulo � parte e pode ser resumida na fala de seu Arnaldo da Concei��o, que ganha a vida na lavoura: “� a �nica ab�bora que tenho em casa, mas pode levar para provar”. Educadamente, recusamos a oferta. (Paulo Henrique Lobato e Gladyston Rodrigues)


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