
O novo diretor-geral da Organiza��o das Na��es Unidas para a Agricultura e a Alimenta��o (FAO), o brasileiro Jos� Graziano da Silva, admitiu que muitos pa�ses pobres n�o conseguir�o cumprir com as metas fixadas pela ONU para reduzir at� 2015 pela metade o n�mero de pessoas que passam fome, em uma entrevista concedida nesta sexta-feira AFP.
Em 2000, os 192 pa�ses membros das Na��es Unidas fixaram os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Mil�nio, entre eles o de reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a propor��o de pessoas que padecem com a fome, calculada em cerca de 400 milh�es de pessoas. "A Meta do Mil�nio estabelecia reduzir pela metade o n�mero de pessoas com fome. Ainda assim, creio que muitos pa�ses pobres n�o poder�o faz�-lo, principalmente os pa�ses pobres menores, onde muitas vezes as necessidades e urg�ncias s�o maiores", afirmou, em uma das primeiras entrevistas concedidas � imprensa.
"O que faz falta s�o duas coisas: recursos e coopera��o internacional para apoiar esses pa�ses mais fr�geis, porque eles n�o podem alcan�ar os objetivos por conta pr�pria", explicou. "Para a erradica��o da fome n�o � preciso inventar a roda. N�o � algo como uma central at�mica, que precisa de grandes inova��es tecnol�gicas. S�o programas conhecidos, como aumentar a produtividade da agricultura familiar, desenvolver os mercados locais de alimentos, porque � a� que se produz a seguran�a alimentar", acrescentou.
"H� muitos pa�ses que avan�aram, como Mali, na �frica, ou Vietn�. Outros conseguiram progressos substanciais e superaram as expectativas do mil�nio de reduzir pela metade o n�mero de pessoas que sofrem com a fome, porque dedicaram recursos e esfor�os concentrados para isso", disse ainda. "Os pa�ses que mostraram avan�os importantes envolveram a pr�pria sociedade no tema da erradica��o da fome", enfatizou Graziano, art�fice do programa "Fome Zero" e um dos t�cnicos mais

O diretor eleito da FAO antecipou que os pa�ses membros da entidade acertaram um aumento, sem especificar o montante, do or�amento da ag�ncia da Na��es Unidas, tal como exigido por ele. "N�o aceito o crescimento zero. Porque os temas da FAO crescem diariamente e pela situa��o de instabilidade financeira, com a desvaloriza��o do d�lar. Aceitar um or�amento em d�lares fixo � condenar a uma redu��o que vai se acumulando em anos, at� o desequil�brio financeiro", comentou ainda.
O or�amento come�a a ser discutido nesta sexta-feira em Roma durante a 37ª Sess�o da Confer�ncia da ONU, que conclu�ra no s�bado. "A solidariedade do mundo desenvolvido � a chave", admitiu, acrescentando que os representantes de mais de 10 pa�ses ricos j� manifestaram seu apoio e vontade de coopera��o. O novo diretor-geral da FAO - que assumir� o cargo em 1º de janeiro de 2012 e permanecer� na fun��o at� julho de 2015 - � o primeiro latino-americano a ocupar essa posi��o desde que a organiza��o foi fundada em 1945. Na disputa pelo cargo, o brasileiro, que obteve 92 votos contra 88 do ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos, recebeu o apoio da Am�rica Latina e dos chamados "pa�ses n�o-alinhados" do G-77, entre eles, boa parte da �frica e Indon�sia.