Juiz de Fora volta a atrair investimentos

Constru��es em a�o d�o novos ares ao distrito industrial de Juiz de Fora, polo da Zona da Mata, regi�o marcada na �ltima d�cada pela perda de dinamismo e de prest�gio da economia local, no sentido inverso ao caminho que tra�aram algumas das �reas mais industrializadas de Minas Gerais, a exemplo da Grande Belo Horizonte. A Manchester mineira, como Juiz de Fora ficou conhecida, e sem falsa mod�stia, ante a semelhan�a com a cidade inglesa que foi o ber�o da revolu��o industrial no s�culo 18, volta a atrair investimentos da iniciativa privada. � o primeiro sinal aparente de uma recupera��o. Boa parte desses recursos consiste em projetos da ind�stria metal-mec�nica, que se destacam num bolo de R$ 1,4 bilh�o em empreendimentos prometidos para o munic�pio at� o fim do ano que vem.

Motivos n�o faltam para o esfor�o que envolve empres�rios, a prefeitura e a Universidade Federal de Juiz de Fora para estimular a retomada da economia na regi�o. A Zona da Mata encolheu, ao perder participa��o no bolo da produ��o mineira de bens e servi�os, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), de 8,9% em 1999 para 7,8% em 2008, conforme levantamento mais recente da Funda��o Jo�o Pinheiro (FJP). Outras regi�es tamb�m recuaram, a exemplo do Sul mineiro, mas para a Zona da Mata ficou clara a dist�ncia menor em rela��o �s �reas mais carentes de Minas, o Vale do Rio Doce e o Norte, que pouco se alteraram no ranking de participa��o no PIB, respondendo por 6,4% e 4,2%, respectivamente.

O crescimento de Juiz de Fora e das cidades do entorno de 32%, em m�dia, no per�odo de 10 anos ficou muito aqu�m da taxa m�dia de expans�o do estado, de 53,4%. No �ltimo ano, outra m� not�cia acendeu o alerta: as exporta��es da Zona da Mata diminu�ram 70%, reservando � regi�o um naco de parcos 3,2% do com�rcio de Minas com o exterior. O retorno de investimentos importantes anunciados por empresas como a Codeme Engenharia, Brafer e A�otel j� � reflexo de uma virada, que conta com o regime especial tribut�rio adotado pelo governo estadual em 2009, na avalia��o do industrial Francisco Campolina, dono da Malharia Saturno e presidente da regional da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O decreto assinado pelo ex-governador A�cio Neves reduziu o Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os (ICMS) para 2% sobre uma s�rie de produtos, concedeu facilidades no cumprimento de obriga��es tribut�rias e deu prazos especiais para pagamento do tributo, como resposta aos incentivos fiscais concedidos em 2005 pela ent�o governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus. A guerra fiscal, declarada ilegal neste ano pelo Supremo Tribunal Federal, levou uma centena de empresas para o Rio, lembra Francisco Campolina.

Segundo estudo da Agenda Regional de Desenvolvimento de Juiz de Fora, entre 2008 e 2009, 1.263 postos de trabalho e R$ 331 milh�es escaparam de Minas Gerais, somados o potencial da produ��o e a arrecada��o de ICMS que o estado deixou de recolher. De acordo com o estudo, a cada R$ 1 milh�o de investimentos que se transferem de Minas para o Rio, o estado deixa de gerar R$ 1,5 milh�o em produ��o e de criar 27,3 postos de trabalho por ano.

Arrancada A rea��o do lado mineiro agora tem novo endere�o, deixando para tr�s a tradi��o derrubada da ind�stria t�xtil, que j� foi o carro-chefe da economia local. “Demos um primeiro passo, mas precisamos de pol�ticas diferenciadas, adequadas para a realidade de cada regi�o de Minas”, afirma Francisco Campolina. A ind�stria pujante dos anos 80, formada por grandes f�bricas de tecidos como a Ferreira Guimar�es e a S�o Vicente, com cerca de 2 mil empregados cada, sucumbiu. O setor, hoje, se caracteriza pelas pequenas e m�dias empresas.

Elas t�m f�lego na manuten��o de empregos, mas n�o conseguem multiplicar renda suficiente para movimentar a economia da Zona da Mata, na vis�o de Campolina. Cada caminh�o que a f�brica da Mercedes-Benz passar� a produzir avaliado em R$ 650 mil representa tr�s meses de faturamento de uma pequena confec��o. “A recupera��o da economia da regi�o passa pelos investimentos das m�dias e grandes empresas de segmentos de alto valor, como o metal-mec�nico e o automotivo”, afirma.

Al�m dos R$ 187 milh�es que ser�o desembolsados para a produ��o de estruturas met�licas pela Codeme, Brafer e A�otel, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econ�mico de Juiz de Fora registra projetos em implanta��o da Almaviva, empresa de telemarketing e inform�tica; Agplast, ind�stria de embalagens pl�sticas, Mercedes-Benz, Votorantim Metais e ArcelorMittal, totalizando R$ 1,052 bilh�o.

Mem�ria

Manchester mineira

A proximidade com o Rio de Janeiro e a riqueza gerada nas grandes fazendas de caf� no fim do s�culo 19 deram condi��es para Juiz de Fora se tornar o mais importante centro industrial de Minas Gerais entre 1850 e 1930. Iniciativas pioneiras, como a constru��o da Estrada Uni�o e Ind�stria, via pavimentada ligando a cidade ao Rio de Janeiro, em 1861, e a instala��o da primeira hidrel�trica da Am�rica Latina, a Usina de Marmelos (foto), em 1888, deram as condi��es para o desenvolvimento industrial de Juiz de Fora nas primeiras d�cadas do s�culo 20. O acelerado processo de industrializa��o levou a cidade-p�lo da Zona da Mata a contar 136 empreendimentos industriais em 1907 e a ser conhecida como a “Manchester mineira”,
numa alus�o ao ber�o da revolu��o industrial na Inglaterra, em meados do s�culo 18. Com o tempo, a usina virou museu e a economia de Juiz de Fora perdeu for�a.