Os brasileiros v�m se deslocando menos internamente nos �ltimos 15 anos e os grandes movimentos migrat�rios do Nordeste para o Sudeste chegaram ao fim, de acordo com o relat�rio Deslocamentos Populacionais do Brasil, divulgado nesta sexta feira pelo IBGE. Para uma das condutoras da pesquisa, a economia e a baixa natalidade explicam a tend�ncia.
Em 15 das 27 unidades da federa��o (Estados e o DF) a entrada e a sa�da de migrantes praticamente se equilibrou entre 2004 e 2009. Nenhum Estado foi classificado como "de forte evas�o" nem de "forte absor��o migrat�ria". Segundo a
"Nas d�cadas de 60 e 70, os grandes fluxos inclu�am popula��es rurais migrando para as cidades, com grandes contingentes se deslocando do Nordeste para o Sudeste. Isso tamb�m ocorria porque existia um grande excedente populacional, com altas taxas de natalidade e a mortalidade j� baixando naquela �poca", diz. Segundo dados do IBGE, em 1960 a brasileira tinha em m�dia 6,3 filhos, �ndice que caiu para 2,3, em 2000.
A maior uniformidade no desenvolvimento econ�mico, hoje n�o apenas concentrados no Sudeste, tamb�m explica o equil�brio populacional na maioria dos Estados, com poucas exce��es. Segundo a pesquisadora, a demografia e a economia tiveram papel complementar neste processo. Dados do IBGE mostram que entre 1995 e 2007, a participa��o do Sudeste no PIB nacional caiu de 59,1% para 56,4%, enquanto a do Nordeste aumentou de 12% para 13,1%.
Novos atrativos
O estudo tamb�m indica que metr�poles como S�o Paulo e Rio de Janeiro n�o t�m mais exclusividade na atra��o dos migrantes, que agora buscam cidades de economia din�mica, nos arredores das capitais. � o caso de Sorocaba, destino da cearense Nat�lia Mendon�a, de 23 anos. Nascida em Fortaleza, ela se mudou h� tr�s anos para a cidade paulista de 586 mil habitantes, para se juntar aos tios, que haviam deixado o Estado natal havia 25 anos.
"Eu completei o ensino m�dio e vim passar f�rias. Como aqui tem mais oportunidades, resolvi ficar", conta Nat�lia, que trabalha como auxiliar administrativa e aguarda o resultado de uma bolsa para cursar publicidade em uma universidade local. O caso de Nat�lia, no entanto, � muito diferente do dos tios com quem vive hoje. Seus parentes deixaram o Cear� h� 25 anos, quando o contingente de nordestinos que se dirigiam para o Sudeste ainda era intenso.
Em n�meros absolutos, o Sudeste ainda continua a ser a regi�o que mais absorve brasileiros que decidem mudar de Estado. O Nordeste tamb�m � a regi�o que mais expulsa seus habitantes. Nos nos dois casos, no entanto, os n�meros s�o menores que no passado. E nas duas regi�es, o fluxo de entrada e sa�da de pessoas tamb�m atingiu o equil�brio, a chamada "rotatividade migrat�ria". Entre 2004 e 2009, 656,3 mil pessoas chegaram ao Sudeste e 668,8 mil sa�ram.
Ou seja, os brasileiros ainda est�o se movendo, mas j� n�o deixam a terra natal esvaziada nem encontram o novo destino abarrotado de novos habitantes.
Tend�ncia
Tradicionalmente um Estado de absor��o de migrantes, S�o Paulo viu o seu fluxo migrat�rio (a diferen�a entre os que chegam e os que saem) entrar em equil�brio. Mas h� ainda regi�es que "expulsam" suas popula��es, embora num volume muit�ssimo menor que antes. Alagoas � o �nico Estado classificado como �rea de "m�dia evas�o migrat�ria". Entre os de baixa evas�o est�o a Bahia, o Maranh�o, o Piau�, o Par� e o Tocantins, nos dados de 2009.
No outro lado da estat�stica, recebendo gente, est�o Esp�rito Santo e Goi�s, os dois �nicos Estados classificados como �rea de m�dia absor��o, al�m de Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Amap� e Amazonas, considerados de baixa absor��o. Leila ressalta, no entanto, que os n�meros de 2009 aprofundam uma tend�ncia que come�a a se observar ainda na d�cada de 1980 e ganharam for�a nos �ltimos 15 anos.
Curta dist�ncia
Segundo a pesquisadora do IBGE, "enquanto diminui os deslocamentos de grande dist�ncia, h� ind�cios de que aumenta a migra��o de curta dist�ncia", entre munic�pios de um mesmo Estado e cidades da mesma regi�o. Os dados tamb�m mostram o aumento na chamada migra��o pendular – ou seja, de pessoas que estudam ou trabalham em outra cidade. Chama a aten��o ainda, em v�rios Estados, o percentual de "retornados" no contingente de migrantes que se estabelecem no local.
O Rio Grande do Sul � o que relativamente mais recebeu os antigos moradores de volta, ou 23,98% dos 90,6 mil habitantes que se estabeleceram no Estado entre 2004 e 2009. Na sequ�ncia v�m Pernambuco, Paran�, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Para�ba. A pesquisadora do IBGE lembra, no entanto, que "este percentual j� foi maior". De forma geral, diz Leila, "os dados apontam para uma situa��o de equil�brio", tend�ncia que deve se sedimentar nos pr�ximos anos.