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Estado de Minas

Camel�s migram do Centro para bairros em Belo Horizonte

Retiradas do Centro da capital em 2003, barracas se espalham agora por avenidas como a Ab�lio Machado e ruas do Barreiro e Venda Nova. Donos de lojas reclamam dos preju�zos


19/07/2011 06:00 - atualizado 19/07/2011 08:38

 

A pol�tica da Prefeitura de Belo Horizonte que remanejou, em 2003, os mais de 2 mil camel�s e toreiros que atuavam na �rea central para shoppings populares, como Oiapoque e Xavantes, completar� oito anos em agosto. Apesar de o munic�pio ter posto fim � atividade no per�metro interno da Avenida do Contorno, importantes ruas comerciais distantes dali se transformaram numa esp�cie de camel�dromo, prejudicando as vendas de lojistas que pagam os impostos em dia e precisam disputar a clientela com barracas de madeira, ferro ou caixas de papel�o montadas, �s vezes, em frente a suas empresas.

Na principal via do Alípio de Melo, venda de produtos populares e até mesmo pirateados ocupa parte do espaço destinado aos pedestres
Na principal via do Al�pio de Melo, venda de produtos populares e at� mesmo pirateados ocupa parte do espa�o destinado aos pedestres (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press)
Alguns camel�s deixaram os shoppings populares, onde n�o conseguiram custear alugu�is de boxe e outras despesas, e migraram para bairros afastados do Centro. N�o h� como mensurar o preju�zo causado pelos camel�s aos lojistas, mas a quantidade de pessoas informais em movimentadas cal�adas da capital mostra que as vendas geram bons lucros. Na Avenida Ab�lio Machado, no Bairro Al�pio de Melo, na Regi�o Noroeste, o pedestre tem dificuldades para caminhar entre as v�rias barracas de diferentes bugigangas e at� de aparelhos eletr�nicos.

“� dif�cil competir com eles”, lamentou um lojista que prefere o anonimato por temer repres�lia. “A fiscaliza��o at� que vem aqui, mas eles (os camel�s) sempre voltam”, acrescentou. A boa margem de lucro obtida por muitos camel�s explica o por que centenas de homens e mulheres desafiam, diariamente, o trabalho dos fiscais da prefeitura. “Ganho cerca de 30% em cada CD ou DVD”, revela Joana (nome fict�cio), dona de uma barrada de madeira na Ab�lio Machado, onde vende duas unidades por R$ 5. Ela adquire os produtos – diga-se de passagem pirateados – em shoppings populares da cidade. Em 2010, recorda, foi detida por policiais militares e ficou oito dias presa.

“Em vez de a PM correr atr�s de ladr�o, veio aqui e me levou juntamente com dois amigos. Fiquei no meio de marginais, traficantes... Recebo um sal�rio m�nimo (R$ 545) de aposentadoria e preciso de complementar a renda. Tenho 59 anos e n�o merecia passar por aquilo”, reclamou dona Joana sem saber a dimens�o das vendas ilegais que pratica. Ela j� teve um boxe num dos shoppings populares do Centro da capital, mas, diante do custo com energia el�trica e despesas administrativas, n�o conseguiu se manter l�. Resultado: “Estou h� seis anos (nesta cal�ada)”.

“Todos aqui agem na informalidade. N�o h� como pagarmos impostos”, emenda seu Jos� (nome fict�cio), que vende �gua de coco pr�ximo a dona Joana. A Regional Noroeste n�o esclareceu quantos camel�s atuam na regi�o e o n�mero de apreens�es feitas pelos fiscais. Por e-mail, o �rg�o informou que a lei municipal prev� “apreens�o imediata de equipamentos e mercadorias” e que “a a��o fiscal � realizada, semanalmente, conforme escala e apoio da Pol�cia Militar. Salienta ainda que as fiscaliza��es continuar�o sendo realizadas em respeito �s leis em vigor em busca do interesse p�blico”.

Multa

Assim como a Ab�lio Machado, vias do Barreiro s�o alvos de vendedores informais, que buscam lucro junto aos moradores da regi�o e de cidades vizinhas, como Ibirit� e Contagem. A regional local registrou, de janeiro at� julho, 80 apreens�es de mercadorias. O infrator est� sujeito � multa de R$ 528. J� em Venda Nova, onde v�rias barracas ocupam o �ltimo quarteir�o da Rua Civiliza��o, no Bairro Lagoinha, quase no limite com Ribeir�o das Neves, a regional n�o tem a estat�stica de apreens�es.

L�, h� principalmente vendedores de �culos escuro, cal�ados e, principalmente, CDs e DVDs. As barraquinhas com filmes pirateados, quase sempre, est�o rodeadas de clientes. A maioria dos camel�s vende cinco unidades por R$ 10. Mas, atentos � fiscaliza��o, eles n�o exibem toda a mercadoria em via p�blica. Parte dos produtos fica guardada em carros estacionados na regi�o ou na casa do pr�prio informal. “� dif�cil competir com os camel�s, pois eles n�o pagam impostos e funcion�rios. A fiscaliza��o precisa ser maior”, reclamou um lojista que tamb�m precisa se esconder sob o anonimato.

Mem�ria
Mais do mesmo, 15 anos depois

H� 15 anos, a prefeitura iniciou o processo que culminaria com a retirada dos camel�s das ruas. Na �poca, os ambulantes se dividiam em tr�s grupos - credenciados, toreiros (vendiam seus produtos “na tora”, sem licen�a) e artes�os. Com a  fiscaliza��o, que se intensificou, os tr�s grupos se organizaram e suas lideran�as resistiram muito. Eventualmente, passeatas acabavam em quebradeira, com lojas fechadas �s pressas sob prote��o da pol�cia. Com o tempo, a resist�ncia foi vencida e os ambulantes, transferidos para os camel�dromos, tanto no Centro quanto nos bairros. Agora, novas gera��es voltam aos passeios da periferia. Do outro lado, varejistas, de novo, se ressentem da concorr�ncia desleal, que n�o gera emprego nem recolhe impostos. (Liliane Corr�a)


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