
Por causa do problema com a Regap, as distribuidoras est�o buscando quase metade do volume total nas refinarias paulistas e fluminenses. Em vez de abastecer em Betim, � preciso rodar 440 quil�metros at� a Baixada Fluminense ou 609 quil�metros at� o interior paulista, transporte que onera o pre�o da opera��o. “� um valor expressivo”, diz o presidente do Sindicom, Al�sio Jacques Mendes Vaz, em rela��o ao pre�o do frete para outros estados. Em conversa com Vaz, nessa quarta-feira, o presidente do Sindicato dos Revendedores Varejistas de Combust�vel de Minas Gerais (Minaspetro), Paulo Miranda, questionou se as distribuidoras absorveriam os gastos com frete para transportar combust�vel das refinarias de S�o Paulo e Rio de Janeiro. “� prov�vel que o custo seja repassado para o posto”, afirma Miranda, ressaltando que, por consequ�ncia, os

O problema, no entanto, poderia ser agravado por um desabastecimento mais amplo no estado, o que o Minaspetro acredita ser dif�cil ocorrer. Para o presidente do Sindicom, Al�sio Jacques Mendes Vaz, trata-se apenas de um problema de log�stica. “O produto existe, n�o h� falta de combust�vel. Existe, sim, um gargalo. As bases de Betim n�o est�o preparadas para receber combust�vel por caminh�o. Por isso pode haver demora para abastecer alguns postos, gerando desconforto para o consumidor, que, se n�o encontrar o produto no posto onde est� acostumado a ir, ter� que andar mais 500 metros, at� o pr�ximo posto”, afirma Vaz.
Dono de dois postos de combust�vel – um no Bairro Sagrada Fam�lia e outro no Centro –, o empres�rio Osvaldo Lara Filho afirma que todos os dias acaba a gasolina nas duas unidades. A explica��o � que a distribuidora entrega apenas uma porcentagem do que � pedido. No caso dele, � preciso abastecer o posto do Sagrada Fam�lia com 20 mil litros/dia, mas a Ipiranga est� entregando o m�ximo de 15 mil litros, deixando parte do dia sem gasolina. Os postos funcionam at� a meia-noite, mas, no come�o da noite, diariamente, ambos ficam sem gasolina, aguardando a chegada do carregamento para a manh� seguinte. “A falta de gasolina gera um efeito cascata. Falta num posto e os clientes v�o procurar em outro, o que aumenta a clientela e a demanda, mas, a�, uma hora acaba a gasolina l� tamb�m e eles v�o procurar em um terceiro estabelecimento”, explica.
Pr�ximo dali, na Avenida Silviano Brand�o, outro posto da bandeira Ipiranga estava sem gasolina comum na tarde dessa quarta-feira. O produto havia acabado por volta do meio-dia. O empres�rio Leonardo Pereira, dono do posto, encomendou 10 mil litros na ter�a-feira, mas a distribuidora n�o entregou. “A promessa � de que entreguem metade do que foi pedido s� hoje � tarde”, afirma, reiterando que a consequ�ncia deve ser um faturamento 50% menor neste m�s. “Se vendo muito, o lucro por cada litro pode ser menor. Mas se o volume de venda cai muito, a margem de lucro tamb�m precisa ser maior”, afirma o dono do posto, considerando a possibilidade de aumentar o valor cobrado pelo combust�vel j� para os pr�ximos dias.
Agosto

Levantamento feito no site da Ag�ncia Nacional de Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP) mostra que, se comparados os pre�os do combust�vel em per�odos antes e depois da safra da cana-de-a��car em 2010 e 2011, os valores da gasolina e do etanol foram afetados neste ano por causa da safra insuficiente da cana. Em fevereiro do ano passado, per�odo anterior � colheita, o etanol custava R$ 1,65 (menor pre�o), apresentando queda no pre�o para R$ 1,39 em agosto, durante a colheita. Neste ano, a diminui��o nas bombas n�o ocorreu. A pesquisa mostra que, no comparativo entre os dois per�odos, o litro do etanol subiu de R$ 1,63 (fevereiro/2011) para R$ 1,79 (agosto/2011). E a falta do combust�vel fez a trajet�ria da gasolina seguir dire��o id�ntica.
Enquanto isso, pa�s produz menos �lcool
Estimativa da consultoria Datagro aponta que a ind�stria da cana-de-a��car vai moer menos do que estava previsto para a safra 2011/2012. Em contrapartida, vai elevar as importa��es do etanol. O levantamento mostra recuo da moagem de 584 milh�es de toneladas. Na Regi�o Centro-Sul, a queda � de 16,5% em rela��o � safra anterior. A explica��o do presidente da Datagro, Pl�nio Nastari, � que os produtores est�o tendo problemas na colheita mecanizada e ainda que parte da cana foi afetada pelas geadas. A produ��o de �lcool na Regi�o Centro-Sul caiu para 21,9 bilh�es de litros, 13,7% menor que a safra do ano passado.
Bombas secas no interior
Simone Lima e Marcos Avellar
Divin�polis e Sete Lagoas
O desabastecimento dos postos de combust�vel n�o se limita � Grande Belo Horizonte. A distribui��o de gasolina para o interior � insuficiente e o problema da capital se repete em outras cidades. H� postos que sofrem com a falta do combust�vel desde segunda-feira. Em Sete Lagoas, na Regi�o Central, em um dos postos mais afetados at� agora, da bandeira Ipiranga, o combust�vel est� em falta desde segunda-feira.
Segundo a gerente do posto, Id� Marivalquir Silva Filha, o problema ainda est� s� na gasolina, mas, se o abastecimento continuar prec�rio, ela tamb�m pode come�ar a ter falta de �lcool. “O etanol est� sendo a alternativa para os clientes que t�m carro flex, mas o estoque do combust�vel tamb�m est� baixo. Inclusive, colocamos uma placa na bomba de gasolina, explicando que o problema n�o est� no posto”, revela.
No Posto Vila Cruzeiro, em Divin�polis, no Centro-Oeste de Minas, o aviso foi colocado na bomba: “Estamos sem gasolina”. O desabastecimento come�ou no fim de semana e n�o h� previs�o de quando voltar� ao normal. Segundo o gerente Wallison Rodrigues Silva, geralmente s�o necess�rios 40 mil litros di�rios de gasolina para deixar o estoque em dia. No entanto, desde o in�cio da semana a distribuidora tem entregado apenas 5 mil litros. “Hoje, a gasolina acabou �s 8h. Ficamos o dia todo sem o produto. Com isso, a procura pelo �lcool tem aumentado. Ainda n�o contabilizamos o preju�zo, mas sabemos que ser� alto”, diz.
Trocar a gasolina pelo �lcool. Essa foi a op��o encontrada, em Divin�polis, pelo administrador Pedro Paulo Faria, de 34 anos, que teme um poss�vel aumento de pre�o. “A situa��o n�o � preocupante apenas para os postos. Tamb�m estamos tendo que nos adaptar e acredito que n�o vai demorar para o pre�o do combust�vel subir de forma geral.”