
A situa��o s� n�o � pior em raz�o de o pre�o do arroz, seu companheiro insepar�vel, ter registrado queda no per�odo, de R$ 1,61 para R$ 1,46, de acordo com a Ceasa. “Esse gr�o est� com boa oferta”, resume Ricardo Fernandes Martins, coordenador de Informa��es de Mercado da Central. J� o feij�o…
H� duas explica��es para a alta. E ambas envolvem os tr�s estados que mais produzem feij�o no pa�s: Paran�, Minas e Bahia, pela ordem. A primeira come�ou logo no in�cio do ano. Devido ao pre�o baixo do gr�o � �poca, produtores paranaenses e mineiros optaram por troc�-lo por outra cultura, como o milho, cujo valor no mercado externo ia de vento em popa.
Para se ter uma ideia, no in�cio do ano, quando ocorre a primeira safra, um hectare de feij�o rendia ao produtor cerca de R$ 910 pois a �rea permite a colheita de 10 sacas de 60 quilos, com cada uma valendo R$ 91, na ocasi�o. J� um hectare de milho favorecia o bolso do agricultor em R$ 3 mil, uma vez que a mesma �rea possibilita a colheita de 100 sacas, com cada uma avaliada, naquele per�odo, em R$ 30. A queda no volume de feij�o nas tr�s safras mineiras � prevista em 2,4%, de acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Seapa).
No Paran�, maior produtor, relat�rio do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado � Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab) de l�, apontou que a extens�o de terra para o plantio da segunda safra do gr�o este ano foi 7% menor do que a de 2010: 178,3 mil hectares, contra 191,1 mil hectares. A decis�o dos fazendeiros de trocar o feij�o pelo milho se deve a v�rios fatores, como o aumento da importa��o deste segundo gr�o devido ao aumento do consumo mundial de carne. Pode soar estranho, mas o milho � a base da ra��o de v�rios animais.
Mais: boa parte do milho produzido nos Estados Unidos, maior produtor mundial, foi destinado, no primeiro semestre, � fabrica��o de etanol, o que abriu espa�o para outros pa�ses nos neg�cios com o gr�o. O Brasil aproveitou a oportunidade. Tanto que o porto de Paranagu� (PR), um dos principais do pa�s, registrou crescimento de 16% na exporta��o do gr�o, no confronto entre o primeiro quadrimestre do ano e igual per�odo de 2010: 426 mil toneladas contra 368 mil.
Falta de chuva
O segundo importante motivo para a alta do pre�o do feij�o ocorreu na Bahia, terceiro maior produtor do alimento, mas que ocupa a primeira posi��o quando se trata da terceira e �ltima safra do ano, que come�ou em agosto. A falta de chuva no interior baiano afetou a Regi�o Nordeste do estado, onde a queda na safra caiu expressivamente. “A queda na terceira safra daquele estado foi de 68,5%”, lamentou Jo�o Ricardo Albanez, superintendente de Pol�tica e Economia Agr�cola da Seapa.
A seca este ano foi t�o acentuada que os agricultores da Regi�o Nordeste da Bahia aguardavam, em m�dia, 400 mil�metros de chuva, mas S�o Pedro enviou apenas 200 mil�metros. E o especialista avisa: “A tend�ncia � de que o pre�o continue neste patamar at� o in�cio da pr�xima safra, em 2012”.
Uma forma de for�ar a queda nos pre�os poderia vir do Pal�cio do Planalto, mas, conforme ressalta o engenheiro-agr�nomo Pierre Vilela, assessor do Departamento T�cnico da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria de Minas Gerais (Faemg), o governo n�o tem estoque suficiente para abastecer o mercado. “E o feij�o estocado n�o � de boa qualidade, pois foi comprado em safra anterior”.
Na ponta oposta da cadeia est�o empres�rios como Roberto Pessoa, dono do Emporium, tradicional restaurante do Bairro Mangabeiras, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, que preferiu absorver a alta do feij�o. “Est� dif�cil. Houve aumentos nos pre�os da cebola, dos ovos, da carne etc. Mas preferimos absorv�-los”. Resultado: o tutu e o tropeiro devem pesar o or�amento familiar e causar dor de cabe�a a donos de restaurantes pelo menos at� o ver�o.
Tropeiro e tutu mais "pesados"
Na mesma toada do feij�o, os pre�os de ingredientes essenciais ao tutu e ao tropeiro tamb�m dispararam em Belo Horizonte nos sete primeiros meses do ano. Seguindo a tend�ncia de alta vieram a couve (16,47%) e a d�zia de ovos de galinha (14,26%), segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�sticas (IBGE). At� o �leo de soja (8,9%) teve alta acima do IPCA. A carne de porco tamb�m pesou muito na infla��o. O quilo do animal vivo, segundo a Associa��o dos Suinocultores de Minas Gerais (Assemg), subiu 22% entre fevereiro (R$ 2,53) e julho (R$ 3,09).
“Uma pena esse tanto de aumento”, lamenta dona Marilene Aparecida Silva, de 59 anos, cozinheira de m�o cheia que adora preparar tutu e feij�o-tropeiro para a fam�lia. E n�o � s� o carioquinha que ela compra nos supermercados do Bairro Padre Eust�quio, onde mora, que pesou em seu bolso. A d�zia dos ovos de galinha, essenciais aos dois pratos, subiu mais de tr�s vezes o �ndice apurado pelo IPCA.
A culpa, mais uma vez, � do milho. “O que mais nos prejudicou foi o pre�o da ra��o (para as galinhas). O milho � um dos principais componentes dela. Desde o in�cio do ano, estimo que o aumento seja em torno de 30%”, resignou-se Lu�s de C�ssio da Paix�o, da Associa��o dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig).
Cebola
Bulbo usado como tempero em v�rios pratos, a cebola tamb�m apontou grande alta no per�odo: 48,49%. E a justificativa est� na macroeconomia, pois, de acordo com Pierre Vilela, assessor t�cnico da Faemg, envolve produtores argentinos. No in�cio do ano, agricultores platinos, �vidos pelo real – a moeda brasileira � bem mais valorizada do que a de l� –, exportaram grande quantidade do vegetal para o Brasil, interferindo no mercado nacional.
Muitos agricultores de c� optaram por n�o plantar a cebola, pois o grande volume do legume enviado pelos argentinos abaixou o pre�o do produto no in�cio do ano. “A queda no volume de produ��o da cebola (brasileira) foi de 7%”, explicou Pierre. Por�m, a colheita na Argentina j� acabou e a quantidade de cebolas produzidas no Brasil n�o atende a demanda interna. (PHL)