Milhares de chilenos amanheceram nesta quinta-feira nas ruas de Santiago, capital do Chile, e de v�rias cidades do pa�s exigindo mudan�as profundas em uma economia neoliberal, considerada um modelo de estabilidade e crescimento na regi�o. De acordo com as autoridades chilenas, n�o houve registros de embates entre manifestantes e policiais, nem de viol�ncia.
� o segundo dia da greve geral que come�ou ontem sob comando da Central �nica dos Trabalhadores (CUT). � a primeira vez que o Chile para por 48 horas desde a queda da ditadura de Augusto Pinochet ( 1973-1980), h� duas d�cadas. Tamb�m � a primeira paralisa��o geral enfrentada pelo presidente do Chile, Sebasti�n Pi�era.
Por�m, nem todo o pa�s parou. A greve geral obteve apoio dos principais partidos da oposi��o – da Frente Concertaci�n que governou o Chile nos �ltimos 20 anos. Os sindicatos receberam a ades�o do movimento estudantil, que ha tr�s meses faz protestos no pa�s em defesa da reforma da educa��o.
Para os trabalhadores, � fundamental tamb�m uma reforma tribut�ria capaz de reduzir os impostos cobrados aos mais pobres e elevando a contribui��o dos mais ricos. Ao mesmo tempo, foi intensificada a campanha em favor do ensino superior gratuito e de mais investimentos em educa��o.
Atualmente os estudantes financiam os estudos, no ensino superior, por meio de empr�stimos especiais, mas os juros s�o considerados elevados. As escolas secund�rias p�blicas e gratuitas representam apenas 25% do total no pa�s. “A greve n�o paralisou o pa�s inteiro, nem resultara numa reforma completa do sistema. Mas teve um efeito positivo: manteve a demanda dos estudantes, que conta com apoio popular, na agenda pol�tica”, disse � Ag�ncia Brasil o analista pol�tico e professor universit�rio, Guillermo Holzmann.
Segundo Holzmann, setembro ser� um m�s de mobiliza��es porque os protestos estudantis coincidir�o com duas datas importantes: 4 de setembro, anivers�rio da elei��o do presidente Salvador Allende (1970-1973), e 11 de setembro, quando houve o golpe de Estado que instituiu a ditadura no pa�s.
A s�rie de manifesta��es e a greve geral ocorrem no momento em que Pi�era enfrenta o menor �ndice de aprova��o da opini�o p�blica desde que assumiu o governo, em mar�o de 2010. A baixa popularidade vem depois de ele ter vivido uma fase de elogios internos e externos devido ao resgate bem-sucedido dos 33 mineiros soterrados em uma mina no Norte do Chile.
“� um paradoxo. No ano passado, o Chile cresceu mais de 6%, apesar do terremoto e este ano deve crescer 7%. No entanto, esse desempenho n�o foi acompanhado por uma maior ades�o popular ao governo – muito pelo contr�rio”, disse Holzmann. Em seguida, o especialista acrescentou que a oposi��o no Chile “est� fragmentada, sem lideran�a, sem proposta e sem apoio social. Mais do que o governo Pi�era, que herdou muitos dos problemas, os chilenos est�o criticando toda a classe pol�tica”.