
Depois de longo tempo prestando servi�o a um escrit�rio de contabilidade em Belo Horizonte, os amigos Eduardo Diniz, de 29 anos, Andr� Campante, da mesma idade, e D�bora Paiva, de 27, decidiram abrir o pr�prio neg�cio. Em maio, inauguraram a C&S Contabilidade Empresarial, que j� conta com cerca de 50 clientes. Na mesma �poca, em Ub�, na Zona da Mata, os colegas Mateus Brasileiro, de 29, e Rafael Mosqueira, de 28, criaram a Org�nica Eco Style, que fabrica moda masculina com mat�ria-prima ecol�gica. A firma tamb�m vai bem. Tanto que foi sondada para exportar parte da produ��o. As duas novas empresas foram listadas numa importante planilha da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg): o n�mero de estabelecimentos abertos no estado cresceu 17% no primeiro semestre, em compara��ocom o mesmo per�odo de 2010. Nos primeiros seis meses do ano passado, 56.667 unidades foram inauguradas. De janeiro a junho, foram 66.318, ou 9.651 empresas a mais abertas no estado.
A Jucemg n�o detalhou o ramo de atividade das novas empresas mineiras, mas o saldo positivo permite pelo menos duas conclus�es. Primeira, o estado oferece boas condi��es para os investidores. Segunda, a economia mineira vai bem, como comprovou o Produto Interno Bruto (PIB) de 2010, que fechou o exerc�cio passado com crescimento recorde de 10,9%, acima do indicador nacional, que havia sido de 7,5% no per�odo.

“O ambiente econ�mico no estado est� prop�cio aos investidores”, refor�ou Roberto Luciano Fagundes, presidente da Associa��o Comercial de Minas Gerais (ACMinas). “Uma explica��o (para o aumento do n�mero de empresas) � o bom momento da economia, que abre espa�o para que a pessoa tenha o pr�prio neg�cio. Tamb�m se deve �s pol�ticas para a formaliza��o de empresas”, emendou o economista Ant�nio Braz, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
A maior parte dos cadastros nacionais de pessoas jur�dicas (CNPJ) abertos em Minas no semestre passado � formada pelos chamados empreendedores individuais, cuja receita bruta anual � de no m�ximo R$ 36 mil. Foram 37.677 registros, o correspondente a 57% das 66.318 empresas abertas de janeiro a junho. O restante dos novos estabelecimentos � formado, na maioria, por micro e pequenas empresas – com faturamento anual de at� R$ 240 mil e R$ 2,4 milh�es, respectivamente.
Os valores devem ser elevados em breve, de acordo com projeto de lei complementar j� aprovado na C�mara dos Deputados, no fim de agosto, e encaminhado ao Senado. O texto altera a Lei do Supersimples – a receita do empreendedor passar� para R$ 60 mil; a da microempresa para R$ 360 mil e a da pequena empresa para R$ 3,6 milh�es. E mais: a proposta refor�a a import�ncia dos estabelecimentos de pequeno porte, os maiores empregadores do pa�s. Para se ter ideia, estudo feito no m�s passado pelo Servi�o Brasileiro de Apoio �s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelou que as micro e pequenas foram respons�veis, no primeiro semestre de 2011, por 71% das vagas abertas no mercado formal no pa�s – o percentual havia sido de 68% no mesmo per�odo de 2010.
BOAS CONSULTAS
A empresa montada pelos tr�s contabilistas ajudou no aumento desse percentual. Inaugurada em maio, a C&S Contabilidade Empresarial abriu sete vagas em Belo Horizonte. Dias depois, os amigos pesquisaram o mercado na Zona da Mata e instalaram, em Juiz de Fora, uma filial. “Mais quatro vagas geradas l�”, conta Eduardo, destacando que o segundo escrit�rio � especializado em atender firmas da constru��o civil, setor considerado um dos term�metros da economia, como o de escrit�rios de contabilidade.
“O investidor, hoje, n�o faz nada sem consultar um contador, pois (entre outras justificativas) a legisla��o muda muito. Nosso mercado (contabilidade) est� bom, com baixo �ndice de desemprego. Abrimos nosso pr�prio neg�cio depois de observarmos que o mercado precisa de profissionais especializados.”
Montar a pr�pria empresa, contudo, n�o � tarefa f�cil. “� preciso coragem e conhecimento amplo”, emenda Eduardo. E mais: diferencial. Os amigos Mateus e Rafael aproveitaram a bandeira que empunham, a defesa do meio ambiente, e criaram uma confec��o de moda masculina com material ecol�gico. “Trabalhamos com algod�o org�nico. A nova cole��o leva poliester � base de garrafa PET”, explica Mateus. Atualmente, acrescenta o s�cio, a empresa produz 500 camisetas por m�s. “A meta � pelo menos dobrar esse n�mero at� abril, quando poderemos conseguir empr�stimos (para ampliar a produ��o).”
Empres�rios puxam empregos
O saldo positivo de empresas abertas em Minas ajudou a Grande Belo Horizonte a se destacar como a regi�o metropolitana com maior n�mero de empregadores entre a popula��o ocupada em julho: 5,6% desse universo, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A capital e cidades vizinhas foi a �nica regi�o, entre as pesquisadas pela

Em S�o Paulo, o indicador chegou a 4,9%. Em Porto Alegre, 4,6%. Salvador, com 4,1%, ficou acima do Recife e do Rio de Janeiro. Em julho de 2009, a Grande BH havia apurado 5,2%. Especialistas avaliam que, novamente, o salto se deve ao avan�o do chamado empreendedor individual, cujo programa come�ou h� dois anos. A meta no estado � chegar a 150 mil empreendedores individuais em 2011.
A previs�o deve ser batida, pois Minas j� tem 141 mil empreendedores, como o casal Luciana Maria de Castro, de 37 anos, e Gilberto Souza Rodrigues, de 38. Durante oito anos, eles venderam churrasquinhos nas ruas de Belo Horizonte. Por mais de uma vez, tiveram a mercadoria e o mobili�rio apreendidos pela fiscaliza��o, pois n�o tinham licen�a do munic�pio para negociar os produtos.
“Vend�amos cerca de 150 churrasquinhos por semana. Recebemos conselhos de amigos para nos tornarmos empreendedores. Procuramos o Sebrae, fizemos cursos, assistimos palestras e, hoje, alugamos uma loja no Bairro Buritis, onde negociamos, por semana, de 2,5 mil a 3 mil espetos. Com o CNPJ e o alvar�, pagamos a Previd�ncia e poderemos ter aposentadoria”, conta Luciana, fazendo quest�o de ressaltar que seu produto segue � risca as exig�ncias da Vigil�ncia Sanit�ria. (PHL)