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Estado de Minas

Vinil movimenta mercado inusitado na capital mineira

A modinha do vinil ganhou f�lego por aqui com o ressurgimento da Polysom, �nica f�brica de vinis da Am�rica Latina, reaberta no Rio de Janeiro no ano passado


postado em 02/10/2011 07:20 / atualizado em 02/10/2011 10:07

(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
(foto: Beto Magalh�es/EM/D.A Press)


O moleque Shairon Lacerda tinha 4 anos, em meados dos anos 1980, e n�o desgrudava os ouvidos da vitrola de casa; dos giros dos vinis sa�am vozes que contavam hist�rias infantis e p�rolas da mais pura raiz do sertanejo, apreciadas pelo pai do menino. Ele n�o podia saber, mas o valor daquele h�bito, t�o distante das cifras, seria convertido em estrat�gia de neg�cios anos mais tarde. Hoje, Shairon � vocalista da banda de rock Fusile, de Belo Horizonte, que redescobriu no vinil nicho de mercado para quem de fato aprecia, mesmo no s�culo 21, a materialidade do h�bito de ouvir m�sica.

As garras do monstro dos downloads, triviais para as novas gera��es e p� de cal da ind�stria fonogr�fica, nem assustam quem aposta na tend�ncia. Todas as can��es do �ltimo lan�amento dos caras, o �lbum Coconut revolution, est�o dispon�veis, para download gratuito, no site da banda. Quem quer apalpar capa, encarte e m�dia, neste caso, tem �nica op��o no vinil, em compacto vendido a R$ 20: “� exatamente esse o foco do neg�cio. Para conseguir vender alguma coisa relevante hoje, entendemos que um bom caminho pode ser o vinil”.

A tend�ncia vintage � ironia pura, em tempos de cyber liberdade (ou libertinagem, diriam alguns) no consumo de m�sicas rede afora. A modinha do vinil ganhou f�lego por aqui com o ressurgimento da Polysom, �nica f�brica de vinis da Am�rica Latina, reaberta no Rio de Janeiro no ano passado. A empresa, com capacidade produtiva de at� 40 mil unidades por m�s, prefere n�o divulgar os n�meros que mostram o avan�o da produ��o, “por ser ainda um neg�cio muito incipiente”. O respons�vel pela f�brica, o empres�rio Jo�o Augusto, destaca as press�es das taxas sobre o neg�cio. Dos R$ 80 de pre�o m�dio dos Long Plays (LPs), 66% s�o impostos, segundo ele. “� uma cadeia tribut�ria absurda que come�a na aquisi��o das mat�rias-primas. Os impostos incidentes pelo caminho s�o PIS/Cofins, ICMS (substitui��o tribut�ria inclusive) e IPI”, reclama.

Com isso, o mercado encontra alternativas como a trazida pela fabricante GZ, gigante do ramo, com f�brica na Rep�blica Tcheca que resistiu �s intemp�ries de CDs, MP3 e outras siglas e produz, mensalmente 750 mil c�pias. Artistas brasileiros de destaque como a cantora Wanessa (filha de Zez� di Camargo) aderiram � febre de tiragens exclusivas em vinil.

O representante da marca no Brasil, Cl�nio Lemos, conta que seu portf�lio de clientes triplicou nos �ltimos seis meses, chegando ao atual card�pio de 50 bandas e artistas: “As pessoas se atentaram para a exclusividade que esse mercado representa. E a tend�ncia mundial ganha mais f�lego agora no Brasil”. Lemos, que abriu uma importadora, consegue entregar por R$ 25 – pre�o unit�rio do LP – para quem quiser produzir 250 discos (esse � o m�nimo para garantir custo-benef�cio vi�vel). “E esse custo j� embute a importa��o”, garante, indicando que a tradi��o de 60 anos no mercado permite que a vantagem competitiva da f�brica esteja no volume produzido.

Trabalho exclusivo

O selo mineiro Vinyl Land, do produtor musical e DJ Luiz Valente, � dedicado exclusivamente a artistas e bandas locais que querem ter seu trabalho prensado no acetato. O neg�cio surgiu da demanda de DJs como o pr�prio Valente, que n�o encontravam boa m�sica brasileira atual no formato vinil. Ele resolveu basear o neg�cio em Londres, a partir da parceria com gravadora brit�nica que cuida dos tr�mites da loja virtual do selo. Quem quiser comprar os LPs no Brasil tem de faz�-lo diretamente no e-commerce brit�nico, ter paci�ncia com a entrega, que demora at� um m�s (sem contar a greve dos Correios), e bancar o transporte.

Valente intermedeia o contato de artistas de bandas jovens, de destaque no cen�rio nacional, como a Fusile, Graveola e o Lixo Polif�nico, Dead Lover’s Twisted Heart e Tulipa Ruiz, e a f�brica alem� que coloca no acetato a produ��o dessa turma. A fabrica��o das 500 unidades m�nimas demanda investimento, por parte das bandas, de R$ 10 mil, segundo Valente. O pre�o de custo de cada LP, no caso fica em R$ 20. A compra de um LP do �lbum Ef�mera, da cantora Tulipa Ruiz, no site, est� dispon�vel a partir do pre�o em libras equivalente a R$ 37,50. Somados os custos de transporte, chega a R$ 60.

Enquanto isso escambo vale, sim senhor

O entusiasta da cultura do LP Edu Pampani (foto) tem mais de 13 mil LPs na discoteca p�blica que mant�m no Bairro Floresta. A cada primeiro s�bado do m�s, realiza a Feira do Vinil, na Savassi. � encontro marcado para colecionadores, lojistas e apaixonados se debru�arem sobre a paix�o do acetato. De 2007 para c�, ele estima que o movimento nos encontros tenha triplicado; hoje, em m�dia 250 pessoas passam pela feira e os expositores, que vendiam em m�dia 300 unidades por s�bado, hoje desovam 600 discos dos estoques, em um s�bado. Diferentemente de outras feiras do tipo, Brasil afora, na de Belo Horizonte o escambo n�o � proibido: tem sempre um gaiato com LPs debaixo do bra�o, em busca de um bom neg�cio. “Ah, bicho! Eu sou defensor da
causa. Se for coisa boa, eu dou uma olhada e arremato mesmo”, diz Pampani.


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