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Estado de Minas

Com�rcio especializado de vinil d� volta por cima com vendas at� 30% maiores

Consumidor exigente dos triunfantes bolach�es pode pagar R$ 3 mill por um disco especial


postado em 17/02/2015 00:12 / atualizado em 17/02/2015 07:47

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

O som da agulha dan�ando pelas ranhuras do disco – aquele chiado caracter�stico –, h� tempos n�o se fazia ouvir em muitas casas. Era coisa de colecionador. Em plena era da m�sica digital, hoje, com a facilidade de fazer download das obras de v�rios artistas at� mesmo gratuitamente, o vinil virou o jogo e, agora, � visto at� mesmo como um bom neg�cio. Em Belo Horizonte, lojas do ramo registram aumento de at� 30% nas vendas. Os bons ventos impulsionaram, tamb�m, o com�rcio dos toca-discos, que, em alguns locais, j� cresceu 90% no �ltimo ano. Obedecendo � lei da oferta e da procura, os pre�os do bolach�o mais do que duplicaram e, se um disco nacional antigo custava em m�dia R$ 30 h� tr�s anos, hoje, j� � encontrado por R$ 70. Para os aficionados, um LP internacional pode custar a bagatela de R$ 3mil.

Com a volta desse antigo mercado, quem passou, na d�cada de 90, a vender somente os CDs decidiu dividir as prateleiras para refor�ar o lucro. Aquele produto que era encarado como algo do tempo dos av�s tornou-se mercadoria ‘cult’ e valorizada por quem gosta de um bom som.

A reviravolta foi observada em outros pa�ses. Estimativas internacionais d�o conta de que as vendas do vinil t�m crescido no mundo, enquanto o com�rcio de CDs despenca a cada ano. Nos Estados Unidos, por exemplo, a venda do bolach�o aumentou 40%. No primeiro semestre de 2014, foram comercializados 4 milh�es de LPs no pa�s, sendo que, em 2013, no mesmo per�odo, 2,9 milh�es de vinis haviam sido comercializados, conforme pesquisa da consultoria Nielsen Soundscan.

Na ponta do l�pis, esse lado B do segmento tem l� sua l�gica. Segundo os �ltimos dados da Associa��o Brasileira dos Produtores de Discos (Abpd), em 2013, o mercado da m�sica digital cresceu 22,39% em rela��o a 2012, impulsionado, principalmente, pelo expressiva alta de 87,15% nas receitas decorrentes dos downloads de faixas avulsas e �lbuns completos feitos pela internet. No entanto, esse resultado n�o foi suficiente para compensar a queda nas vendas de m�sica em formatos f�sicos (CDs, DVDs, etc) pelo segundo ano consecutivo no Brasil.


A redu��o, de acordo com a entidade, foi de 15,5% na compara��o com as vendas de 2012. Como o disco de vinil, at� 2013, ainda n�o desfrutava de vendas expressivas, a associa��o n�o tem dados de faturamento com o neg�cio, mas a expectativa � de que o balan�o de 2014 mostre como est� o mercado para o bolach�o.

Em Belo Horizonte, lojistas asseguram que a demanda est� melhor do que se imaginava. Na loja Discomania, na Savassi, zona nobre da capital mineira, h� seis meses os LPs passaram a ocupar um lugar dedicado a eles na loja. “Nos anos 2000, eliminamos os vinis, justamente pela baixa procura. Mas, h� seis meses, resolvemos retomar esse com�rcio”, conta o propriet�rio, Carlo Giatti. Com bolach�es novos, lan�ados recentemente pelas gravadoras que est�o de olho nesse mercado, ele conta que do total que adquiriu para oferecer � clientela, 60% j� foram vendidos. Um disco dos Beatles, por exemplo, custa R$ 180, e a caixa nacional Elenco, com cinco �lbuns de m�sica brasileira selecionada, � encontrada a R$ 400.

“Com a demanda, os pre�os das gravadoras aumentaram. Antes, pagavam-se US$ 18 por um disco de vinil internacional, hoje ele custa quase US$ 50”, compara. Diante da boa experi�ncia nas vendas, Carlo j� fez novos pedidos para a loja. “O que nos tem chamado a aten��o � que a procura tem sido de um p�blico jovem, que tem tantas facilidades hoje com a m�sica digital”, destaca.

Prazer da boa m�sica Na loja Miragem Bazar, na Savassi, o movimento cresceu, nos �ltimos cinco anos, 300%, conta o propriet�rio, Ant�nio Maur�cio Reis. “O prazer de ouvir m�sica est� de volta”, afirma Ant�nio, ao destacar que, com o vinil, as pessoas se sentam, e h� toda uma prepara��o especial para ouvir um bom som. “Al�m da qualidade, h� um ritual gostoso para curtir o som do artista. N�o � s� colocar no carro e deixar no autom�tico”, diz.

Na loja, que s� trabalha com discos usados, os pre�os variam de R$ 3 a R$ 70. “At�, agora, n�o � uma mina de ouro, mas � um neg�cio para quem gosta do cult”, define Ant�nio. Em parceria com a discoteca p�blica, ele criou em 2006 a Feira de Vinil em Belo Horizonte. “Antigamente, vinham 20 pessoas, hoje s�o cerca de 400”, comemora. O evento, que ocorre mensalmente na cidade, atrai vendedores at� mesmo de outros estados, como � o caso do comerciante carioca M�rcio de Melo Moreira, que sempre vem a BH para participar das feiras.

Ele conta que atua no ramo, mas o investimento no vinil � mais recente. “H� tr�s anos, resolvi vender toda a minha cole��o de LPs e, na �poca, o pre�o era menor. Agora me arrependo”, comenta. Em 2006, M�rcio Moreira fechou a loja f�sica instalada no Rio de Janeiro e passou a vender CDs por meio de site. “H� um ano descobri esse novo-velho mercado. E, atualmente, vendo cinco vezes mais o bolach�o do que os CDs”, compara. Participando de feiras em cinco cidades brasileiras, ele diz que o mercado virou, realmente, um bom neg�cio.

“Os pre�os dos discos mais do que dobraram. Os importados novos custam, em m�dia, R$ 120. H� LPs originais a pre�os que s�o verdadeira fortuna, como � o caso do disco da banda do Rio M�dulo 1000. O original custa R$ 3mil”, diz. Para M�rcio, o que justifica essa explos�o do vinil, � que, as m�sicas em MP3 v�m perdendo a gra�a para a nova gera��o. “Os consumidores est�o em busca de um som de qualidade”, afirma.

Toca-discos segue com demanda alta


Para dar conta do boom do mercado do vinil, os toca-discos est�o em alta. Com pre�os m�dios variando entre R$ 700 e R$ 3,5 mil, os aparelhos tamb�m encareceram, de acordo com lojistas, desde o fim de 2013. Sites a exemplo do Submarino e das Americanas oferecem ao cliente op��es de custo entre R$ 700 e R$ 4 mil. A ampla gama se deve aos investimentos feitos pela ind�stria. H� quatro anos s� havia aparelhos antigos e, hoje, o mercado est� inundado de modelos novos que t�m agradado, principalmente porque aliam saudosismo com modernidade, entrada para USB e pen drive.

“Em um ano e meio, nossas vendas aumentaram 90%”, anuncia o vendedor da loja Som Alternativo e tamb�m DJ Leandro Maestri. Com a procura cada vez maior nas lojas, segundo Leandro, as f�bricas tamb�m aumentaram seus pre�os em m�dia 30%. Somente no Natal de 2014 a empresa vendeu 20 toca-discos. Um aparelho profissional que custava, em 2013, R$ 2, 5 mil, passou a custar R$ 3,2 mil no ano passado. “Vendemos aparelhos novos e usados, e a procura maior se d� pelos mais modernos”, afirma. Leandro prefere o vinil para trabalhar. “� muito melhor, pela qualidade do som. Uma agulha dura, em m�dia, tr�s anos e, se quebrar, custa cerca de R$ 150.” (LE)


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