Se a surpreendente disparada do d�lar colocou em xeque a estrat�gia do governo para o c�mbio, a pol�tica fiscal vai diferenciando cada vez mais o Brasil dos outros pa�ses. A desconfian�a no mercado dom�stico com os novos rumos da pol�tica econ�mica, baseada na queda mais r�pida dos juros e maior aperto fiscal, n�o tem encontrado respaldo nas an�lises feitas fora do Pa�s.
O Fundo Monet�rio Internacional (FMI) e as ag�ncias de classifica��o de risco elogiam o refor�o fiscal no Brasil. E muitos concordam que esse pode ser o in�cio de uma nova fase da pol�tica fiscal. O Brasil foi, depois da crise de 2008, um dos poucos pa�ses que seguiu com uma trajet�ria declinante da taxa de endividamento. E hoje tem uma posi��o mais favor�vel do que boa parte dos pa�ses com classifica��o de risco (rating) melhor.
Levantamento que compara a economia brasileira com a mediana dos pa�ses com rating “A” ou “AA” (notas mais altas que o BBB do Pa�s), o Brasil est� numa situa��o mais confort�vel para diversos indicadores: trajet�ria de d�vida bruta do governo, resultado prim�rio, nominal (resultado das receitas menos despesas e mais o pagamento de juros da d�vida) e passivos decorrentes das pol�ticas de enfrentamento da crise de 2008. No setor externo, o Brasil se parece ainda mais com pa�ses de rating “A” ou mesmo “AA”, porque a sua d�vida n�o � grande e nem est� concentrada no curto prazo.
Uma das raz�es para essa diferencia��o � a de que o Brasil, ao longo dos �ltimos anos, conseguiu manter o ajuste fiscal, com resultados superavit�rios, enquanto h� d�vidas sobre a capacidade de poupan�a do setor p�blico de muitos pa�ses. No cen�rio atual de deteriora��o das condi��es fiscais, o tamanho do super�vit prim�rio das contas do setor p�blico, em torno de 3 1% do PIB que o governo brasileiro prometeu fazer, vem sendo considerado um esfor�o relevante para reduzir o endividamento.
Se por um lado n�o � poss�vel ter a certeza de que o governo vai cumprir o compromisso de maior rigor fiscal, o BC deu mais peso � pol�tica fiscal para as decis�es futuras de juros e acabou “amarrando” o Minist�rio da Fazenda e o restante do governo ao cumprimento da meta de super�vit prim�rio de 2012, o que muitos analistas acreditam n�o ser� alcan�ado.
Para o secret�rio do Tesouro Nacional, Arno Augustin, a pol�tica fiscal ganhou peso e import�ncia maior na pol�tica monet�ria. “E n�s estamos respondendo”, diz. Segundo ele, foi o pr�prio governo que procurou esse aumento da responsabilidade ao elevar a meta de super�vit.