O presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria de M�quinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, disse hoje que o setor deve come�ar a demitir dentro de tr�s a quatro meses. A previs�o dele est� baseada na queda de 23,7% da carteira de pedidos da ind�stria de m�quinas verificada em setembro em rela��o ao mesmo m�s de 2010. "Com a carteira de pedidos caindo e o adiamento de entregas, a tend�ncia � de redu��o no n�mero de vagas e do faturamento", afirmou.
Segundo Aubert Neto, o setor sofre cada vez mais com a concorr�ncia de produtos importados, o real valorizado e as altas taxas de juros. Para a Abimaq, o aceit�vel seria um d�lar a no m�nimo R$ 2,10. "Esse c�mbio poderia ser imposto pelo governo por meio de uma canetada, como ocorreu na Su��a recentemente, ou com a redu��o da taxa Selic."
O presidente da Abimaq elogiou o fato de o Pa�s ter conseguido levar a quest�o cambial � Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC) - o Brasil conseguiu aprovar na OMC a realiza��o de um semin�rio para discutir a rela��o entre c�mbio e com�rcio internacional, na �ltima segunda-feira. Mesmo considerando que esse � apenas um primeiro passo e que falta muito para a implementa��o de a��es, o empres�rio afirmou que a iniciativa � excelente para o Pa�s e ruim para a China. "� um grande passo porque j� admite que o problema existe. Mas ainda falta muito para a ado��o de medidas pr�ticas."
Em entrevista coletiva hoje na capital paulista, Aubert Neto contou que negocia com o governo a situa��o de 60 produtos priorit�rios do setor de m�quinas e equipamentos de uma lista de 814 que enfrentam dificuldades por causa da concorr�ncia de componentes estrangeiros que chegam ao Brasil a pre�o abaixo do custo de produ��o da ind�stria nacional. "Como pode uma m�quina desembarcar no Brasil ao custo de US$ 6 a US$ 7 o quilo quando isso aqui n�o paga nem o custo da mat�ria-prima? Isso � um crime", protestou.
Uma das propostas apresentadas pela Abimaq � o estabelecimento de pre�os de refer�ncia para alguns tipos de m�quinas. A determina��o do pre�o de refer�ncia imp�e um valor m�nimo de pre�o para um produto, sobre o qual incidiria a cobran�a de tributos. Esse pre�o deveria ser baseado em uma m�dia mundial que, na avalia��o de Aubert, deveria excluir a China.
As negocia��es, no entanto, n�o caminham no ritmo que os empres�rios gostariam. "N�o foi feito absolutamente nada at� agora. O governo est� enrolando a gente", desabafou. Perguntado se a Abimaq recebeu um prazo para a elabora��o de medidas por parte do governo, Aubert Neto brincou: "Quando o Corinthians ganhar a Libertadores."
Ao defender a queda de ao menos mais tr�s pontos porcentuais na taxa b�sica de juros, o presidente da Abimaq discordou da an�lise de especialistas de que a redu��o da Selic pode provocar press�o inflacion�ria na economia brasileira. "Os juros impactam investimentos. N�o acredito que a queda da Selic leve ao aumento nos pre�os dos alimentos e dos produtos de compra", disse, ao defender tamb�m a desonera��o de qualquer investimento realizado no Pa�s, tanto por parte de empresas nacionais quanto de estrangeiras, a tributa��o do capital especulativo e mais verbas para educa��o e inova��o.
"O que a gente vai gastar este ano com inova��o, sa�de e educa��o � muito menos do que o Pa�s vai destacar para pagar juros da d�vida", afirmou. "Temos de reverter isso."