A Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC) precisa reconhecer que as taxas de c�mbio podem gerar desequil�brios no com�rcio global e que os pa�ses t�m o direito de se proteger caso sejam prejudicados por determinados movimentos cambiais, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, Fernando Pimentel.
Ele acrescentou que o fortalecimento do real e das moedas de outros mercados emergentes ante o d�lar nos �ltimos anos criou uma situa��o sem precedentes que precisa ser abordada pelo �rg�o internacional. "A grande quest�o � que o fen�meno das taxas de c�mbio criou um obst�culo enorme �s rela��es comerciais, especialmente para os pa�ses emergentes. A discuss�o precisa girar em torno de como podemos tornar mais justas as condi��es de concorr�ncia para esses pa�ses em situa��es nas quais n�o h� controle sobre a taxa de c�mbio."
A OMC, a pedido do Brasil, concordou em discutir ao longo dos pr�ximos meses se as regras do com�rcio internacional podem ser usadas para punir governos que manipulam o c�mbio. O �rg�o divulgou na ter�a-feira que os ministros de Com�rcio dos pa�ses membros devem come�ar o debate em Genebra no m�s que vem e que deve haver uma reuni�o de c�pula sobre o assunto provavelmente no primeiro semestre de 2012. A discuss�o � mais um cap�tulo sobre o papel da China na economia mundial e, especificamente, sobre a pol�tica do pa�s asi�tico de atrelar a moeda local, o yuan, ao d�lar. Tamb�m ressalta a crescente influ�ncia do Brasil em debates internacionais.
Importa��es
Pimentel disse que as taxas de c�mbio nos �ltimos anos foram afetadas pela pol�tica de juros excepcionalmente baixos nos Estados Unidos, que levou os investidores a aplicarem em pa�ses que garantem retornos relativamente maiores. Isso teria provocado uma valoriza��o das moedas dessas na��es e reduzido a competitividade de suas exporta��es. O real perdeu for�a recentemente, mas continua em um n�vel historicamente elevado e muitos especialistas consideram-no supervalorizado.
Embora o super�vit comercial do Brasil continue crescendo, as importa��es de produtos mais baratos fabricados em outras na��es v�m prejudicando alguns setores da ind�stria local, como o t�xtil e o sider�rgico. Em setembro, o pa�s adotou medidas para conter esses preju�zos, aumentando o custo de importa��o dos autom�veis. Pimentel disse que o Pa�s continuar� protegendo seus interesses enquanto aguarda os resultados da discuss�o da OMC. "Dentro das regras da OMC, continuaremos utilizando todos os meios legais para defender o nosso mercado."
Com�rcio
As autoridades brasileiras tamb�m est�o acompanhando de perto os efeitos da deteriora��o na situa��o econ�mica e financeira mundial sobre o com�rcio. "N�o detectamos nenhuma mudan�a significativa nos fluxos comerciais ou em (rela��o � disponibilidade de) linhas de financiamento para exporta��es", afirmou Pimentel. "Estamos extremamente vigilantes e acompanhando os acontecimentos de perto, mas at� agora n�o houve um grande impacto."
"Se a crise piorar - por exemplo, se um banco de primeira linha falir -, acho que pode haver uma redu��o nas linhas de cr�dito para a exporta��o, mas em rela��o a isso o Brasil est� preparado", afirmou. Pimentel citou que as reservas internacionais do Brasil, de US$ 350 bilh�es, podem ser uma fonte de financiamento caso isso seja necess�rio. Ele tamb�m mencionou que o Brasil possui um setor banc�rio forte, um hist�rico de disciplina fiscal e o fato de o Pa�s crescer mesmo em meio ao cen�rio de deteriora��o na economia mundial.
Pimentel disse que uma recess�o na Europa ou a continuidade da desacelera��o no crescimento da China n�o debilitariam o desempenho comercial do Brasil. "Acredito que n�o haver� uma redu��o no com�rcio de commodities porque a China - mesmo que passe por um decl�nio no ritmo de crescimento - precisa de commodities", avaliou o ministro. Ele acrescentou que h� um volume relativamente pequeno de exporta��es de produtos manufaturados para a Europa que poderia ser substitu�do pela abertura de novas fronteiras comerciais na �frica.