Panelas alem�s, roupas espanholas, rel�gios franceses, brinquedos americanos. O Natal das lembrancinhas chinesas d� lugar ao de sofisticados produtos estrangeiros, especialmente vindos da Europa e dos Estados Unidos. Os pa�ses que atravessam crise econ�mica focam mercados emergentes, como o Brasil, onde o consumo est� a todo o vapor. O resultado � uma oferta maior de importados nas vitrines e prateleiras das lojas da capital mineira. A ind�stria nacional reclama, mas os consumidores comemoram. “Compro pela qualidade melhor e pela variedade cada vez maior”, diz o empres�rio Rodrigo Gontijo.
A filha, Carolina, de 6 anos, pediu o presente antecipado e ganhou uma boneca Adora, que custa a partir de R$ 499. “J� tinha visto a boneca em Nova York, mas � a primeira vez que a vejo no Brasil”, afirma o pai. A gerente da Tool Box, Patr�cia Cabral, diz que antes a empresa procurava f�bricas no exterior para as compras, mas hoje s�o elas que v�m fechar neg�cio por aqui. “A cada dia chega uma marca e, assim, conseguimos ofertar uma variedade maior de produtos de alta qualidade e com pre�os muito bons”, afirma. E, segundo ela, o brasileiro est� indo �s compras em peso. “Desde julho, o valor m�dio gasto por cliente cresce ao ritmo de 10% ao m�s. As perspectivas para o Natal s�o as melhores”, diz.
Uma das apostas de vendas de fim de ano da loja – a linha nova das panelas da alem� Silit, que custa a partir de R$ 690 a unidade – j� agrada � clientela. � a prefer�ncia do engenheiro civil S�rgio Oliveira, em raz�o da qualidade do a�o. “Tenho percebido oferta maior tanto em rela��o �s marcas quanto aos produtos”, disse.
Renda em alta
O n�mero de trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado foi estimado em 11 milh�es de pessoas em setembro, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) realizada em seis regi�es metropolitanas do pa�s (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e S�o Paulo). Essa proje��o apresentou eleva��o de 6,7%, frente a setembro de 2010, o equivalente a um acr�scimo de 691 mil postos de trabalho no per�odo de um ano. O avan�o do emprego e da renda contribui para o desenvolvimento do mercado de artigos de luxo no Brasil. Neste ano, o setor deve movimentar R$ 21 bilh�es, alta de 33% ante 2010, de acordo com a consultoria GFK.
Este ser� o primeiro Natal da loja espanhola Adolfo Dominguez em Belo Horizonte. Inaugurada em fevereiro, a expectativa de vendas, em raz�o das festas de fim de ano, � positiva. “A mulher mineira tem um padr�o diferenciado de compras e gosta do corte europeu. H� muita gente que conheceu a loja no exterior e, agora, se identifica com ela aqui”, explicou a gerente Lisa Souza. Embora algumas das roupas sejam fabricadas em pa�ses asi�ticos, as pe�as de alta-costura s�o made in Espanha. Os pre�os dos vestidos, por exemplo, variam de R$ 415 a R$ 2.900; as bolsas, de R$ 300 a R$ 2 mil. “Em Minas, fizemos ajustes nos pre�os e flexibilizamos o plano de pagamento.”
An�lise da not�cia
Por tr�s do la�o de fita
Graziela Reis
Aos p�s das �rvores de Natal dos mineiros, n�o ser�o poucos os presentes importados da Europa e dos Estados Unidos. Com a crise, consumidores italianos, espanh�is ou norte-americanos est�o comprando menos. As f�bricas desses pa�ses t�m que vender para que n�o sofram ainda mais com a recess�o que toma corpo. E miram os mercados dos pa�ses emergentes. O consumidor daqui fica feliz quando desfaz o la�o vermelho e tira o papel colorido de um brinquedo ou adorno sofisticado vindo de outros pa�ses. Mas o reflexo futuro pode ser triste. As ind�strias brasileiras s�o as que mais se ressentem com esse cen�rio. E, se passam a vender menos, perdendo a disputa com os importados, os empregos s�o amea�ados, assim como a renda. Uma conjuntura assim o pa�s n�o quer como presente.