Apesar das medidas ao est�mulo ao consumo adotadas pelo governo federal no fim do ano passado, os economistas e analistas financeiros ouvidos semanalmente pelo Banco Central est�o descrentes com a capacidade de o empurr�o oficial acelerar o crescimento da economia brasileira neste ano. A previs�o para a expans�o do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 est� caindo semana a semana. De acordo com a pesquisa Focus divulgada ontem a nova proje��o para o ano � de 3,30%. Na semana passada esta varia��o estava em 3,40% e h� um m�s em 3,48%. A proje��o do Banco Central para o PIB de 2012 � mais otimista, de um crescimento de 3,50%.
“Eu diria at� que a previs�o est� otimista. Se o cen�rio externo seguir com not�cias ruins, como vem acontecendo, � mais prov�vel que o PIB feche o ano em torno de 3%”, avalia Marco Ant�nio Salvata, doutor em economia pela Funda��o Getulio Vargas (FGV) e coordenador do curso de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). Em meados de 2011, diz, a previs�o de expans�o do PIB brasileiro era de 4,5%. “E o �ndice s� vem caindo”, observa Salvata.
O economista ressalta que a previs�o do mercado financeiro reflete os acontecimentos mundiais nos �ltimos meses de 2011. “A Europa viveu uma crise de endividamento, com redu��o do cr�dito e consumo menor dos pa�ses. O crescimento do PIB brasileiro deve cair porque a demanda externa tende a ser menor”, afirma Salvata.
A economia mundial est� cada vez mais integrada e n�o h� chances de ver o desempenho econ�mico de um pa�s de forma isolada, avalia Cl�lio Campolina, economista e professor do departamento de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Temos hoje muita turbul�ncia mundial, com crise profunda na Europa, incertezas na China e Estados Unidos tentando reerguer a economia com muita dificuldade”, observa Campolina. Neste cen�rio, diz, se o PIB brasileiro crescer 3% o pa�s ficar� em posi��o relativamente confort�vel.
Campolina faz, no entanto, algumas ressalvas em rela��es �s previs�es econ�micas mundiais. “A economia funciona em ambiente de incertezas e expectativas. Ningu�m iria prever uma crise americana t�o profunda, assim como os problemas na Europa. E o desempenho dos mercados depende dos parceiros internacionais”, completa.
O freio da infla��o
Para t�cnicos da FGV, “tentar manter um n�vel de atividade bom, algo acima de 3% em 2012, e ao mesmo tempo enfrentar um cen�rio que n�o � nem um pouco confort�vel em termos de pre�os ser�o um desafio tanto para a pol�tica monet�ria quanto para a pol�tica fiscal”. E, segundo informou ontem a FGV, os pre�os voltaram a acelerar. Puxada pelos alimentos, a infla��o medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor – Semanal (IPC-S) disparou em dezembro, fechando o m�s em 0,79% enquanto as apostas majorit�rias do mercado eram para um percentual em torno de 0,77%.
Com esse resultado, o �ndice fechou 2011em 6,36%, percentual superior � varia��o acumulada em 2010 que foi de 6,24%. Entre os alimentos que puxaram o �ndice para cima as maiores altas ficaram com hortali�as e legumes (de -3,25% para 0,58%), arroz e feij�o (de 2,85% para 3,75%) e aves e ovos (de 2,15% para 2,71%). Essa varia��o aconteceu na passagem da terceira para a quarta semana de dezembro. As taxas das demais classes de despesa que comp�em o IPC-S mantiveram-se est�veis ou apresentaram desacelera��o. O grupo sa�de e cuidados pessoais, por exemplo, manteve a taxa de 0,68%. Mostraram desacelera��o os grupos despesas diversas (de 0,35% para 0,11%), vestu�rio (de 1,21% para 1,03%), habita��o (de 0,38% para0,27%), educa��o, leitura e recrea��o (de 0,51% para 0,42%) e transportes (de 0,61% para 0,59%).
Com o IPC-S mantendo o f�lego, o mercado aposta que dificilmente o Banco Central conseguir� que a infla��o oficial, medida pelo �ndicede Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), fique no intervalo superior da meta, que � de 6,5% ao ano. No relat�rio Focus tamb�m divulgado ontem as estimativas dos analistas para a infla��o de 2011 subiram de 6,54%para 6,55%. Foi a terceira eleva��o seguida do indicador. Se n�o conseguir que o �ndice fique em at� 6,50%, o Banco Central ter� que explicar, em uma carta oficial ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, os motivos que levaram o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) a n�o conseguir cumprir a meta, apesar dos aumentos na taxa b�sica de juros promovidos at� o meio do ano. Para 2012, no entanto, o mercado est� mais otimista em rela��o ao comportamento da infla��o e agora prev� um IPCA de 5,32%. Foi o quinto recuo consecutivo do IPCA para 2012. H� um m�s o �ndice estava em 5,49%.
Presidente Dilma mant�m otimismo
S�o Paulo –A presidente Dilma Rousseff fez um balan�o positivo de 2011 e afirmou que 2012 “ser� ainda melhor”. A avalia��o foi feita na edi��o de ontem do programa semanal de r�dio Caf� com a presidenta, que reapresentou trechos do pronunciamento da presidente � na��o transmitido em 23 de dezembro. No programa, Dilma repetiu ainda estar longe de se sentir satisfeita, mas ter cada vez mais convic��o de que “podemos e vamos avan�ar muito mais”.
“Com planejamento e pol�ticas acertadas, estamos conseguindo proteger a nossa economia, os nossos setores produtivos e, sobretudo, o emprego dos brasileiros. Estamos transformando um momento de crise em um momento de oportunidade e entrando em uma nova era, uma era de prosperidade”, afirmou. Dilma ressaltou a cria��o de mais de 2 milh�es de postos de trabalho em 2011, al�m de “um bom crescimento, porque ele est� acompanhado de infla��o baixa, de juros descendentes, aumento do emprego, distribui��o de renda e diminui��o de desigualdades”.
A presidente reafirmou que o novo ano “ser� mais um marco de consolida��o do modelo brasileiro”. Segundo ela, o 2012 come�ar� com menos tributos para as mais de 5 milh�es de pequenas empresas que est�o no Simples e para os microempreendedores individuais. “Estes empreendedores tamb�m v�o ter cr�dito mais f�cil e mais barato”, disse.
“Todos os brasileiros v�o ter mais facilidades para comprar a casa pr�pria. At� 2014, a Caixa Econ�mica Federal e o Banco do Brasil v�o investir mais de R$ 125 bilh�es no Minha casa, minha vida”, acrescentou. Ao lembrar a redu��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre produtos da linha branca e a renova��o da redu��o de tributos sobre caminh�es, utilit�rios e m�quinas agr�colas, Dilma disse que “com menos impostos e mais cr�dito a economia brasileira vai crescer mais”.
Em rela��o a investimentos em obras e programas sociais, a presidente afirmou que mais desenvolvimento e melhor infraestrutura ser�o trazidos pelas obras do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) que, em 2012, "ganhar�o ainda mais �mpeto, em todo territ�rio nacional" e que o governo poder� ampliar pol�ticas de apoio aos mais necessitados. "Por exemplo, o programa Brasil Sem Mis�ria, que j� produziu grandes resultados, vai se consolidar plenamente em 2012", afirmou a presidente.