
“A Petrobras est� em falta com Minas j� h� algum tempo. Projetos como o polo acr�lico de Betim, a amplia��o da Refinaria Gabriel Passos (Regap) e planos envolvendo o g�s natural cancelados ou emperrados n�o condizem com a nossa condi��o de segundo polo consumidor de derivados de petr�leo do pa�s”, opina Olavo Machado Junior, presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Em julho do ano passado, a Petrobras anunciou o plano de investimentos para o quadri�nio 2011-2015. S�o 688 projetos que demandar�o US$ 224,7 bilh�es (R$ 393,25 bilh�es). A empresa representa 40% da proje��o dos investimentos embutidos no Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC).
O ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o, avaliou como positiva a substitui��o do atual presidente da Petrobras, Jos� Sergio Gabrielli, e admitiu que o plano de investimentos da companhia, at� 2020, aprovado pelos acionistas e pelo conselho, em 2011, pode at� ter pequenos ajustes, mas “n�o deve mudar significativamente”.
Para al�m da press�o, Gra�a, que nasceu na Zona da Mata mineira e foi com 2 anos para o Rio de Janeiro, onde cresceu no Morro do Adeus, no Complexo do Alem�o, tem tarefa t�o dura quanto sua reputa��o: provar ao mercado que a companhia ser� capaz de aumentar sua produtividade. Em dezembro, a empresa n�o conseguiu atingir a meta de processar 2,1 mil barris di�rios.
Projetos A amplia��o da Regap, bandeira da Prefeitura de Betim, na Grande BH, empres�rios e governo do estado, n�o tem prazo para sair do papel. Muito menos o polo acr�lico or�ado em US$ 600 milh�es, ao lado da refinaria da RMBH. “N�o desistimos disso, porque a refinaria j� produz com toda a sua capacidade e n�o d� conta de atender toda a demanda do estado. A discuss�o se arrasta h� mais de 15 anos, j� passou da hora de dar um jeito”, reclama a prefeita de Betim, Maria do Carmo Lara.
Novela tamb�m no gasoduto do Tri�ngulo Mineiro. A Gasmig, respons�vel pelo ramal entre o limite do Rio Grande e a cidade mineira de Uberaba, informou, via assessoria de imprensa, que aguarda defini��o quanto � parte do projeto de responsabilidade da Petrobras, entre S�o Carlos (SP) e a divisa de Minas. A estatal, por sua vez, n�o se manifestou at� o fechamento da edi��o. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econ�mico tamb�m n�o retornou a solicita��o da reportagem.
O duto beneficiaria o projeto da unidade fabril para a produ��o de fertilizantes, a partir de am�nia e ureia em Uberaba, no Tri�ngulo, que deve somar investimentos de R$ 2,7 bilh�es. O fornecimento representaria aumento de at� 200% nas vendas da distribuidora at� 2015. O terreno de 1,080 milh�o de metros quadrados, concedido pelo governo de Minas, entra em fase de terraplenagem no m�s que vem.
As obras da planta de am�nia devem gerar 4,7 mil empregos e, depois de pronta, a unidade dever� manter 400 colaboradores diretos. O atraso no cronograma, segundo o secret�rio de Desenvolvimento Econ�mico de Uberaba, Carlos Assis, n�o deve se repetir na gest�o de Foster: “Eles readequaram o or�amento geral da empresa, e, com isso, a inaugura��o, anteriormente prevista para 2014, foi adiada para 2015”.
Com perfil t�cnico
O perfil t�cnico de Foster � a principal aposta de quem entende que a futura presidente da Petrobras ser� sens�vel aos projetos em Minas. � o que defende Altamir de Ara�jo Roso Filho, presidente da regional Vale do Rio Grande da Fiemg: “Ela tem perfil de cobrar cronogramas com rigor, � maneira at� da presidente Dilma, de quem � amiga”. De janeiro de 2003 a setembro de 2005, Foster foi secret�ria de Petr�leo, G�s Natural e Combust�veis do Minist�rio de Minas e Energia, ent�o chefiada por Dilma.
Foster � graduada em engenharia qu�mica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) com mestrado em engenharia qu�mica e p�s-gradua��o em engenharia nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), tendo MBA em economia pela Funda��o Getulio Vargas (FGV/RJ). Foi eleita diretora da �rea de G�s e Energia da Petrobras – Petr�leo Brasileiro S.A. em 21 de setembro de 2007.
Com uma carga de trabalho que ultrapassa diariamente 12 horas – ela chega todos os dias �s 7h30 � Petrobras –, Gra�a Foster mostra paix�o pelo trabalho. Assessores, funcion�rios e executivos que trabalham com Gra�a s�o un�nimes em destacar o que consideram a sua principal marca: o perfeccionismo.
O mercado financeiro reagiu com otimismo � indica��o dela para substituir Jos� Sergio Gabrielli na Presid�ncia da Petrobras. As a��es da empresa na Bolsa de Valores de S�o Paulo (Bovespa) disparam � tarde acima de 3%, logo ap�s a confirma��o oficial do nome de Gra�a, atingindo picos de 4,4%. Os pap�is ordin�rios (ON) fecharam o dia em alta de 3,61%, cotados a R$ 27,30, e os preferenciais (PN), 3,76%, atingindo R$ 25,13. (FB E SR)
Abastecimento � primeiro desafio
Silvio Ribas
Bras�lia – Uma das prioridades da primeira mulher a assumir a Presid�ncia da Petrobras ser� aumentar a produ��o nacional de petr�leo, praticamente estagnada nos �ltimos anos. Segundo analistas do setor, a principal miss�o de Maria das Gra�as Foster ser� reduzir a forte press�o gerada pela escassez dom�stica de combust�veis, sobretudo etanol, em toda a economia. O crescimento acelerado da frota nacional de ve�culos, combinado com as limita��es da capacidade brasileira de refino de gasolina, al�m da produ��o contida de etanol, tem reflexo direto sobre os �ndices de infla��o e a balan�a comercial, gra�as �s crescentes importa��es de gasolina.
O desafio para colaborar com a pol�tica energ�tica do pa�s � gigantesco se se considerar que as novas refinarias da estatal, em constru��o no Maranh�o e no Rio de Janeiro, s� estar�o prontas entre 2014 e 2015. Neste mesmo per�odo dever� tamb�m come�ar a ter efeito o plano de est�mulo anunciado pelo governo aos usineiros, com financiamento de R$ 4 bilh�es pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) e em fase de detalhamento.
A engenheira qu�mica Gra�a Foster, que j� foi cotada para o cargo de ministra-chefe da Casa Civil no governo Dilma Rousseff, tamb�m dever� dar um choque de gest�o na Petrobras. Conforme sinalizaram executivos da pr�pria Petrobras e de outras empresas do setor petrol�fero, o governo andava insatisfeito com os n�meros da gest�o do atual presidente da estatal, Jos� Sergio Gabrielli, iniciada em 2005.
An�lise da not�cia
Press�o estrat�gica
Marta Vieria
Aquele antigo ditado que recomenda ao beato ir devagar com o andor, porque o santo � barro bem que poderia ser lembrado nos corredores das entidades de classe empresarial que comemoram nos �ltimos dias a indica��o de Gra�a Foster para a Petrobras. As ditas reivindica��es de Minas –� bom que se diga: justas e proporcionais ao tamanho e representatividade da economia do estado no PIB brasileiro –v�m se arrastando sem resposta desde o come�o dos anos 2000. A falta de investimentos pesados da companhia na expans�o do refino no estado e em outros insumos, como ur�ia e am�nia e o g�s da Bacia do S�o Francisco, n�o encontra justificativa t�cnica nem econ�mica. O convencimento a favor dos projetos aguardados em Minas passa por uma organizada estrat�gia de press�o pol�tica envolvendo os empres�rios, e uma exposi��o clara de resultados desses investimentos. Algo bem pensado e estruturado na mesma linha de gest�o que Foster dever� tra�ar no comando da empresa.