A presidente Dilma Rousseff come�ar� nesta segunda-feira em Cuba uma visita de menos de 48 horas com uma agenda basicamente econ�mica e de coopera��o, embora n�o esteja isenta do espinhoso tema dos direitos humanos. A visita, no �mbito de um giro que tamb�m a levar� ao Haiti, significa uma continuidade na aproxima��o bilateral iniciada por Lula.
Precedida por uma visita do chanceler brasileiro Antonio Patriota, h� 15 dias, sua presen�a em Havana busca "aprofundar o crescente di�logo e coopera��o bilateral, com �nfase na agenda econ�mica", indicou a chancelaria brasileira antes da viagem.
Dilma chegar� �s 16h45 local (19h45 de Bras�lia) desta segunda-feira � capital cubana e na ter�a-feira ser� recebida pelo presidente Ra�l Castro no Pal�cio da Revolu��o, segundo o programa divulgado � imprensa. Na quarta-feira pela manh� viajar� ao Haiti.
Embora n�o esteja no programa, Dilma pode ter um encontro com Fidel Castro, de 85 anos, afastado do poder desde 2006 por motivos de doen�a, em virtude da proximidade do pai da revolu��o cubana com Lula, assim como pela pr�pria trajet�ria de Dilma, uma ex-guerrilheira de esquerda que foi presa e torturada sob a ditadura brasileira (1964-1985).
Dilma chega a Cuba quando ambos os pa�ses acabam de fechar em 2011 seu melhor ano comercial, com o n�mero recorde de 642 milh�es de d�lares, o que consolida o Brasil como o segundo s�cio latino-americano de Cuba, depois da Venezuela.
Deste valor, 550 milh�es correspondem a exporta��es brasileiras � ilha, uma balan�a muito desequilibrada, que ambas as partes querem corrigir. Segundo fontes brasileiras, existe a possibilidade de se concretizar um acordo de produ��o conjunta de medicamentos gen�ricos, para os quais Cuba desenvolveu tecnologia e o Brasil � um mercado atraente.
Apesar da abertura de Cuba ao capital estrangeiro, o �nico investimento conjunto � a f�brica de cigarros BrasCuba, com mais de 15 anos de funcionamento. Sob o mandato de Lula, a Petrobras abriu um escrit�rio em Cuba e fechou com a cubana Cupet um contrato para a prospec��o e explora��o de petr�leo na Zona Econ�mica de Cuba no Golfo do M�xico, mas depois se retirou, ap�s a descoberta de grandes jazidas no Brasil.
A chegada de Dilma coincide com o in�cio das perfura��es nesta regi�o, a cargo da companhia espanhola Repsol. Espera-se que a presidente visite as obras de amplia��o e moderniza��o do Porto do Mariel, 50 km a oeste de Havana, para as quais Bras�lia aprovou um cr�dito de 450 milh�es de d�lares para obras de infraestrutura, executadas pela Odebrecht com construtoras cubanas.
Este porto, visitado por Lula no in�cio das obras e pelo chanceler Patriota h� 15 dias, � a obra de infraestrutura mais importante realizada pelo governo de Ra�l Castro, e dever� contar em 10 anos com um terminal de cont�ineres, armaz�ns, uma zona industrial e um porto petroleiro.
Dilma chega a Cuba no momento em que Ra�l Castro promove reformas econ�micas aprovadas em abril de 2011 pelo VI Congresso do Partido Comunista (�nico), que neste fim de semana realizou uma in�dita Confer�ncia Nacional para se modernizar, mas sem abandonar o monop�lio do poder.
Esta � a primeira visita de um presidente estrangeiro ap�s a morte do opositor preso cubano Wilman Villar, de 31 anos, em uma greve de fome no dia 19 de fevereiro, que desencadeou cr�ticas do exterior a Havana e aumentou a ira entre a dissid�ncia interna.
Descarta-se que Dilma realize algum encontro com dissidentes cubanos, embora o Brasil tenha concedido um visto � blogueira opositora cubana Yoani S�nchez para visitar este pa�s. Mas Yoani ainda precisa obter autoriza��o do governo para sair da ilha, o que foi negado a ela anteriormente.
Embora Dilma tenha inclu�do os direitos humanos em seu discurso pol�tico atual, o tema n�o parece estar presente em sua agenda em Havana. Ant�nio Patriota disse � imprensa que "n�o nos parece uma situa��o emergente, h� outras situa��es muito mais preocupantes, como por exemplo em Guant�namo", em refer�ncia � pris�o dos Estados Unidos nesta base em Cuba. Dilma partir� na quarta-feira ao Haiti, onde o Brasil lidera a miss�o de capacetes azuis da ONU.