Os planos de austeridade aplicados a v�rios pa�ses para resolver a crise da d�vida na Europa t�m gerado um crescente descontentamento social e ampliado o risco de uma explos�o de revoltas nas na��es mais afetadas - como bem retratou a guerra urbana vivida em Atenas neste fim de semana.
Para o dia 29 de fevereiro, v�spera da pr�xima reuni�o europeia em Bruxelas que confirmar� o refor�o da disciplina or�ament�ria na UE, a Confedera��o Europeia de Sindicatos (CES) pediu mais uma jornada de protestos.
"A 'cura' imposta aos empregados gregos � inaceit�vel", disse Bernadette S�gol, secret�ria-general da CES, que agrupa 84 organiza��es do continente. Segundo a sindicalista, foram justamente os sucessivos planos de rigor levaram os pa�ses � crise. "As novas medidas s�o insustent�veis, como a redu��o do sal�rio m�nimo, os cortes nas aposentadorias e as demiss�es de funcion�rios p�blicos", afirma.
Na Espanha, onde o governo adotou na sexta-feira uma reforma de trabalho para conter as demiss�es, os dois principais sindicatos, UGT e CCOO, convocaram uma mobiliza��o geral em todo o pa�s para o dia 19 de fevereiro contra essas medidas.
Em sua reuni�o de 1 e 2 de mar�o, os dirigentes europeus firmar�o um novo tratado de disciplina or�ament�ria, cujo princ�pio foi adotado em janeiro, que imp�e a todos o retorno ao equil�brio das contas p�blicas. Esta � a condi��o imposta pela Alemanha, maior economia da regi�o, para manter sua solidariedade financeira com os pa�ses mais fr�geis.
O mundo sindical n�o entende estas medidas e cita o caso de Portugal, que tem tido dificuldades em sair da crise mesmo ap�s os dr�sticos cortes no or�amento p�blico, ou o da Gr�cia, pa�s submetido a um brutal plano de cortes mesmo em estado de recess�o.
"Ser� imposs�vel aplicar (na Gr�cia) o que exige a Troika (Uni�o Europeia, Banco central Europeu, FMI), devido � queda livre de sua economia e a sua ruptura social", diz o diretor da consultoria Re-Define, Sony Kapoor.
Segundo o especialista, a situa��o grega representa o que acontecer� com outras economias europeias se a UE n�o alterar seu rumo. Contudo, a UE n�o tem apresentado nenhum sinal de que alterar� sua trajet�ria de ajustes, mesmo ap�s o alerta de v�rios economistas, inclusive de um Pr�mio Nobel, o americano Paul Krugman, que reiterou que a austeridade em tempos de recess�o � uma ideia ruim.
O bilion�rio h�ngaro-americano George Soros, por sua vez, teme que se repitam, na Europa, os erros da crise americana de 1929, conforme declarou ele em uma entrevista publicada no domingo pelo site internet da revista Der Spiegel. "Admiro a chanceler Merkel por sua capacidade de lideran�a. Contudo, lamentavelmente, ela est� levando a Europa para o mau caminho", disse Soros ao seman�rio de Hamburgo.
Devemos "reativar a economia dos pa�ses europeus em crise injetando dinheiro p�blico ao inv�s de for�ar os governos a economizar. Do contr�rio, repetiremos os erros que levaram os Estados Unidos � Grande Depress�o de 1929. � o que Angela Merkel n�o entende", disse Soros.
Por outro lado, de acordo com o Der Spiegel, Soros n�o compartilha a ideia de envolver o Fundo Monet�rio Internacional (FMI) na administra��o da crise. "Apenas a Europa deve ser capaz de resolver seus problemas", disse.