Cidade candidata a receber f�brica de iPads da Foxconn tem infraestrutura prec�ria

Funil�ndia – Quem dispuser de tempo para um dedo de prosa na barbearia de Olinto Gon�alves, de 51 anos, ouvir� �timos causos de Funil�ndia, uma pacata cidade de 3,9 mil habitantes na Regi�o Central de Minas Gerais, a 90 quil�metros de Belo Horizonte. A �ltima not�cia importante ocorrida l� foi em 12 de outubro, mas pode colocar o lugarejo, cercado por pequizeiros e outras �rvores do cerrado, na rota do desenvolvimento econ�mico do estado. Naquela manh�, um helic�ptero com seis orientais atraiu os olhares dos moradores ao descer no campo de futebol em frente ao estabelecimento de Lilico, como o dono do sal�o � conhecido.

A aeronave, explica ele, trouxe uma comitiva da gigante taiwanesa Foxconn para conhecer o munic�pio. A multinacional asi�tica, cujo faturamento anual gira em torno de US$ 100 milh�es, pretende erguer um complexo tecnol�gico na regi�o, estimado em R$ 2,5 bilh�es, para produzir telas e componentes para iPad. Esse � um dos projetos que mais interessam ao governo de Minas na atualidade. E a pacata Funil�ndia � s�ria candidata a receber a planta da empresa, pois est� a apenas 47 quil�metros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins.

Os estrangeiros chegaram ao lugarejo, cuja economia � domada pela agropecu�ria, �s 8h30. Escoltados pela Pol�cia Militar, entraram em carros com ar condicionado, passaram em frente � barbearia de Lilico, entraram na MG-424 e seguiram at� pr�ximo � vizinha Prudente de Morais. Por cerca de duas horas, observaram extensas terras vazias. Durante toda a visita, evitaram conversar com os nativos. “Ali�s, s� falavam em ingl�s”, conta uma pessoa, que prefere o anonimato, ligada � pol�tica local.

Quase cinco meses depois, a possibilidade de a Foxconn construir uma f�brica no cerrado de Funil�ndia ainda pauta boa parte das conversas da cidade. “A vinda deles, se confirmada, vai gerar bastante empregos”, prev� Zenilda Martins Vieira, de 22. Emprego � algo em falta na cidade. Ela conta que seus oito irm�os e a irm� migraram para Sete Lagoas, cidade-polo da regi�o, atr�s de trabalho. “Fiquei para cuidar da mam�e”, justifica.
O sonho dela de melhoria da economia local com gera��o de mais empregos e renda � o mesmo de Elcimar Miranda, de 57, o maior empregador privado do lugarejo. Dono de uma farm�cia e de uma mercearia, ele conta com 12 colaboradores. “Se os asi�ticos vierem, tudo ficar� diferente. J� planejo ampliar a mercearia.” Lilico tamb�m est� otimista: “A economia de Funil�ndia vai engordar”.

Principal car�ncia

A cidade que sonha entrar para a rota do desenvolvimento econ�mico de Minas ter� de receber pesados aportes em infraestrutura se quiser abrigar a f�brica da Foxconn. A come�ar pela rodovia que liga o munic�pio � vizinha Prudente de Morais: o asfalto da MG-424, de pista simples e sem acostamento, precisa ser reparado, pois o piso dos 14 quil�metros est� bastante desgastado. A aus�ncia de acostamento � outro predicado negativo.

Tamb�m faltam investimentos em telefonia. Apenas a Claro explora o setor no local. A rede banc�ria � outro problema. Somente uma ag�ncia do Bradesco e um posto do Banco do Brasil, que funciona em parceria com os Correios, atendem os moradores. No caso de hospedagem, Funil�ndia conta com uma pousada e um pequeno hotel. Posto de combust�veis? Apenas um.

O prefeito Leonardo Azeredo j� reconheceu que o munic�pio precisa de investimentos em infraestrutura, caso seja escolhido para abrigar a unidade da Foxconn. Ele pretende conseguir, amanh� ou nos pr�ximos dias, uma audi�ncia com o governador Antonio Anastasia ou representantes do estado para saber detalhes da negocia��o.