Os bancos esperam compensar o impacto negativo da queda da Selic voltando sua estrat�gia para produtos que n�o dependem de juros, como seguros e cart�es. Esses segmentos que vem crescendo a uma m�dia de dois d�gitos h�, pelo menos, cinco anos, e j� representam boa parte do lucro das institui��es financeiras, devem ganhar peso ainda maior nos balan�os a partir de agora. Uma das vantagens desses produtos � n�o depender de capta��o de recursos no mercado, como acontece nos empr�stimos e financiamentos.
A combina��o de queda da Selic e redu��o do spread (a diferen�a do custo que o banco capta o recurso para o que ele empresta) tem impacto direto na receita dos bancos com financiamentos. Para manter a rentabilidade nessas modalidades os bancos v�o depender de escala. Se isso acontecer, � sinal de que o mercado de cr�dito est� aquecido e mais competitivo. Assim, um eventual aumento do volume dos empr�stimos compensaria o spread menor, conforme avalia o economista chefe da Federa��o Brasileira dos Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg.
Outro impacto � na margem financeira (ganho com juro) com os t�tulos p�blicos, pois os bancos aplicam os recursos do caixa nesses pap�is. Diante das discuss�es no mercado de redu��o mais forte da Selic e de que a taxa chegaria r�pido a um d�gito, os bancos j� sinalizaram nas proje��es para 2012 um crescimento menor para esta margem. O Bradesco, por exemplo, prev� expans�o de 10% a 14%, abaixo do intervalo que projetava para 2011, de 18% a 22%.
Na avalia��o de especialistas ouvidos pela Ag�ncia Estado, mesmo com a Selic menor, os bancos devem apresentar expans�o dos lucros este ano, por conta do foco em outros produtos e de at� de uma acelera��o do crescimento do cr�dito.
No Bradesco, a previs�o para seguros neste ano � de expans�o de 13% a 16%. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, tamb�m em entrevista recente, destacou o ciclo ascendente da ind�stria de seguros. Conforme a popula��o tem sobra de renda, a demanda por seguros aumenta. A participa��o do Grupo Bradesco de Seguros e Previd�ncia no lucro do banco aumentou em quatro pontos porcentuais no quarto trimestre de 2011, para 31% do resultado.
No Ita�, o lucro da seguradora cresceu 68% no quarto trimestre ante o mesmo per�odo do ano anterior. A unidade passou a responder por 14,8% do ganho l�quido do banco, acima dos 9,7% do quarto trimestre de 2010. No BB, a seguradora aumentou seu peso nos �ltimos 12 meses, passando de 12,7% para 13,7%. A meta � chegar a 25% nos pr�ximos anos.
Em tempos de queda dos juros e perspectivas de redu��o das margens, a expectativa � que esse movimento das seguradoras acentue ao longo deste ano, avalia o analista do setor financeiro da Austin Rating, Luis Santacreu. "Os grandes bancos brasileiros n�o s�o s� bancos de cr�dito. Com o aquecimento da economia, as vendas de seguros tendem a crescer ainda mais", destaca.
No Santander, a estrat�gia para a �rea de seguros � diferente. O banco optou por n�o ter uma seguradora pr�pria. O foco � ser um distribuidor de ap�lices em sua ag�ncia, ganhando parte da receita com as vendas. No ano passado, o banco espanhol fechou uma joint venture com a seguradora su��a Zurich para a Am�rica Latina. Em 2011, as receitas com seguros e capitaliza��o cresceram 29% no Brasil. Junto com a �rea de cart�es (expans�o de 34%), foi o segmento que mais se cresceu.
No cart�o, a aposta � em produto e n�o financiamento. Por isso os bancos querem emitir mais pl�sticos e ganhar nas receitas com transa��es em lojas. No ano passado, o Bradesco emitiu 4,9 milh�es de pl�sticos e ainda lan�ou, em conjunto com o BB e a Caixa a bandeira Elo, voltada para o p�blico de baixa renda. No Ita�, a receita com cart�es cresceu 18% em 2011, ante m�dia de 13% de expans�o das receitas com servi�os.
J� em servi�os a clientes, outra frente para aumentar receita, BB, Bradesco, Ita� e Santander tiveram R$ 60 bilh�es em faturamento no ano passado, aumento de 31% ante 2010, apostando, por exemplo, em produtos para contas correntes e fundos de investimento.