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Estado de Minas

Prova do Senado teve quest�es clonadas

Organizadora da sele��o, a FGV clonou uma s�rie de quest�es aplicadas por prefeituras e outros �rg�os do pa�s. Empresa diz que investigar� "coincid�ncias". Candidatos pedem anula��o


postado em 16/03/2012 09:00

A onda de den�ncias contra o concurso do Senado parece n�o ter fim. Depois de a Funda��o Getulio Vargas (FGV) fracassar na distribui��o de cadernos de provas em n�mero suficiente para os inscritos no dia das provas, aplicadas no �ltimo domingo, candidatos denunciaram que as avalia��es est�o repletas de quest�es clonadas de outras sele��es — em muitos casos, processos seletivos pequenos, de prefeituras espalhadas por todo o pa�s. Para especialistas, o pl�gio p�e em xeque um certame que j� come�ou marcado por pol�micas e pode levar at� mesmo � anula��o das provas.

Na disputa pela �nica vaga oferecida na especialidade de urologia, o m�dico Ricardo Fernandes, 36 anos, encaminhou ao Minist�rio P�blico Federal e � Pol�cia Federal uma den�ncia segundo a qual, das 40 quest�es da prova espec�fica para o cargo, pelo menos 32 foram copiadas de outros exames. Somente da prova aplicada pela Pol�cia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) em 2010, tamb�m para o cargo de urologista, a FGV teria tirado 29 quest�es. Muitas s�o id�nticas. Outras t�m poucas diferen�as no texto, por�m o mesmo conte�do, expresso inclusive na ordem dos itens. “Em alguns casos, a prova da FGV apresenta uma historinha, que em nada modifica a quest�o, e depois aparecem o enunciado e os itens id�nticos aos da prova da PM do Rio”, observou Fernandes, que pediu o cancelamento do exame.

At� na quest�o discursiva, que vale 20% do total de pontos da prova espec�fica, o m�dico verificou semelhan�as. “O que muda � a idade do personagem do paciente apresentado, o que em nada altera a resposta. O resto � exatamente igual � prova da PM do Rio”, criticou. De acordo com as den�ncias, na prova espec�fica de fisioterapia do Senado, pelo menos 33 quest�es foram copiadas de outros concursos p�blicos. Entre eles o da Prefeitura de Timom (MA), organizado pela Funda��o de Apoio � Educa��o e ao Desenvolvimento Tecnol�gico do Piau� (Funadepi) em 2007, e o da Prefeitura de Vit�ria (ES), elaborado pelo Centro de Sele��o e de Promo��o de Eventos da Universidade de Bras�lia (Cespe/UnB) tamb�m em 2007.

Isonomia ferida


O Correio enviou as quest�es que foram alvo da queixa para a FGV. Depois de analisar o conte�do ao longo de quatro horas, a banca informou que investigar� a den�ncia. “Os questionamentos sobre a exist�ncia de perguntas j� constantes em concursos anteriores, no que se refere �s provas de fisioterapia e urologia, que abrigaram pouco mais de 0,5% dos candidatos inscritos, ser�o apurados com o rigor que sempre norteou a trajet�ria de quase 70 anos de bons servi�os prestados pela FGV ao Brasil”, informou a institui��o.

Em alguns casos, a prova da FGV apresenta uma historinha, que em nada modifica a questão, e depois aparecem o enunciado e os itens idênticos aos da prova da PM do Rio
Em alguns casos, a prova da FGV apresenta uma historinha, que em nada modifica a quest�o, e depois aparecem o enunciado e os itens id�nticos aos da prova da PM do Rio" Ricardo Fernandes, m�dico (foto: CB/D.A/Press)
Para Leonardo Pereira, advogado e diretor do Instituto IOB, preparat�rio para concursos, com a comprova��o da clonagem, as provas para os cargos afetados dever�o ser anuladas. “Isso ofende uma s�rie de princ�pios, inclusive o da moralidade, al�m da boa-f� dos candidatos”, avaliou. A seu ver, a c�pia fere tamb�m a isonomia. Por mais que seja comum os estudantes responderem provas anteriores de sua �rea para saber como elas s�o elaboradas, na hora da avalia��o, eles devem apresentar conhecimentos sobre conte�dos listados em edital, mas n�o t�m obriga��o de decorar quest�es anteriores. “A anula��o visa o reequil�brio das condi��es de disputa, o princ�pio de que todos entram para o certame em similaridade de condi��es, que a �nica diferen�a entre eles � o conhecimento. Se essa igualdade � ferida, o concurso n�o virou uma prova de conhecimento, mas de sorte”, ressaltou.

No dia das avalia��es, a FGV anunciou a anula��o dos exames para tr�s cargos — de analista legislativo, nas �reas de an�lise de sistemas e an�lise de suporte de sistemas, e de t�cnico legislativo, na �rea de enfermagem — por causa da troca de cadernos de provas em quatro salas de aula de uma institui��o de ensino em Taguatinga, no Distrito Federal.

Erros s�o recorrentes

Em meio a tantas den�ncias de irregularidades, a que mais choca os candidatos � a de que quest�es apresentadas na prova do Senado foram encontradas em concursos aplicados por outras bancas, sinal de incompet�ncia da organizadora. Em busca de uma das 246 vagas oferecidas no �rg�o, com sal�rios que variam de R$ 13,8 mil a R$ 28,3 mil, muitos deixaram de lado uma s�rie de projetos pessoais e investiram dinheiro e tempo na prepara��o. Somente com os valores das inscri��es, que variaram de R$ 180 a R$ 200, a Funda��o Getulio Vargas arrecadou R$ 29,2 milh�es.

“Se as quest�es fossem da pr�pria FGV, a gente at� poderia pensar que elas fazem parte de um banco e foram reaproveitadas ao longo de um per�odo. Mas ver perguntas de outras organizadoras � algo absurdo, talvez at� criminoso”, desabafou um concorrente ao cargo de fisioterapeuta, que tamb�m protocolou den�ncia no Minist�rio P�blico Federal.

O m�dico Ricardo Fernandes, 36 anos, tamb�m ficou revoltado com a situa��o. Como, na confer�ncia dos gabaritos, viu que pode ter conseguido pontua��o para ser convocado, ele disse que o pedido de anula��o pode at� prejudic�-lo, mas n�o abre m�o de uma investiga��o. “A gente estuda, abre m�o de um monte de atividades, pensando que vai fazer uma sele��o s�ria, e acontece isso”, disse.

A Associa��o Nacional de Prote��o e Apoio aos Concursos (Anpac) orientou os candidatos que se sentirem lesados a registrar queixas no Minist�rio P�blico. “Est� uma confus�o. O Senado escolheu muito mal a banca, que j� responde por outros problemas em concursos no Rio de Janeiro”, avaliou Ernani Pimentel, presidente da Anpac e da Vestcon. “Se, de fato, houver c�pias, isso � um profundo desrespeito ao candidato”, acrescentou.

Na contram�o, o advogado especialista em concursos David Nigri n�o v� motivos para tanto alvoro�o. “Existe problema quando a prova cobra conhecimentos n�o previstos em edital, mas n�o quando h� quest�es copiadas, a n�o ser que algu�m tenha a informa��o privilegiada de que elas ser�o repetidas”, opinou. (RM e CB)


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