O governo da Espanha classificou de negativa a decis�o da Bol�via de expropriar a filial espanhola da Rede El�trica da Espanha (REE), anunciada na ter�a-feira, mas assegurou que o governo de Evo Morales garantiu o pagamento de uma indeniza��o. "O que a Bol�via garantiu � que vai compensar a empresa pelos custos investidos na rede de eletricidade", declarou Luis de Guindos em Bruxelas. "Evidentemente � um elemento que o governo espanhol vai vigiar e vai atender, no que � efetivamente a assist�ncia ao pre�o justo nestes investimentos".
Esta foi a primeira rea��o oficial do governo espanhol ap�s o an�ncio do presidente boliviano, Evo Morales, de nacionalizar a empresa que transporta dois ter�os da rede el�trica na Bol�via. "O governo espanhol n�o gosta deste tipo de decis�o principalmente porque acreditamos que � fundamental manter a seguran�a jur�dica no processo de investimentos em pa�ses como a Bol�via", afirmou De Guindos. "A Rede El�trica estava oferecendo um bom servi�o do ponto de vista da economia da Bol�via e dos cidad�os da Bol�via", assegurou.
De Guindos destacou, no entanto, que a Espanha n�o acredita "que exista em absoluto qualquer tipo de situa��o generalizada" na Am�rica Latina. "Tem implica��es a m�dio prazo do ponto de vista do que � o desenvolvimento econ�mico destes pa�ses e do que � garantia dos investimentos, e os investimentos s�o fundamentais", acrescentou.
A Uni�o Europeia (UE), por sua vez, se declarou preocupada e vigilante com a situa��o e exigiu uma "compensa��o r�pida" por parte da Bol�via. "A��es deste tipo enviam um sinal negativo aos mercados sobre o clima de neg�cios para investir na Bol�via. Confiamos que as autoridades bolivianas cumpram com seus compromissos de investimento com a Espanha e garantam uma compensa��o r�pida e adequada depois desta expropria��o", indicou o porta-voz de Com�rcio da Comiss�o Europeia, John Clancy.
A REE informou nesta quarta-feira que a medida boliviana n�o tem um efeito relevante nos neg�cios e nos resultados da empresa. "O aporte da TDE (Transportadora de Eletricidade, filial da REE na Bol�via) aos n�meros de neg�cios do grupo Rede El�trica Corpora��o � de 1,5% e, portanto, n�o tem um efeito relevante nos neg�cios e nos resultados do grupo", afirma a empresa em um comunicado.
Na v�spera, o presidente de Bol�via, Evo Morales, nacionalizou a Transportadora de Eletricidade S.A., gerida pela empresa Rede El�trica Internacional, filial do Grupo Rede El�trica, da Espanha, e ordenou �s For�as Armadas sua ocupa��o.
A TDE foi fundada em 1997 e possui 73% das linhas de transmiss�o, segundo sua p�gina oficial na internet na Bol�via. Cerca de 99,94% de seu capital estava em m�os da Rede El�trica Internacional e 0,06% pertencia aos trabalhadores da empresa, de acordo com a p�gina na web da empresa.
Morales, um descendente ind�gena de tend�ncia esquerdista, tomou a medida em meio de protestos de sindicatos, que exigem um incremento salarial superior aos 8% oferecidos pelo governo. O l�der boliviano j� realizou outras nacionaliza��es no Dia do Trabalho desde que chegou ao poder em janeiro de 2006, para nacionalizar a produ��o de petr�leo, empresas de eletricidade e de fundi��es.
Esta nacionaliza��o acontece duas semanas depois da Argentina expropriar a filial YPF do grupo espanhol Repsol. Apesar das medidas nacionalistas, Morales tem evitado opinar sobre a decis�o argentina de expropriar 51% da petroleira YPF, sob o controle da espanhola Repsol. "� um tema da Argentina e da Espanha", disse ele em recente coletiva de imprensa.
A expropria��o decidida pela presidente argentina Cristina Kirchner "n�o vai nos trazer nenhum problema porque temos uma rela��o de muita confian�a com a Repsol (...). A Repsol, como empresa, respeita todas as normas bolivianas e os investimentos que a Repsol est� fazendo v�o bem", afirmou.
Depois da nacionaliza��o dos hidrocarbonetos bolivianos em 2006 e ap�s �rduas negocia��es, 10 petroleiras estrangeiras, entre elas a Repsol-YPF (que controlava 27% das reservas gas�feras bolivianas), alcan�aram acordos com o governo Morales sobre as novas condi��es para operar na Bol�via.