A atua��o estatal no financiamento das empresas impede que um maior n�mero de companhias busque recursos via abertura de capital na bolsa de valores. A opini�o � do presidente da Associa��o de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha. Segundo ele, estimular um maior n�mero de organiza��es a acessarem o mercado de capitais via uma oferta p�blica inicial de a��es (IPO, na sigla em ingl�s) � o grande desafio do segmento.
"Esse n�mero n�o cresce, pois as empresas instaladas no Brasil n�o precisam abrir capital", disse, explicando que o governo as financia por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). "As companhias n�o precisam ter o trabalho e todo o custo envolvido na abertura de capital se h� uma alternativa de financiamento".
Segundo o superintendente de Rela��es com Investidores do Ita� Unibanco, Geraldo Soares, atualmente, o n�mero de empresas com capital aberto no mercado brasileiro n�o chega a 400. Ele diz ainda que o mercado tem cerca de 600 mil investidores pessoas f�sicas, sendo que, na verdade, apenas perto de 180 mil operam na pr�tica. "� um mercado muito pequeno", disse, ao moderar o debate de abertura do segundo dia do Congresso da Associa��o Nacional dos Analistas e Profissionais de Investimento de Mercado de Capitais (Apimec).
No debate, Cunha criticou o que chama de "ativismo" do governo que, na sua opini�o, inibe o mercado de capitais, que ainda de acordo com suas palavras seria visto como um "centro de jogatina e gente rica" por Bras�lia. Prova disso, segundo ele, � a incid�ncia de alta tributa��o sobre o mercado de capitais, como a taxa��o sobre o ganho de capital (dividendos).
A estrategista da Fator Corretora Lika Takahashi acrescentou que a m�o pesada do governo n�o � uma exclusividade do Brasil e que parte disso ocorreu por causa da crise financeira global.
Para o diretor de renda vari�vel da Bradesco Asset Management (Bram), Herculano Anibal Alves, as perspectivas para o futuro s�o positivas e as empresas devem passar a buscar mais o mercado de capitais para financiar o seu crescimento. "Al�m de algumas companhias n�o conseguirem cr�dito via BNDES, a melhora no cen�rio externo deve trazer novas empresas para a bolsa", justificou.
Tamb�m h� a necessidade, na opini�o de Alves e de outros especialistas que participam do evento da Apimec, de fomentar o mercado interno de investidores para reduzir a depend�ncia do capital externo, como a isen��o para investidores que aplicam menos de R$ 20 mil via fundos de a��es, como ocorre no investimento direto em a��es. E o momento atual �, conforme eles prop�cio em meio � queda dos juros e, consequentemente, menor rentabilidade dos ativos de renda fixa, que j� est� fazendo com que investidores pessoas f�sicas e institucionais (fundos de pens�o, seguradoras etc) diversifiquem suas apostas em troca de um melhor retorno.
O diretor de investimentos da Funda��o Cesp, Jorge Simino, destacou que o comportamento do investidor pessoa f�sica s� ser� mudado com educa��o financeira. "Ainda estamos atrasados neste quesito. Os �rg�os que gravitam no mercado de capitais precisam se debru�ar mais neste tema", avaliou ele. Os executivos tamb�m chamaram a aten��o para a cultura de curto prazo aplicada no Brasil. Rafael Maisonnave, diretor da Tarpon Investimentos, acredita que a revers�o disso se dar� no longo prazo.