Sob press�o do tr�nsito ca�tico e do crescimento desordenado dos grandes centros, os brasileiros passaram a gastar no transporte do dia a dia tanto quanto com a comida consumida dentro e fora de casa e quase tr�s vezes mais do que desembolsam com a sa�de. A locomo��o abocanha 16% da despesa m�dia mensal familiar no pa�s, praticamente o mesmo percentual, de 16,1%, do gasto mais essencial, com os alimentos, e quase o triplo dos 5,9% desembolsados com a sa�de, segundo a Pesquisa de Or�amentos Familiares (POF) de 2008/2009, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Do total de R$ 2.626,31 gastos todo m�s, em m�dia, R$ 419 v�o para o transporte, ao passo que a alimenta��o custa R$ 421. A assist�ncia m�dica fica com pouco mais de R$ 150.
O carro-chefe dos gastos dos brasileiros, no entanto, continua sendo a habita��o, respons�vel por 29,2% da despesa familiar. Esse custo, que inclui alugu�is, tarifas p�blicas, a pr�pria manuten��o do lar, artigos de limpeza e eletrodom�sticos, soma R$ 766, em m�dia, pela POF 2008/2009.
Em linhas gerais, a eleva��o do or�amento familiar � reflexo do crescimento tamb�m recente dos rendimentos no pa�s, observa Luciene Longo, analista do IBGE em Minas Gerais. Para o economista M�rio Rodarte, pesquisador do Centro de Planejamento e Desenvolvimento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas (Face)/UFMG, o empate entre os gastos com transporte e alimenta��o surpreende. “Mostra um problema cr�nico das nossas cidades, que t�m espa�os compactos onde a locomo��o deveria ter baixo custo”, afirma.
Os brasileiros que mais sentiram no bolso a alta do transporte est�o nos extremos da pir�mide social: os empregadores viram as despesas no per�odo analisado pelo IBGE subirem de 20,1% para 22,9%, enquanto os trabalhadores dom�sticos absorveram aumento de 9,5% para 11,9% em 2008/2009. Os empregados dom�sticos sofrem mais, tendo em vista que quase 59% das despesas deles s� pagam alimentos e moradia.