
Travados desde que o governo anunciou alta de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados, em setembro do ano passado, investimentos em novas f�bricas de ve�culos no Brasil v�o sair do papel. O motivo para o fim da queda de bra�o entre governo e montadoras – que j� dura um ano – � o an�ncio do novo regime automotivo nacional, feito ontem pelos ministros do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, Fernando Pimentel; da Fazenda, Guido Mantega; e de Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o, Marco Ant�nio Raupp.
O Programa de Incentivo � Inova��o Tecnol�gica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Ve�culos Automotores, o Inovar Auto, que vai vigorar de 2013 a 2017, prev� redu��o de at� 30 pontos percentuais do IPI sobre ve�culos produzidos por empresas que cumprirem metas de investimentos em produ��o, tecnologia e pesquisa e desenvolvimento (veja quadro). O objetivo, segundo o governo, � criar condi��es de competitividade e incentivar a produ��o de carros mais econ�micos e seguros.
Durante o an�ncio, o ministro Pimentel afirmou que a medida dever� fazer com que Chery, JAC Motors, Nissan e BMW confirmem aportes em novas unidades de produ��o no pa�s somando mais de R$ 5 bilh�es em investimentos. Al�m disso, montadoras asi�ticas do segmento de caminh�es tamb�m podem ser atra�das, o que significa mais R$ 3,5 bilh�es. O presidente da Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, estima que os investimentos do setor passem de R$ 44 bilh�es para R$ 60 bilh�es at� 2015 com a implementa��o das novas regras. O aumento � fruto das exig�ncias de aportes em pesquisa e desenvolvimento somada � chegada de novas montadoras ao pa�s. “Tenho certeza de que todas as montadoras da Anfavea v�o aderir ao novo programa”, garantiu Belini.
Na rota dos novos investimentos, Minas Gerais j� est� na mira do grupo econ�mico indiano Tata. Depois da confirma��o da abertura de uma unidade voltada para tecnologia da informa��o em Belo Horizonte, pode ser viabilizada a instala��o de uma planta em Ribeir�o das Neves, para fabrica��o de ve�culos das marcas Tata Motors e Land Rover. A secret�ria de Desenvolvimento Econ�mico, Dorothea Werneck, confirma negocia��es com o grupo indiano e mant�m em segredo outras empresas interessadas em se instalar em Minas. “Vamos estudar o regime para ter tudo na ponta da l�ngua para conversar com poss�veis investidores”, afirma a secret�ria.
Confirmados
Logo depois do pronunciamento do ministro Pimentel, a JAC Motors se antecipou e confirmou a data do lan�amento da pedra fundamental da f�brica de Cama�ari, na Bahia. A implanta��o havia sido suspensa diante das incertezas geradas desde o aumento da al�quota de IPI para importados. A montadora chinesa confirmou investimento de R$ 900 milh�es para produzir 100 mil carros por ano. A previs�o � de que o complexo seja conclu�do em 2014. “Esse regime est� bem montado, foi negociado para todas as montadoras. Resolve o problema de quem quer investir no Brasil. No caso da JAC Motors, resolve totalmente o nosso problema”, disse o presidente da empresa, S�rgio Habib.
E da Chery tamb�m. Segundo o presidente da empresa no Brasil, Luis Curi, o programa proporciona � montadora a “retomada da normalidade de mercado conquistada antes do an�ncio do aumento de 30 pontos do IPI.” A f�brica chinesa, que ter� investimento de US$ 400 milh�es, deve ficar pronta at� o fim de 2013, quando j� dever� ter cumprido todas as exig�ncias do Inovar Auto, segundo a empresa.
Segundo conselheiro da Sociedade de Engenheiros de Mobilidade (SAE Brasil), Francisco Satkunas, em duas semanas todas as companhias ter�o definido entre vir ou n�o para o Brasil. “Elas queriam conhecer a regra do jogo. Hoje ela est� 90% definida. O restante � negociado caso a caso”, afirma Satkunas.
Efici�ncia � desafio
Atingir os par�metros de efici�ncia energ�tica, foco do novo regime, � o principal desafio do setor, na avalia��o do presidente da Associa��o Nacional de Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. At� 2017, as montadoras interessadas em integrar o Inovar Auto dever�o se comprometer a comercializar ve�culos que consumam 12,08% menos combust�vel que os atuais. Dever�o atingir, portanto, a m�dia de 17,26 quil�metros rodados por litro no caso da gasolina e 11,96 km/l para etanol. Atualmente as m�dias s�o de 14 km/l e 9,71 km/l, respectivamente.
Apesar da economia com o combust�vel, o conselheiro da Sociedade de Engenheiros de Mobilidade (SAE Brasil), Francisco Satkunas, alerta para a possibilidade de se aumentar o custo de produ��o, que certamente ser� repassado para o consumidor. Nos Estados Unidos, a obrigatoriedade de aumentar a efici�ncia energ�tica, chegando ao consumo de um litro de gasolina a cada 22 quil�metros rodados, significou aumento m�dio de US$ 3 mil d�lares no pre�o dos carros. Aqui, o especialista estima que a metade desse montante possa ser incorporada ao valor do autom�vel.
Para Belini, depois de alcan�ar as condi��es para se habilitar no regime, a grande barreira ser� ultrapassar as metas superiores de efici�ncia (de redu��o de 15,46% e 18,84% no consumo at� 2016), para conseguir uma redu��o maior no IPI, que seria de mais 2 pontos percentuais. “Hoje, somos o quarto maior mercado do mundo. Somos o s�timo produtor. � medida que tivermos esse desenvolvimento tecnol�gico teremos uma maior produ��o local. Teremos condi��es de escala e competitividade”, afirmou.
Atualmente, dados do Programa de Etiquetagem do Inmetro revelam que nenhum dos ve�culos que aderiu a etiquetagem volunt�ria se aproxima da meta estipulada pelo governo. Mais econ�mico entre os avaliados, o Fiat Uno Mille Fire Economy faz 15,6 km/l na estrada e atinge m�dia de 12,7 km/l na cidade (veja quadro).
Importados As empresas que n�o puderem investir em plantas industriais no Brasil, estar�o sujeitas a um regime de cotas, considerado um limitador para esse mercado, na avalia��o do diretor financeiro da Associa��o Brasileira das Empresas Importadoras de Ve�culos Automotores (Abeiva), Ricardo Strunz. “Estar� limitado a uma cota de 4,8 mil unidades importadas por ano nos pr�ximos quatro anos, congelando o volume a um n�vel j� reduzido”, lamenta Strunz. (PRF e PT)