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Estado de Minas

Apag�o exp�e n�s do sistema el�trico brasileiro

Tr�s interrup��es no fornecimento de eletricidade em menos de um m�s mostram fragilidade do setor el�trico. Na madrugada de sexta-feira, 11 estados do Nordeste e Norte ficaram sem luz


postado em 27/10/2012 06:00 / atualizado em 27/10/2012 07:03

Apenas o farol dos carros quebrou a escuridão que tomou conta das cidades do Nordeste por mais de uma hora na madrugada de sexta-feira(foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press )
Apenas o farol dos carros quebrou a escurid�o que tomou conta das cidades do Nordeste por mais de uma hora na madrugada de sexta-feira (foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press )


O sistema el�trico brasileiro continua dando sinais de exaust�o. Em outubro, tr�s apag�es de grande propor��o ocorreram no pa�s, dois em Bras�lia, em 4 e 19, e um na madrugada de ontem, atingindo 11 estados do Nordeste e do Norte do pa�s. As falhas exp�em a fragilidade do sistema el�trico brasileiro, que tamb�m est� amarrado por outros tipos de n�s. Especialistas do setor ouvidos pelo Estado de Minas apontam como quest�es que precisam ser resolvidas o alto custo da energia no pa�s, a dificuldade de expans�o da gera��o nas hidrel�tricas, o n�mero excessivo de termel�tricas que encarecem o insumo e contribuem para o aquecimento global, as dificuldades de inser��o da energia de novas fontes geradoras no sistema interligado do pa�s, a falta sistem�tica de planejamento e os problemas tecnol�gicos e regulat�rios.

Nessa sexta-feira, o ministro interino de Minas e Energia, M�rcio Zimmermann, admitiu que n�o � normal que falhas no fornecimento ocorram repetidamente no pa�s. “Eventos como esses n�o s�o normais e a coincid�ncia � mais anormal ainda”, disse antes de entrar em reuni�o extraordin�ria do Comit� de Monitoramento do Setor El�trico (CMSE), no Minist�rio de Minas e Energia. O objetivo do encontro foi discutir as causas de queda no fornecimento que afetou, no in�cio da madrugada de ontem, a Regi�o Nordeste do pa�s e parte dos estados do Par� e Tocantins, na Regi�o Norte. “Probabilisticamente essa sequ�ncia de eventos (panes) � imposs�vel de ocorrer. � dif�cil entender como isso pode ocorrer”, completou Zimmerman.

Para atacar os entraves tecnol�gicos do segmento, em agosto o Instituto de Eletrot�cnica e Energia da Universidade de S�o Paulo (USP) elaborou um diagn�stico do sistema el�trico do pa�s. De acordo com Ildo Sauer, diretor do IEE, o sistema el�trico brasileiro passa por uma profunda transforma��o. Inicialmente composto por amplo n�mero de bacias com capacidade de armazenamento plurianual, complementadas por usinas t�rmicas, interconectadas por uma rede de transmiss�o de escala continental, hoje ganhou contornos de sistema h�brido e complexo. � que, ao lado de centrais de elevada pot�ncia, est�o em expans�o novas fontes de energia que s�o intermitentes.

“Trata-se de unidades de porte variado e de gera��o distribu�das conectadas � rede, em v�rios n�veis de tens�o”, diz Sauer. Essa energia vem da co-gera��o, com destaque para o g�s natural e o baga�o de cana, centrais e�licas e fotovoltaicas. “A mudan�a contribui para maior estabilidade do sistema, mas pode produzir perturba��es na rede e exige uma nova vis�o dos crit�rios de despacho e de cargas e manobras”. Outra press�o vem da demanda crescente que faz com que as redes el�tricas sejam mais exigidas em termos de qualidade de energia. “Houve uma altera��o no padr�o dos equipamentos de uso final da eletricidade. Microondas, chuveiros, computadores, l�mpadas com nova tecnologia interferem no sistema de energia porque tudo funciona por onda. Isso gera perturba��es no sistema.”

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Para Cl�udio Salles, presidente do Instituto Acende Brasil, um grandes problemas enfrentados pelo segmento � a necessidade de adicionar, a cada ano, cerca de 4 mil megawatts (MW) ao sistema interligado. “O volume de usinas novas que precisam entrar a cada ano � expressivo e transformou-se num dos calcanhares de Aquiles do setor por causa do rito (lento) no processo de licenciamento ambiental”, explica. De acordo com ele, o Brasil ainda tem um enorme potencial de gera��o hidrel�trica n�o explorada. Apenas 30% da capacidade de gera��o do pa�s � usada.

O potencial hidrel�trico brasileiro � de 250 mil MW. Somente na regi�o amaz�nica s�o 100 mil MW inexplorados. “Hoje, s� 1% do potencial da Amaz�nia foi explorado, sem contar as usinas em constru��o. Isso � um desafio. Al�m dos obst�culos ambientais, tamb�m existe uma inseguran�a jur�dica, que � outro grande n�s do sistema que precisa ser desatado”, sustenta Salles. Al�m dessas quest�es, faltam linhas de transmiss�o para a inser��o da energia de fonte nova no sistema interligado.

Transmiss�o e distribui��o precisam ser melhoradas

Segundo Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de P�s-gradua��o e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe), o insumo produzido nas usinas e�licas, por exemplo, vem enfrentando essa dificuldade. “A transmiss�o e distribui��o de energia precisam melhorar muito. As falhas s�o corrigidas em horas, mas h� um exagero na repeti��o dos apag�es”, afirma. O temor dele � que, com os efeitos da Medida Provis�ria 579, que visa reduzir o pre�o da energia pago pelo consumidor, al�m de renovar as concess�es do setor el�trico nacional, inviabilizem o desenvolvimento tecnol�gico no setor el�trico, cortando quadros competentes nas empresas.

“Falta planejamento s�rio. O conjunto de recursos que o Brasil possui para a gera��o de energia (Pequenas Centrais Hidrel�tricas, g�s natural, baga�o de cana, energia e�lica) � mais do que o suficiente para atender � popula��o, que vai parar de crescer em 2040”, diz Sauer. Na opini�o dele, o desafio � definir uma gest�o eficaz dessa riqueza. Para ele, o setor el�trico nacional convive com uma pulveriza��o de empresas nem sempre experientes no setor, escassez geral de funcion�rios, aquisi��o e controle de qualidade de equipamentos focados principalmente no menor custo de aquisi��o e nas facilidades de libera��o, mantendo atua��o e “autua��es” nas falhas apresentadas.


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