Antes mesmo do an�ncio do fim da Webjet, na sexta-feira, pela Gol, os pre�os das passagens j� tinham decolado, segundo an�lises pr�vias. Ontem, o �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPC), que mede a infla��o no munic�pio de S�o Paulo e calculado pela Funda��o de Pesquisas Econ�micas (Fipe), apontou as tarifas das companhias a�reas como um dos cinco maiores destaques de alta nas �ltimas duas semanas. Elas subiram em m�dia 7,98% e o IPC, 0,64%.
Segundo o coordenador do levantamento, Rafael Costa Lima, passagens a�reas e pacotes de viagem devem seguir pressionando a m�dia geral de pre�os nos pr�ximos meses, favorecidos pela alta temporada. A Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) informa que o pre�o m�dio da tarifa de passagens a�reas nacionais recuou 43% de 2002 a 2011, quando a procura cresceu quase 200%. Mas a tend�ncia a partir deste semestre est� bem diferente, puxada pela varia��o do d�lar e a disparada nos pre�os do querosene de avia��o.

Belo Horizonte foi a capital que registrou a maior eleva��o de pre�o de passagem a�rea no acumulado dos �ltimos 12 meses (a partir de outubro) entre 11 cidades brasileiras. O aumento foi de 23,47%, segundo o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). No m�s passado, a alta foi de 15,52% s� perdendo para Goiana (veja quadro), segundo o instituto.
Entre os motivos que t�m levado ao encarecimento das passagens em voos partindo de Belo Horizonte pode estar uma movimenta��o relacionada ao trabalho do governo de transformar Confins em um hub (ponto de conex�o) nacional. Nesse sentido, fica a d�vida: essa mudan�a pode aumentar os pre�os das tarifas locais? O especialista em avia��o Renato Cl�udio Costa avalia que o fato de a capital estar “no meio do caminho” entre v�rias cidades, como Bras�lia, Rio de Janeiro e S�o Paulo, pode, sim, elevar o pre�o das passagens locais.
“Quem quiser vir para Belo Horizonte pode acabar pagando mais, pois na verdade aqui ser� a cidade de passagem para outras”, diz Costa. “O pre�o da passagem depende da oferta e demanda. “Se os avi�es passarem cheios por aqui, com poucas vagas, o pre�o sobe”, explica.
Para Alessandro Oliveira, professor do Instituto Tecnol�gico da Aeron�utica (ITA), os pre�os das passagens s� n�o alcan�aram altitudes ainda maiores porque as l�deres TAM e Gol n�o est�o completamente sozinhas na briga pelos passageiros. “A absor��o da Webjet fez o mercado avan�ar rumo � concentra��o, mas ainda n�o permitiu a volta do virtual duop�lio de cinco anos atr�s”, observa o economista. Segundo ele, a uni�o de Azul e Trip, juntamente com a Avianca, garantiu o m�nimo de concorr�ncia.
“A terceira e quarta colocadas impedem o poder excessivo das duas primeiras e uma eventual combina��o de pre�os e relaxamento no atendimento � crescente procura. Um equil�brio maior do setor depender� do apetite das competidoras m�dias para crescer”, explica Oliveira. Ele lembra que TAM e Gol j� vinham perdendo participa��o, mesmo com as limita��es t�cnicas e comerciais das outras.
Andr� Castellini, da consultoria Bain & Company, acrescenta que o aumento das passagens � s� um sintoma mais n�tido da sa�da de cena da �nica companhia classificada no modelo de baixas tarifas (low cost, low price) e do qual a Gol fez parte nos seus primeiros anos. Ele prev� mais cortes no total de voos para destinos comuns, com a continuidade da briga entre as duas gigantes do setor, donas de mais de 70% do mercado, a definir a tarifa m�dia. O especialista ressalta o fato de os elevados custos dom�sticos tirarem a margem para as empresas reduzirem os pre�os cobrados do consumidor. A Gol foi procurada para comentar a press�o nos pre�os, mas n�o se manifestou at� o fechamento da edi��o.
Problemas v�m no rastro
O consumidor que n�o planejou mas ainda deseja pegar o avi�o para passar as festas de fim de ano fora da sua cidade vai pagar muito caro e com essas mudan�as pode registrar ainda outros problemas. A dona de casa Solange Barroca de Castro Figueiredo viveu na sexta-feira passada exemplo de situa��o constrangedora no Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, que pode se repetir. Ela mora em Vit�ria (ES) e estava em Belo Horizonte em visita a parentes. Ela tinha comprado a passagem de volta para Vit�ria pela companhia a�rea Azul, com um m�s de anteced�ncia. O hor�rio de partida do voo era perto das 16 horas.
Quatro dias antes, Solange foi comunicada por e-mail que seu voo tinha sido cancelado e precisaria ser remarcado. “Tentei mudar para o mesmo dia pela manh�, �s 8h. Na noite anterior confirmamos que estava correto e eles falaram que eu teria que fazer o check-in pela Trip”, conta. Mas ao chegar ao guich� os atendentes disseram que seu nome n�o estava na lista. “A� me mandaram para a loja da Azul. E com isso o tempo foi passando. E eu tenho problema de joelho e tinha que ficar rodando de um lado para o outro.”
O resultado foi que Solange n�o conseguiu embarcar pela Trip. “Eles me falaram que poderiam me colocar em outro voo ou fazer o reembolso. Me colocaram em voo da TAM �s 10h50, com conex�o em Guarulhos. Fui chegar a Vit�ria �s 17h30, sendo que o programado era para chegar por volta das 9h”, afirma. A Azul Linhas A�reas informou, por meio de nota, que vai entrar em contato com a cliente e apurar os fatos.
Fim das opera��es da Webjet: Gol ter� que reacomodar consumidor
Segundo a Associa��o de Defesa do Consumidor (ProTeste), os pre�os das passagens a�reas j� aumentaram cerca de 23% em agosto, 14% em outubro e de 4% em novembro, inviabilizando a viagem de muitos brasileiros. “Com a chegada das festas de fim de ano esses aumentos v�o impactar diretamente no descanso do consumidor, que agora ter� que avaliar muito bem a viabilidade da sua viagem”, afirma a coordenadora institucional da ProTeste, Maria In�s Dolci.
Segundo a associa��o, apesar da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) afirmar que houve queda no valor das passagens, com a redu��o da concorr�ncia entre as companhias os pre�os foram puxados para cima pelas empresas l�deres de mercado — Gol e TAM. “A diferen�a de tarifas entre essas duas empresas � quase inexistente, mas quando comparada com as menores o pre�o � quase o dobro. Nesse caso, todas tendem a aumentar os pre�os”, observa Maria In�s.
Ela considera que a alta, justificada pelas companhias pelos aumentos nos pre�os dos combust�veis, � desproporcional � situa��o econ�mica que o pa�s vive. Para quem ainda deseja sair de sua cidade no fim de ano, Maria In�s recomenda anteced�ncia e pesquisa antes de comprar. (GC com Priscilla Oliveira)